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LEPTOSPIROSE

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A leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda que é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais infectados pela bactéria Leptospira. Essa bactéria pode contaminar cães, vacas, bois, cavalos e outros animais, mas seu hospedeiro principal são os ratos. Sua penetração ocorre na pele com lesões, pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou por meio de mucosas. O período de incubação, ou seja, intervalo de tempo entre a transmissão da infecção até o início das manifestações dos sinais e sintomas, pode variar de 1 a 30 dias e normalmente ocorre entre 7 a 14 dias após a exposição a situações de risco. 

 

No Brasil, é uma doença endêmica e se torna epidêmica em períodos chuvosos, principalmente nas capitais e nas regiões metropolitanas, devido às enchentes associadas à aglomeração populacional de baixa renda, condições inadequadas de saneamento e alta infestação de roedores infectados. 

 

Ciclo de transmissão da leptospirose

 

Algumas ocupações facilitam o contato com as leptospiras, como trabalhadores em limpeza e desentupimento de esgotos, garis, catadores de lixo, agricultores, veterinários, tratadores de animais, pescadores, magarefes, laboratoristas, militares e bombeiros, entre outras.

 

Manifestações clínicas

Os sintomas clínicos podem abranger desde casos assintomáticos e subclínicos até quadros graves, relacionados a manifestações fulminantes. Esses sintomas são divididos em duas etapas distintas: fase precoce e fase tardia.

 

Os sintomas mais comuns na fase precoce são:

  • Febre
  • Dor de cabeça
  • Dor muscular, principalmente nas panturrilhas
  • Falta de apetite
  • Náuseas/vômitos
Importante: Diarreia, dor nas articulações, vermelhidão ou hemorragia conjuntival, fotofobia, dor ocular e tosse podem ocorrer na fase precoce e mais raramente, exantema, aumento do fígado/baço, aumento de linfonodos e Sufusão conjuntival.

 

Em aproximadamente 15% dos pacientes diagnosticados com leptospirose, há uma progressão para manifestações clínicas graves, que geralmente começam a se aparecer após a primeira semana de doença. 

 

Manifestações na fase tardia:

  •  Síndrome de Weil - tríade de icterícia rubínica (intensa coloração alaranjada da pele e olhos), insuficiência renal e hemorragias;
  •  Síndrome de hemorragia pulmonar - lesão pulmonar aguda e sangramento maciço;
  •  Comprometimento pulmonar - tosse seca, dispneia, expectoração hemoptoica;
  •  Síndrome da angustia respiratória aguda – SARA;
  •  Manifestações hemorrágicas – pulmonar, pele, mucosas, órgãos e sistema nervoso central.

 

Caso você apresente alguns desses sintomas, procure atendimento médico imediatamente! É muito importante informar aos profissionais de saúde caso tenha entrado em contato com água ou lama de enchente.  VEJA AQUI o centro de saúde mais próximo.

 

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico específico é feito a partir da coleta de sangue no qual será verificado se há presença de anticorpos para leptospirose (exame indireto) ou a presença da bactéria (exame direto). Esses exames são realizados pela FUNED.


A leptospirose é uma doença que pode ser tratada com sucesso, e o tratamento envolve o uso de antibióticos, que devem ser iniciados assim que houver suspeita da doença. 


No caso de manifestações leves, o paciente pode receber atendimento ambulatorial, mas, mas em situações graves, a hospitalização é necessária imediatamente, a fim de prevenir complicações e reduzir a taxa de letalidade.

 

A automedicação não é indicada. Ao suspeitar da doença, a recomendação é procurar um serviço de saúde e informar qualquer exposição de risco que possa ter ocorrido. VEJA AQUI o centro de saúde mais próximo.

 

Prevenção

As estratégias de prevenção e controle devem ser direcionadas a diferentes áreas, abrangendo os reservatórios, como roedores e outros animais, melhorando as condições de proteção para trabalhadores expostos e a higiene sanitária da população. A melhoria da infraestrutura sanitária é essencial neste processo.
Além disso, é importante adotar medidas corretivas para o ambiente, reduzindo sua capacidade para abrigar e propagar roedores. Deve-se definir as áreas de risco (inundáveis, com vulnerabilidade social, com pouca infraestrutura sanitária, grande incidência de roedores) e realizar ações especiais e programadas nestes locais.

 

Em relação à agua destinada para consumo humano, é essencial assegurar que ela seja de qualidade. Isso pode ser alcançado por meio da utilização de água potável, filtrada, fervida ou clorada, principalmente em situações de enchentes, onde ocorrem frequentes rupturas nas redes de abastecimento.

 

A lama resultante de enchentes apresenta um alto potencial de contaminação e tende a aderir a móveis, paredes e ao chão. É altamente recomendável remover essa lama usando sempre luvas e botas de borracha como proteção. Após a remoção, é aconselhável lavar a área afetada e, em seguida, desinfetá-la utilizando uma solução de hipoclorito de sódio a 2,5%. A proporção recomendada é de duas xícaras de chá (equivalente a 400 mL) de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada 20 litros de água. Essa solução deve ser aplicada nas áreas contaminadas pela lama e deixada agir por 15 minutos.

 

É fundamental evitar o contato com água ou lama proveniente de enchentes e tomar medidas para impedir que crianças nadem ou brinquem nessas águas. Para aqueles envolvidos na limpeza de lama, remoção de entulhos e desentupimento de esgoto, é essencial o uso de botas e luvas de borracha ou alternativamente, sacos plásticos duplos nas mãos e nos pés.

 

No que diz respeito ao controle de roedores, deve-se trabalhar de duas maneiras: por meio de medidas preventivas e corretivas, como adotar práticas como acondicionamento adequado e a eliminação correta do lixo, armazenar alimentos de forma apropriada, não deixar alimentos e ração de animais expostos, desinfetar e vedar caixas d´água, bem como fechar frestas e aberturas em portas e paredes (antiratização). O uso de raticidas (desratização) deve ser feito por profissionais devidamente treinados e capacitados, após avaliação da necessidade. 

 

Ações de controle da PBH

  • Definição de áreas de risco, vulnerabilidade social, grande incidência de roedores - essas áreas entram em ações programadas (pelo menos duas vezes ao ano é feito controle de roedores nestas áreas, ação que pode ser em conjunto com a SLU - que faz a capina de beira de córregos) e especiais (todos os anos, equipe multidisciplinar - SLU, Defesa Civil, Zoonoses, Vigilância Sanitária- faz a sensibilização nas áreas com risco de enchentes/inundação, por parte da zoonoses alertamos o risco de transmissão de leptospirose, sintomas e o que fazer).
  • Serviço controle de roedores pelo 156 ou portal de serviços, podem solicitar vistoria no imóvel, para orientações e manejo ambiental (antiratização) e se necessário, uso de veneno (desratização)
  • Investigação ambiental dos casos suspeitos e confirmados para Leptospirose. Também são passadas orientações neste momento e se necessário, uso de veneno.

Trabalho educativo com a população, principalmente pelos ACEs. 

 

Nota Técnica 09/2023 - CIEVS/GVIGE/DPSV/GAFIE/DIAS - Leptospirose: clínica, epidemiologia, tratamento e prevenção