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Esporotricose zoonótica

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A esporotricose está incluída no grupo das micoses subcutâneas, sendo causada por fungos do gênero Sporothrix, encontrados comumente no solo, substrato de plantas e vegetais, árvores e materiais em decomposição. A partir da segunda metade da década de 1990 os gatos, acometidos pelo fungo, em especial no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul passaram a fazer parte do ciclo de transmissão da doença. Atualmente está em processo de endemização na maior parte do país, onde ainda não é de notificação obrigatória. No estado de Minas tornou-se compulsória a notificação em dezembro de 2018, assim como em outros estados e alguns municípios nacionais.

 

Transmissão

Pode ocorrer por meio da forma clássica, com a implantação do fungo termodimórfico, em sua na forma micelial, na pele, por meio de trauma decorrente de acidentes com espinhos, palha ou lascas de madeira; contato com vegetais em decomposição.


A grande maioria dos casos da atualidade decorrem da transmissão zoonótica a partir de arranhaduras, mordeduras ou contato direto com lesões ulceradas de gatos. Os gatos albergam grande número de células fúngicas leveduriformes que podem ser transferidas de um animal para outro ou para seres humanos. Essa forma de transmissão é altamente facilitada pelo comportamento semi-domiciliado dos felinos.


Essa zoonose adquire importância epidemiológica, na medida em que é transmitida por animais que vivem dentro das residências, em estreita relação com o ser humano.


FIQUE ALERTA!

Para evitar a transmissão da doença em humanos, recomenda-se cuidado na abordagem de gatos, principalmente se forem desconhecidos e estiverem com lesões.


Se visualizar animais com feridas (muitas vezes no rosto, ao redor do nariz, nas patas e ou na cauda - figura 1) avise o serviço de controle de zoonoses de sua Regional. Este animal está em sofrimento e pode ser fonte de infecção para outros animais.

 

Sinais clínicos

Em humanos

As formas clínicas da esporotricose podem ser divididas em duas categorias principais: cutâneas e extracutâneas (figura 2), sendo variáveis e relacionadas ao estado imune do hospedeiro, à quantidade e à profundidade do inóculo fúngico, à patogenicidade e à termotolerância da cepa.


Em caso de acometimento de órgãos internos, por exemplo, quando o fungo afeta os pulmões, pode surgir tosse, falta de ar, dor ao respirar e febre, assemelhando-se aos sintomas da tuberculose. Também pode afetar os ossos e articulações, manifestando-se com inchaço e dor aos movimentos, bastante semelhante aos de uma artrite infecciosa. As formas clínicas da doença vão depender de fatores, como o estado imunológico do indivíduo e a profundidade da lesão. O período de incubação varia de uma semana a um mês, podendo chegar a seis meses após a entrada do fungo no organismo.

 

Figura 1: Lesões de esporotricose animal em humanos.
Figura 1: Lesões de esporotricose animal em humanos. Fonte: Fonte: CCZ e DIZO/SMSA/PBH

 

Em gatos

Podem apresentar desde formas subclínicas até a forma disseminada sistêmica. Lesões cutâneas são consideradas o principal sinal clínico em gatos com predominância de nódulos e úlceras. Pode ser observada lesão única ou múltiplas lesões ulceradas, com ou sem exsudato, principalmente na região da cabeça, cauda e patas. Ocorre ainda envolvimento de mucosas, especialmente as do trato respiratório, com aumento de volume da região nasal, espirros e secreção, em concomitante ou não às lesões cutâneas.

 

Lesões de esporotricose em gatos
Figura 2: Lesões de esporotricose animal em gatos. Fonte: CCZ e DIZO/SMSA/PBH

 

Em cães

A infecção normalmente se restringe à pele e ao tecido subcutâneo, sem acometimento sistêmico, não sendo considerado ainda um animal com importância na epidemiologia da doença.

 

Diagnóstico

Em humanos

O diagnóstico da esporotricose é realizado por meio da associação entre a suspeita clínica, dados epidemiológicos e exames laboratoriais. O relato de contato com felinos diagnosticados com esporotricose é uma informação epidemiológica muito importante. Os níveis de evidência para o diagnóstico humano variam de acordo com os achados da anamnese até a realização de teste laboratorial específico.

