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RAIVA

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A raiva é uma doença infecciosa viral aguda que pode ser transmitida ao homem pelas secreções do animal infectado, principalmente por mordidas, arranhões e lambidas. Após a contaminação, o vírus causa uma encefalite - inflamação do cérebro -  progressiva e aguda, que na maioria dos casos leva a óbito. Apesar de ser conhecida desde a antiguidade, é considerada um problema de saúde pública.

 

Como é transmitida?

Apenas os mamíferos transmitem e são acometidos pelo vírus da raiva. No Brasil, o morcego é o principal responsável pela manutenção da cadeia silvestre, enquanto o cão é o principal transmissor em área urbana. Como medida de prevenção, a vacinação de cães e gatos deve ser realizada todos os anos para impedir que o vírus que circula nos animais alcance a população humana.

 

 

Onde conseguir atendimento?

Em casos de acidente com animais potencialmente transmissores da raiva, a vítima deve ser direcionada ao centro de saúde mais próximo para iniciar o Programa de Profilaxia da Raiva Humana. Após avaliação, se necessário, o usuário será encaminhado para a unidade de referência de vacinação antirrábica da região e, em casos de aplicação de soro ou imunoglobulina antirrábica, deve ser conduzido ao Hospital João XXIII.

 

É importante destacar que a responsabilidade de preenchimento da ficha do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e pela notificação é da unidade de saúde que realizar o primeiro atendimento.


PROFISSIONAL DA SAÚDE: baixe AQUI a ficha de acompanhamento da agressão animal 

 

 

Raiva em Belo Horizonte

Em Belo Horizonte, não são registrados casos de raiva humana desde 1984. No entanto, após 34 anos sem ocorrência de raiva canina e felina, foram confirmados, em dezembro de 2021, um caso de raiva em gato na região da Pampulha e, em maio de 2022, um cão na região Noroeste. É importante destacar que, desde 2004, verifica-se significativo aumento de morcegos positivos para o vírus rábico nas diversas regiões do município. Todos os exemplares identificados em Belo Horizonte, até o momento, são de hábitos frugívoros (que se alimentam de frutas) ou insetívoros (que se alimentam de insetos). Nas áreas urbanas, a presença do vírus da raiva em morcegos constitui um risco potencial de aumento da doença, considerando a proximidade entre esses animais, o homem e os animais domésticos (cão e gato).

 

Nos últimos anos, tem chamado atenção o aumento da população de felinos no município, com colônias estabelecidas em Parques e outras áreas públicas. A presença abundante dos gatos domésticos, com hábitos de caça, somada à presença de morcegos positivos para a raiva, demonstra um vínculo complexo dos ciclos urbano e aéreo de transmissão da raiva, indicando a necessidade de ações de controle permanentes. Sendo assim, para que não ocorram casos de raiva humana ou animal, tem sido necessário a realização rotineira de várias medidas preventivas.

 

O tratamento profilático humano é feito com soro e/ou vacina, e o número de doses indicadas pelo médico vai variar de acordo com o tipo de exposição e a espécie do animal agressor. Todas as pessoas envolvidas em agressões de animais transmissores devem procurar o serviço de saúde o mais breve possível. Além disso, é necessário realizar o tratamento completo para que a pessoa se torne totalmente protegida. Os casos de acidentes com morcegos são sempre considerados graves, e além da vacina, é necessária a aplicação do soro antirrábico.

 

No programa de Raiva, os dados epidemiológicos são essenciais tanto para os profissionais de saúde quanto para os médicos veterinários, para que seja tomada a decisão de profilaxia pós-exposição em tempo oportuno, medidas de bloqueio de foco e controle animal. Assim, a integração entre assistência médica e as vigilâncias epidemiológica e ambiental é imprescindível para a prevenção e monitoramento dessa zoonose.

 

 

Veja abaixo informações mais detalhadas de interesse de estudantes, universitários, acadêmicos, pesquisadores e profissionais da saúde.

