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Hanseníase

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A Hanseníase é doença infecciosa, crônica, de grande importância para a saúde pública, devido sua magnitude e potencial incapacitante.

1- Qual o agente causador?
É causada pelo bacilo de Hansen, que tem predileção pela pele e nervos periféricos.

2- Como ela é transmitida?
A transmissão ocorre pela via respiratória, através de gotículas expelidas pela fala, espirro ou tosse, por pessoas que estejam doentes e que não tenham iniciado o tratamento. Porém, a maioria das pessoas possui resistência natural a manifestar a doença.
NÃO ocorre transmissão através: 

• De copos, pratos, talheres, portanto não há necessidade de separar utensílios domésticos da pessoa com hanseníase;
• Assentos, como cadeiras e bancos;
• Aperto de mão, abraço, beijo e contatos rápidos em transporte coletivo ou serviços de saúde;
• Picada de inseto;
• Relação sexual;
• Aleitamento materno;
• Doação de sangue.

3- Quem transmite a doença?
Pessoas que apresentem a doença na forma multibacilar (que possuam muitos bacilos) e que não estejam em tratamento. Logo após início do tratamento não ocorre mais transmissão (desde que ele não seja interrompido).

4- Quanto tempo demora entre a infecção e a manifestação dos sinais e sintomas?
Este tempo, chamado período de incubação, é prolongado, variando de 01 a 20 anos, ou mais. Média de 05 anos.

5- Quais são os sinais e sintomas?
O sinal inicial mais comum é mancha clara ou avermelhada, sem limites nítidos, geralmente com alteração de sensibilidade. Nesta fase ainda não há espessamento de nervos e potencial incapacitante.
Posteriormente, pode evoluir com delimitação e elevação das bordas e com espessamento dos nervos. 
A primeira manifestação pode ser também através de caroços, que podem ser dolorosos ou espessamento e vermelhidão da pele (reações hansênicas); áreas da pele ressecadas e sem suor ou alterações apenas nos nervos periféricos.
Nas formas mais avançadas, ocorre perda das sombrancelhas, entupimento do nariz, com feridas na mucosa nasal, perdas ósseas, alterações musculares, articulares e sensitivas ocasionadas pelo dano neural. Úlceras podem se desenvolver também pelo dano ao nervo, quando se perde a sensibilidade ao calor, dor e toque (“queima e não sente”, “pé anestesiado”).
Pode ocorrer diminuição ou perda da acuidade visual. 

6- Como a hanseníase é diagnosticada?
O diagnóstico é geralmente baseado na história clínica e epidemiológica e no exame físico. O teste de sensibilidade e a baciloscopia são os exames auxiliares mais úteis.

7- Como a hanseníase é classificada?
Para fins de tratamento, ela é classificada em paucibacilar (até 05 lesões, com carga bacilar baixa) ou multibacilar (com mais de 05 lesões, carga bacilar alta).

8- Como é o tratamento?
O tratamento é realizado com medicamentos administrados por via oral e totalmente gratuito. Tem a duração de 6 meses para os casos paucibacilares e 12 meses para os casos multibacilares.

9- Onde é realizado o tratamento?
O tratamento é realizado nos centros de saúde e centros de referência em hanseníase, quando necessário. Os casos mais complexos ou com necessidade de exames mais específicos são encaminhados para os serviços de referência.

10- Como prevenir incapacidades?
• Diagnóstico precoce
• Tratamento adequado
• Técnicas de Prevenção de Incapacidade (autocuidado e exercícios)
• Exame dos Contatos
• Uso da BCG (para os casos indicados)

11- Existe vacina?
Não existe vacina específica. A BCG protege as pessoas que conviveram, com proximidade, com a pessoa com hanseníase, antes do diagnóstico e tratamento, de desenvolverem as formas mais graves da doença. Porém, ela somente pode ser administrada em quem não está com a doença, ou seja, após exame no serviço médico.

12- Por que ainda existe preconceito em relação à hanseníase?
Na antiguidade, a hanseníase já era relatada com grande desfiguração do corpo e relacionada com crenças místicas. Na década de 80, com o advento de combinação de medicamentos mais eficazes, tornou-se mais fácil a cura da hanseníase.
O preconceito que ainda existe é geralmente causado por falta de informação, já que somente os pacientes que não estão em tratamento transmitem a doença. 
Quanto mais cedo o diagnóstico menor a chance do desenvolvimento de incapacidades físicas.

Fontes Bibliográficas:
TALHARI, S, Neves RG,Penna GO,Oliveira MLW, Hanseníase. 5ªed. Dilivros.2015

DUPREE, Nádia Cristina- Efetividade do BCG-ID em Comunicantes de Pacientes com as Formas Multibacilares da Hanseníase. Rio de Janeiro, FIOCRUZ, ENSP, Escola Nacional de Saúde Pública,1998. Tese: Mestre em Saúde Pública

P.A.M. Schreuder et al. Epidemiologic trends for the 21st century. Clinics in Dermatology, (2016), 34, 24–31