 

Em animais

O diagnóstico deve ser, preferencialmente, realizado por métodos laboratoriais específicos. Como o gato tem grande quantidade de fungos nas lesões, o diagnóstico citológico é possível e muito utilizado. Em casos negativos à citologia, a cultura é o teste de referência.

 

Tratamento

Em humanos

A doença não é considerada grave e tem tratamento disponibilizado gratuitamente. Após avaliação clínica, realizada nos Centros de Saúde do município, o tratamento deve ser iniciado o mais rapidamente possível e sua duração pode variar, em média, de três a seis meses até a cura completa. Toda a orientação e acompanhamento médico necessários estão disponíveis na rede SUS BH.

 

Em animais

O tratamento da esporotricose em animais é possível e recomendável. Considerando que o gato é o principal reservatório e vetor da esporotricose zoonótica, controlar a doença nesses animais é fundamental para reduzir a transmissão do agente e a contaminação ambiental. Essa ação faz parte da guarda responsável e é uma medida única de saúde.

 

Em Belo Horizonte, o tratamento para a esporotricose em animais é realizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, no Complexo Público Veterinário (CPV). O acesso ao tratamento é facilitado com o diagnóstico ou suspeita prévia e encaminhamento por médicos veterinários. Além dos médicos veterinários da Prefeitura de Belo Horizonte, qualquer médico veterinário pode referenciar animais residentes no município.

 

A notificação de casos de animais (gatos ou cães) suspeitos ou confirmados para esporotricose é muito importante para que possamos desenvolver atividades de prevenção e controle, incluindo a coleta domiciliar de amostra para diagnóstico laboratorial. Animais com resultado positivo são encaminhados para o CPV. Você pode notificar casos suspeitos ou confirmados acessando a FICHA DE INVESTIGAÇÃO DA ESPOROTRICOSE ANIMAL. 

Após preenchê-la, envie para o e-mail dizo@pbh.gov.br colocando no assunto do e-mail: Notificação de esporotricose animal. 
Não se esqueça de preencher na ficha o endereço completo e contato telefônico do responsável pelo animal, para entramos em contato.

 

O tratamento da doença no CPV é gratuito e inclui o acompanhamento do animal com consultas periódicas, fornecimento de medicamentos e realização de exames, se necessário. VEJA AQUI mais informações sobre o serviço.

 

O medicamento prescrito deve dado ao animal na primeira refeição do dia, após jejum noturno, com alimentos úmidos como sachês ou patês (sempre seguindo a dosagem recomendada pelo veterinário). Desta forma, o medicamento é melhor absorvido e acidentes são evitados. O tratamento deve ser acompanhado pelo médico veterinário até a cura completa, que ocorre em até dois meses após o fechamento das feridas.

 

É importante isolar o animal durante todo este período mantendo as medidas de higiene e limpeza para evitar a disseminação do fungo no ambiente, reinfecções e infecções de outros gatos, cães e pessoas.

 

Para evitar a esporotricose e outras doenças, ou mesmo acidentes, é altamente recomendado restringir o acesso do animal à rua durante toda a sua vida.

 

Prevenção e controle

A principal medida de prevenção e controle a ser tomada é evitar a exposição direta ao fungo, seja para os homens ou animais. Para os homens deve-se evitar o contato ou usar EPI adequado quando necessário o manuseio de animais desconhecidos ou suspeitos/doentes.


Também é importante usar luvas e roupas de mangas longas em atividades que envolvam o manuseio de material proveniente do solo e plantas, bem como o uso de calçados em trabalhos rurais. Além disso, a correta higienização do ambiente (limpeza e desinfecção) pode ajudar a reduzir a quantidade de fungos dispersos e, assim, evitar novas contaminações.


A principal forma de prevenção entre os animais é evitar que saiam de casa livremente, evitando que contraiam esta ou outras doenças e as transmitam, tanto para humanos como para outros animais. Animais sadios devem ser castrados, o que restringe a saída para a ronda, briga por fêmeas e por território.


Se o animal de estimação apresentar a doença, deve ser isolado e receber o tratamento indicado pelo médico veterinário, não devendo ser abandonado, maltratado ou sacrificado. Caso o animal morra, seu corpo deverá ser incinerado e não jogado no lixo, nem deixado ou enterrado em terrenos baldios, pois a contaminação do solo irá manter o ciclo da doença. O serviço de controle de zoonoses deve ser acionado para o recolhimento e incineração, que é destino correto do cadáver nesta situação.