 

Ciclo de Transmissão da Raiva

A transmissão ocorre quando o vírus contido na saliva e secreções do animal infectado penetra no tecido, principalmente através de mordedura e, mais raramente, pela arranhadura e lambedura de mucosas e/ou pele lesionada. Em seguida, multiplica-se e atinge o sistema nervoso periférico e migra para o Sistema Nervoso Central,  disseminando-se para vários órgãos e glândulas salivares, onde também se replica e é eliminado na saliva das pessoas ou animais infectados.

 

Os caninos e felinos constituem as principais fontes de infecção nas áreas urbanas. Os quirópteros (morcegos) são os responsáveis pela manutenção da cadeia silvestre, entretanto, outros mamíferos, como canídeos silvestres (raposas e cachorro do mato), felídeos silvestres (gatos do mato), outros carnívoros silvestres (jaritatacas, mão pelada), marsupiais (gambás e saruês) e primatas (saguis), também apresentam importância epidemiológica nos ciclos enzoóticos da raiva. Na zona rural, a doença afeta animais de produção, como bovinos, equinos e outros (Figura 1).

 

Profilaxia da Raiva Humana

 

Atendimento de pessoas envolvidas em acidente por animal potencialmente transmissor da raiva 

O atendimento antirrábico dentro do Programa de Profilaxia da Raiva Humana deverá ser prestado por todos os centros de saúde da capital e, quando necessário a vacinação, o usuário deverá ser encaminhado para a unidade referência de vacinação antirrábica mais próxima (anexo II). Quando avaliado, a necessidade de aplicação de soro ou imunoglobulina antirrábica, o usuário deverá ser encaminhado ao Hospital João XXIII. A Unidade de Saúde do primeiro atendimento é o responsável pelo preenchimento da ficha do SINAN e pela notificação.

PROFISSIONAL DA SAÚDE: baixe AQUI a ficha de acompanhamento da agressão animal 

 

A profilaxia da raiva humana é feita com o uso de vacinas e soro, quando os indivíduos são expostos ao vírus pela mordedura, lambedura de mucosas ou arranhadura provocada por animais transmissores da raiva. A vacinação não tem contraindicação, devendo ser iniciada o mais breve possível, garantindo o completo esquema de vacinação preconizado.

 

Quanto à definição de profilaxia antirrábica humana em casos de agressões por animais silvestres

Nos casos de agressões por morcegos e outros mamíferos silvestres* (inclusive os domiciliados), o acidente é sempre classificado como grave. A conduta adequada é lavar o local com água e sabão, abundantemente, e iniciar imediatamente o esquema profilático com SAR ou IGHAR e a administração de 4 (quatro) doses de vacina antirrábica nos dias 0, 3, 7 e 14, pela via intramuscular (IM) ou 4 (quatro) doses nos dias 0, 3, 7 e 14 pela via intradérmica (ID).

 

Quanto à definição de profilaxia antirrábica humana em acidentes por animais de produção Animais domésticos de interesse econômico ou de produção

Bovinos, bubalinos, equídeos, caprinos, ovinos, suínos, também são considerados animais de risco para transmissão da raiva. Para avaliar a indicação da profilaxia de pré ou pós-exposição, é importante conhecer o tipo, frequência e grau do contato ou exposição que os tratadores e outros profissionais têm com esses animais e deve-se levar em consideração o risco epidemiológico da doença na localidade. Deve-se verificar a forma de contato se direto ou indireto. Avaliar de forma criteriosa a necessidade de administração do esquema profilático para raiva humana envolvendo animais de produção (anexo I). Será indicado principalmente aos trabalhadores rurais em contato com animais positivos, em especial aqueles que tiveram contato com a mucosa da boca do animal, isto é, tentaram desengasgar o animal. Considerar que os trabalhadores rurais comumente são portadores de lesões de pele.

 

Quanto à definição de profilaxia antirrábica humana em casos de agressões graves por cães ou gatos caso o cão ou gato agressor tenha sinais sugestivos de raiva no momento da agressão, indicar a profilaxia

Se o cão ou gato agressor não apresenta sinais sugestivos de raiva, indicar a observação do animal por 10 dias e não iniciar a profilaxia pós-exposição. Não sendo possível a observação do animal, administrar o esquema indicado (anexo I). Nos cães e gatos, o período de incubação da doença pode variar de alguns dias a anos, mas, em geral, é de cerca de 60 dias. No entanto, a excreção de vírus pela saliva, ou seja, o período em que o animal pode transmitir a doença, só ocorre a partir do final do período de incubação, variando entre 2 e 5 ou mais dias antes do aparecimento dos sinais clínicos, persistindo até sua morte, que normalmente é rápida e ocorre até o quinto dia após o início dos sintomas. Portanto, o animal deve ser observado por 10 dias; se em todo esse período permanecer vivo e saudável, a raiva é descartada e consequentemente não há risco de transmissão do vírus. Se porventura o animal desaparecer, apresentar sinais de raiva ou morrer e o diagnóstico de raiva não puder ser afastado, a profilaxia deve ser iniciada imediatamente.

 

Quanto à definição de profilaxia antirrábica humana Pré exposição para profissionais e acadêmicos

Os profissionais com indicação de vacinação pré-exposição, de acordo com o Guia de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, são:

  • Médicos veterinários
  • Biólogos
  • Profissionais e auxiliares de laboratórios de virologia e anatomopatologia para a raiva
  • Estudantes de medicina veterinária, zootecnia, biologia, agronomia
  • Técnicos em agropecuária e áreas afins
  • Pessoas que atuam na captura, contenção, manejo, coleta de amostras, vacinação, pesquisas, identificação e investigações epidemiológicas em mamíferos domésticos (cão e gato), de produção (bovídeos, equídeos, caprinos, ovinos e suínos) e/ou silvestres (quirópteros, canídeos silvestres, primatas não humanos e outros) de vida livre ou de cativeiro, inclusive funcionários de zoológicos, espeleólogos
  • Guias de ecoturismo
  • Pescadores

Esses profissionais que procurarem o Centro de Saúde referência de sua regional de saúde para vacinação pré-exposição, deverá se identificar apresentando seu registro/identificação profissional. Será administrado as doses conforme protocolo de pré- exposição será orientado pelo centro de saúde quanto a sorologia partir do 14º dia após a 2ª dose o profissional deverá procurar um laboratório da rede privada para a realização da sorologia, no momento a rede pública de Belo Horizonte não disponibiliza a sorologia.

 

Quanto à administração da vacina antirrábica (inativada) na profilaxia pré e pós-exposição

>> Pré-exposição (PrEP)

  • Via Intradérmica (ID):

          - Esquema vacinal: 2 (duas) doses, nos dias 0 e 7

          - Volume da dose: 0,2mL. O volume da dose deve ser dividido em duas aplicações de 0,1mL cada e administradas em dois sítios distintos, independente da apresentação da vacina, seja 0,5 mL ou 1,0 mL (dependendo do laboratório produtor)

          - Local de aplicação: antebraço ou na região de delimitação do músculo deltoide

 

  •  Via Intramuscular (IM)

    Esquema vacinal: 2 (duas) doses, nos dias 0 e 7

    Dose total: 0,5mL ou 1,0 mL (dependendo do laboratório produtor). Administrar todo o volume do frasco

    Local de aplicação: no músculo deltoide ou vasto lateral da coxa em crianças menores de 2 (dois) anos. Não aplicar no glúteo.

 


 

>> Pós-exposição (PEP)

  • Via Intradérmica (ID)

    Esquema vacinal: 4 (quatro) doses, nos dias 0, 3, 7 e 14

    Volume da dose: 0,2mL. O volume da dose deve ser dividido em duas aplicações de 0,1mL cada e administradas em dois sítios distintos, independente da apresentação da vacina, seja 0,5 mL ou 1,0 mL (dependendo do laboratório produtor).