 

Dicas úteis

  • A Prefeitura de Belo Horizonte disponibiliza exames laboratoriais gratuitos para diagnóstico da esporotricose animal. Se seu gato estiver com algum sintoma (feridas na pele, aumento do tamanho do nariz, espirros) você pode fazer o exame na PBH. Ligue para sua regional ou procure o Centro de Saúde mais próximo da sua casa. VEJA AQUI a lista completa.
  • Se a doença for confirmada, seu animal pode e deve ser tratado, esta atitude faz parte da guarda responsável. Consulte seu veterinário de confiança para realizar o tratamento corretamente ou procure o Hospital Público Veterinário de Belo Horizonte.
  • Castre seu animal. Gatos castrados tendem a sair menos de casa, a brigar menos por disputa de território e por fêmeas. O próprio coito dos gatos pode ser uma importante forma de transmissão, pois o macho prende as unhas na fêmea e pode mordê-la durante a cruza. Além disso você evitará crias indesejadas. A PBH oferece castração gratuita de cães e gatos. VEJA AQUI mais informações.
  • Mantenha a saúde de seu animal em dia. O controle parasitário pode reduzir a chance de desenvolvimento da doença, pois o animal estará mais saudável e forte. Assim como a realização anual da vacina antirrábica e vacinas espécies-específicas. A vacina contra raiva é disponibilizada pelo SUS o ano todo. VEJA AQUI os pontos de vacinação.
  • E lembre-se! Acidentes com animais devem ser monitorados para vigilância da raiva. Procure o Centro de Saúde mais próximo de sua casa em caso de agressão animal (unhada, mordida ou contato de secreção com mucosas). CLIQUE AQUI e saiba mais sobre as ações de vigilância da raiva.
  • Se seu animal suspeito ou doente de esporotricose vier a morrer, não o enterre. Acione o serviço de controle de zoonoses de sua regional para o recolhimento e incineração do cadáver. O animal enterrado será uma importante fonte de contaminação do solo com o fungo causador da doença.
  • Se visualizar animais com feridas (muitas vezes no rosto, ao redor do nariz, nas patas ou na cauda) avise o serviço de controle de zoonoses de sua regional. Este animal está em sofrimento e pode ser fonte de infecção para outros animais.

 

Gerência de Zoonoses

  • Barreiro (GERZO-B)
    Av. Olinto Meireles, 327 - Bairro das Indústrias
    3277-5920
  • Centro-Sul (GERZO-CS)
    R. Pernambuco, 237 - Funcionários
    3277-6357
  • Leste (GERZO-L)
    R. Salinas, 1.447 - Santa Tereza
    3277-4313
  • Nordeste (GERZO-NE)
    R. Ilacir Pereira Lima, 578 - Silveira
    3277-6226
  • Noroeste (GERZO-NO)
    R. Peçanha,144, 4º andar - Carlos Prates
    3277-7648
  • Norte (GERZO-N)
    R. Pastor Muryllo Cassete, 85- São Bernardo
    3277-7410
  • Oeste (GERZO-O)
    Av. Silva Lobo, 1.280, 5º andar - Nova Granada
    3277-6853  
  • Pampulha (GERZO-P)
    Av. Antônio Carlos, 7.596 - São Luís
    3277-7968
  • Venda Nova (GERZO-VN)
    Av. Vilarinho, 1.300, 2º andar, Shopping Norte - Parque São Pedro
    3277-5446


Centro de Controle de Zoonoses (CCZ)

Rua Edna Quintel, 173 - São Bernardo
98447-2941 / 98372-1785 / 98449-2165 / 3277-7411 / 3277-7413
Horário de funcionamento: das 8h às 17h

 

Complexo Público Veterinário

Rua Pedro Bizzotto, 230 - Madre Gertrudes
Horário de funcionamento: das 8h às 18h

 

 

Acesse o material abaixo para mais informações:


Nota Técnica Conjunta GAFIE/GVIGE Nº 01/2023 - Fornecimento de Itraconazol 100mg a portadores de micoses sistêmicas, subcutâneas e de implantação, endêmicas e oportunistas sistêmicas a não portadores de HIV/AIDS

Ficha de Investigação de Esporotricose