    Local de aplicação: antebraço ou na região de delimitação do músculo deltoide.

 

  • Via Intramuscular (IM)

     Esquema vacinal: 4 (quatro) doses, nos dias 0, 3, 7 e 14

     Dose total: 0,5mL ou 1,0 mL (dependendo do laboratório produtor). Administrar todo o volume do frasco.

     Local de aplicação: no músculo deltoide ou vasto lateral da coxa em crianças menores de 2 (dois) anos. Não aplicar no glúteo.

 

Orientações de como proceder após sofrer acidente com animal potencial transmissor da raiva, seja mordedura, arranhadura e/ou lambedura

 

  • Lavar muito bem o local com água corrente e sabão.
  • Procurar o centro de saúde mais próximo e informar o ocorrido com o máximo de dados possíveis sobre as condições do acidente e sobre o animal.
  • Quando indicado tomar a vacina, o soro e a vacina ou somente fazer a observação do animal (cães e gatos). Seguir rigorosamente a indicação médica.
  • Se a ocorrência for em finais-de-semana e/ou feriados, procurar o Centro de Referência em Imunobiológicos Especiais (CRIE), localizado à Rua Paraíba, 890, Savassi (funcionamento das 8h às 12h e 14h às 18h). Após o atendimento inicial, as doses subsequentes programadas para os dias úteis serão administradas no Centro de Saúde de referência do usuário.
  • Receber os profissionais do serviço de controle de zoonoses para acompanhamento da observação do animal (cão e/ou gato), caso o mesmo seja domiciliado. 
  •  Acompanhar a observação do animal (se domiciliado) e qualquer alteração de comportamento, sumiço ou morte comunicar imediatamente ao Centro de Saúde ou a Gerência de Zoonoses de referência.
  • Se o animal agressor não for seu, de familiares ou conhecidos, auxiliar na localização do endereço. Se forem cães e/ou gatos semidomiciliados, fornecer alguma informação que favoreça a busca pela equipe de controle de zoonoses.
  • Se agressão for por animais errantes (de rua) NÃO há indicação de observação animal. Procurar o centro de saúde mais próximo para prescrição do tratamento profilático humano. Essa mesma orientação é válida para agressões causadas por mamíferos silvestres (morcegos, micos, guaxinins e outros potenciais transmissores).
  •  No caso de aparecimento de morcego voando durante o dia, caído (morto ou vivo) ou encontrado em lugares atípicos, nunca matar ou manipular diretamente o animal. Se possível, isolá-lo com panos, caixas de papelão, balde ou mantê-lo em ambiente fechado para posterior recolhimento/captura por pessoas capacitadas. Nestes casos, comunicar imediatamente às equipes responsáveis.

 

Programa de Vigilância e Controle da Raiva - Ministério da Saúde

 

O Programa de Vigilância e Controle da Raiva preconizado pelo Ministério da Saúde, define as seguintes atividades para o estabelecimento de um sistema eficiente de controle da raiva:

  • Vacinação de cães e gatos
  • Recolhimento/monitoramento de cães errantes
  • Atendimento de pessoas envolvidas em agravos com animais transmissores
  • Observação clínica de animais agressores (cães e gatos)
  • Vigilância Epidemiológica, contemplando, dentre outros, os tópicos:
    - A colheita e envio de material para exames de laboratório
    - Controle de áreas de foco de raiva
  • ​​​​Educação em Saúde
Atividades de Vigilância e Controle da Raiva em Belo Horizonte

 

Vacinação de cães e gatos

O Centro de Controle de Zoonose-CCZ coordena a Campanha Antirrábica Animal no município, sendo o repasse da vacina de responsabilidade do Ministério da Saúde.

  • Campanha antirrábica anual - a Campanha é geralmente realizada no terceiro sábado de setembro, sendo  disponibilizados cerca de 350 postos de vacinação distribuídos nas nove regionais de Belo Horizonte. Cães e gatos podem ser vacinados a partir de 3 meses de idade, gestantes ou não.
  • Postos fixos: a vacina antirrábica animal é disponibilizada durante todo o ano no CCZ e nos 05 Centros de Esterilização de Cães e Gatos (CECG) do município. VEJA AQUI os endereços.
  • Ações especiais de vacinação: a vacinação antirrábica no município também abrange os animais de áreas de bloqueio de foco de raiva, cães errantes recolhidos pelo CCZ, colônias de felinos instaladas em áreas públicas, além de animais envolvidos em projetos especiais de áreas de risco sanitário e/ou vulnerabilidade social, dentre outros.
  • “Projeto Maloca”: Este trabalho está sendo realizado de forma interdisciplinar, envolvendo o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), as Gerências de Zoonoses das regionais (GERZO), os Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e o Consultório na Rua (CR). 
    Um dos principais objetivos do Projeto Maloca é ampliar a vigilância e o controle da raiva por meio da imunização dos animais, uma vez que o município vem apresentando número significativo de morcegos positivos para raiva.
    Além da vacinação antirrábica, são administradas as vacinas espécie-específica, vermífugos, fármacos para o controle de endo e ectoparasitas, além do exame para diagnóstico de leishmaniose visceral canina e a castração.
    O Projeto Maloca, além de contemplar o cuidado e o bem-estar dos animais, extrapola este universo para questões de risco e vulnerabilidade dos tutores que devem ser trabalhadas no campo assistencial pela equipe multiprofissional envolvida no projeto.

 

O censo animal é realizado anualmente. O objetivo do censo é levantar informações sobre a quantidade cães e gatos na cidade. Os dados colhidos servem para direcionar as políticas públicas voltadas à prevenção de diversas zoonoses, tais como o planejamento da Campanha Anual de Vacinação contra a Raiva, manejo populacional e bem-estar animal, inquéritos caninos de leishmaniose visceral, dentre outras.

 

Recolhimento/monitoramento de cães errantes pelo CCZ

Base legal: decreto 5616 de maio de 1987, que em seu art. 216 determina o recolhimento de animais errantes nas vias e logradouros públicos do município.

 

- Desde junho de 2003, por determinação expressa da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente foi encerrado o recolhimento domiciliar de animais, exceto os cães com diagnóstico de leishmaniose visceral;
- São recolhidos e monitorados animais de rua (sem tutor), ou animais envolvidos em agressão a humanos, não passíveis de observação da raiva no ambiente domiciliar. CLIQUE AQUI e solicite o serviço.
-  Não é competência do CCZ o recolhimento e guarda de animais com tutor;
-  O atendimento realizado aos animais que passam pelo CCZ nas condições já elencadas e de acordo com protocolo de trabalho da Unidade é o seguinte: exame clínico realizado por médico veterinário, coleta de sangue para diagnóstico da leishmaniose visceral canina, vacinação antirrábica, controle de ecto/endoparasitas, cirurgia de esterilização e identificação eletrônica (microchip);
- Os animais após os procedimentos realizados são disponibilizados para adoção ou retornam ao ambiente de recolhimento.

 

Atendimento de pessoas envolvidas em agravos com animais

Veja as informações no item: Profilaxia da Raiva Humana.

 

Observação clínica de cães e gatos

Em Belo Horizonte o acompanhamento de animais agressores (cães e gatos) é realizado rotineiramente pelo serviço de controle de zoonoses, conforme protocolo específico e fluxo pré-estabelecido junto às unidades de saúde. Este trabalho é realizado pelos profissionais das Gerências de Zoonoses, sob responsabilidade e supervisão do médico veterinário. A maioria das observações/acompanhamento se dá no ambiente domiciliar, mas não sendo possível, os animais agressores são mantidos e observados em canis do CCZ.

 

Vigilância Laboratorial 

Em Belo Horizonte, o Laboratório de Zoonoses-LZOON/SMSA-BH iniciou as atividades de vigilância da raiva em 1.974, e no ano de 1.976 expandiu o atendimento para os demais municípios do Estado. É referência estadual para diagnóstico da raiva humana e animal, atendendo as áreas da saúde pública e também da agricultura.

Sendo laboratório de referência recebe grande número de amostras para análise, de animais domésticos (cães e gatos) e silvestres, especialmente de quirópteros e primatas não humanos, além de animais de produção (equídeos, bovinos e outros).  

O recebimento de materiais para diagnóstico da raiva pelo LZOON segue fluxos e critérios estabelecidos para a vigilância da doença, no âmbito do município e da Secretaria de Estado da Saúde - SES-MG, em conformidade com as normas técnicas do Ministério da Saúde. 

 

Controle de áreas de foco de raiva

São consideradas área de foco de raiva aquelas onde foram identificados animais infectados pelo vírus rábico. A execução do bloqueio vacinal é realizada conforme normatizações e legislações específicas.

O objetivo é vacinar e revacinar os animais de estimação (cães e gatos) domiciliados para promover estímulo imunológico nos vacinados e a primo vacinação daqueles não vacinados anteriormente.  

 A vacinação em área de foco de raiva deve ser desenvolvida pelo sistema casa a casa, sendo os limites dessa área definidos por meio de levantamento efetuado durante a investigação epidemiológica, considerando a localização e/ou o percurso do animal raivoso, e integrada a outras atividades preconizadas. 

 

Atividades de Vigilância de Quirópteros (morcegos)

A vigilância de quirópteros urbanos de Belo Horizonte foi implantada no ano de 2004, e tem por objetivo realizar ações de recolhimento, identificação de espécie e diagnóstico laboratorial de morcegos com comportamento suspeito de raiva, atendendo a demanda espontânea e complementando a vigilância da doença animal e humana no município.

As ações de vigilância de morcegos englobam as seguintes atividades: 

  • Identificação, quanto à família e espécie, de todos os morcegos recolhidos; 
  • Diagnóstico laboratorial de morcegos suspeitos de raiva para fins de monitoramento da circulação do vírus rábico;
  • Bloqueio de foco: após a confirmação de morcego positivo para raiva é aberto, no prazo de 72 horas, um raio de 300 metros a partir do endereço da ocorrência para realização do bloqueio. O objetivo é vacinar e/ou revacinar contra raiva todos os cães e gatos da área delimitada, orientar a população sobre as medidas preventivas e protetivas da doença, identificar possíveis pessoas e animais (cães e gatos) contatantes de morcegos, intensificar o recolhimento/monitoramento de cães errantes para vacinação antirrábica e busca ativa de animais suspeitos.
  • Georreferenciamento de morcegos positivos das diversas áreas do município;
  • Atividades educativas.

A iniciativa de trabalhos com morcegos vem contribuindo para o controle da raiva e conhecimento da fauna de quirópteros do município. Além disso, incentiva a necessidade de preservação desses animais e de seus abrigos naturais. As ações de monitoramento somadas à intensa e constante divulgação das informações à população vem garantir uma convivência pacífica com estes animais, sem riscos à saúde pública.

 

-  Os morcegos são animais silvestres  e, portanto, protegidos pela lei 5.197 de 03 de janeiro de 1967, que dispõe sobre a proteção à fauna brasileira. 
- Todos os morcegos podem transmitir a raiva, independentemente de seu hábito alimentar. No caso dos morcegos não hematófagos (que não se alimentam de sangue) a transmissão é sempre acidental, por isso nunca se deve tocá-los.
- Qualquer pessoa que tenha entrado em contato morcegos deve procurar atendimento médico imediato para tratamento preventivo contra raiva e acionar o serviço de controle de zoonoses de sua regional.

 

Educação em Saúde

Tem como ferramentas básicas a participação da sociedade e a comunicação social, devendo ser desenvolvida de forma interinstitucional e intersetorial, envolvendo profissionais de diversas áreas de atuação (saúde, agricultura, educação, meio ambiente, dentre outros) além de organizações da sociedade civil-OSC, tutores de animais de estimação, proprietários de animais de produção e a população em geral.  
 
Em Belo Horizonte, atividades educativas para prevenção da raiva são realizadas rotineiramente, integradas ao programa de guarda responsável de animais como processo educativo continuado e o incentivo à esterilização dos animais de estimação (castração).

 

Morcegos: Orientações básicas

Para a vigilância da raiva, devem ser recolhidos animais mortos ou que demonstram comportamentos atípicos, tais como, morcegos caídos no chão ou encontrados em locais incomuns, pendurados em troncos de árvores, muros, concertinas e telas de janelas. VEJA AQUI mais informações sobre Vigilância e Controle de Morcegos.

 

morcego frugívoro e morcego nectarívoro
Artibeus lituratus - morcego frugívoro, à esquerda. Glossophaga soricina - morcego nectarívoro, à direita. Fonte: Guia para convivência com morcegos - Instituto
Butantan e Márcio Heitor Stelmo da Silva.

 

MATERIAL EDUCATIVO

Flyer - O que você precisa saber cobre morcegos urbanos? - 2021

Perguntas Frequentes

1. O que é raiva?
A raiva é uma doença grave, que atinge o homem, animais domésticos e silvestres, afetando o sistema nervoso. É causada por um vírus, levando ao óbito quase 100% das pessoas acometidas. 


2. Como as pessoas contraem a raiva?
A doença é transmitida ao homem principalmente através da mordedura de animais infectados, mas também pela arranhadura e/ou lambedura. 


3. Quais os animais que podem transmitir raiva?
Os transmissores mais comuns são: cães, gatos, morcegos, macacos, raposas, guaxinins e os animais de produção (cavalos, bois e outros).


4. Quanto tempo a doença demora para se manifestar no homem e no cão?
A manifestação da doença é variável. No homem, em média, acontece em 45 dias. No cão, varia de 2 dias a 2 meses.                                                 


5. Quais sintomas de um cão ou gato suspeito de raiva?
Os sintomas são semelhantes nos cães e gatos: mudança de comportamento, agressividade, salivação abundante, dificuldade de engolir, latido rouco, medo da luz, diminuição da ingestão de água, paralisia das patas traseiras, dentre outros.


6. Qual a recomendação em relação ao animal agressor (cão e gato)?
O animal deverá ser observado em domicílio por 10 dias após a agressão. Se, durante este período, o animal adoecer, desaparecer ou morrer, é preciso comunicar imediatamente o fato ao serviço de controle de zoonoses ou o centro de saúde de referência.
 

7. Se meu cão apresentar sintomas da raiva e não estiver sendo acompanhado pelo serviço de zoonoses da PBH, o que devo fazer?
Levar o cão ou gato para avaliação clínica de um médico veterinário particular. Mantida a suspeita, entrar em contato com a Gerência de Zoonoses de referência que fará o recolhimento e observação do animal no Centro de Controle de Zoonoses - CCZ.
Caso o cidadão não tenha condições de levar o animal para avaliação de um médico veterinário particular, ele deve entrar em contato com a Gerência de Zoonoses de sua regional para  avaliação da situação pelo profissional da Prefeitura de Belo Horizonte.


8. O que fazer após ser agredido? Quanto tempo após a agressão animal, deve-se procurar assistência médica?
Lavar o ferimento com muita água e sabão e procurar o Centro de Saúde o mais rápido possível. Confira o endereço das unidades em pbh.gov.br/centros de saúde. O tratamento será prescrito pelo médico que avaliará se é preciso a aplicação de vacina e/ou soro. 
NUNCA INTERROMPER O TRATAMENTO!
O usuário deve fornecer todas as informações solicitadas sobre o animal e seu tutor (ou responsável), incluindo o endereço de residência.


9. Como posso proteger meus animais (cão e gato) dessa doença?

  •  Vacinando, anualmente, seus animais (cães e gatos) contra a raiva.
  •  Evitando proximidade com animais de rua.
  •  Notificando as autoridades de saúde caso seu animal tenha tido contato com morcegos (vivos ou mortos).  


10. Porque meu animal precisa tomar vacina contra raiva?
Ela protege seu animal, impedindo que ele contraia a doença. Consequentemente, o risco de transmissão da raiva às pessoas e aos animais também diminui. A vacina deve ser aplicada anualmente.


11. Onde posso levar meu animal (cão e/ou gato) para vacinar contra a raiva?
Cães e gatos, a partir de três meses de idade (gestantes ou não), devem ser imunizados contra a raiva. Se seu animal não foi vacinado durante a Campanha antirrábica anual, você pode vaciná-lo o ano todo nos pontos de referência. VEJA AQUI os endereços.


10. Qual a conduta no caso de agressão por animais de rua?
Procurar o centro de saúde o mais rápido possível para realização do tratamento indicado, uma vez que não é possível observar cães de rua.


11. Os morcegos podem transmitir raiva? 
Sim, se eles estiverem infectados pelo vírus da raiva. Neste caso, podem transmitir a doença para o homem e outros animais (principalmente cães e gatos) por meio da mordedura, arranhadura ou contato direto com secreções.


12. Como é possível reconhecer um morcego suspeito de raiva?
Morcegos doentes apresentam comportamentos alterados. Assim, considera-se como suspeitos morcegos caídos no chão, vivos ou mortos, com a incapacidade de voar, pendurado em muros, grades e janelas ou voando durante o dia no sol. Só é possível confirmar a doença através de exame laboratorial. VEJA AQUI mais informações sobre morcegos.


13. O que eu devo fazer se encontrar um morcego suspeito de raiva?  Que serviço devo acionar para recolhimento?

  • Não tocar no morcego.
  • Não descartar o morcego.
  • Não deixar cães ou gatos se aproximarem do morcego.
  • Cobri-lo com uma caixa ou um balde até que ele seja recolhido pela equipe responsável.               

CLIQUE AQUI para solicitar o recolhimento do animal.


14. O que eu devo fazer se eu for agredido ou tiver contato com um morcego?
Procurar o atendimento médico imediato no centro de saúde mais próximo e entrar em contato com o serviço de zoonoses para recolhimento do animal. Não jogar o morcego fora.


15. Qual o prazo para a liberação do resultado do exame de raiva em morcegos?
O resultado de exame da raiva em morcegos é liberado em 2 dias úteis pelo Laboratório de Zoonoses, contados a partir do recebimento do material. A comunicação ao munícipe sobre o resultado do exame é feita pela Gerência de Zoonoses de referência ou pelo Centro de Controle de Zoonoses.


16. Porque não devo matar os morcegos?
Os morcegos são protegidos por lei. Os maus-tratos, a caça, a perseguição ou a matança destes animais são considerados crimes ambientais. Essa proteção também se deve à importância ecológica e econômica dos morcegos, pois eles disseminam sementes pelo ambiente, polinizam as plantas e consomem insetos, incluindo insetos considerados pragas agrícolas e vetores de doenças.


17. Onde posso obter mais informações sobre a raiva?
Você deve procurar informações junto à Secretaria Municipal de Saúde por meio dos serviços de vigilância, assistência (centros de saúde) e controle de zoonoses (CCZ e Gerências de Zoonoses regionais). Você também pode obter mais informações pelo 156, pelo App PBH e no PORTAL DE SERVIÇOS.
 

Dados de Vigilância e Controle da Raiva Animal
Referências Bibliográficas 
  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde: Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. – 5. ed. atual. – Brasília: Ministério da Saúde, 2022. 1126 p.:il Pag. 989- 1018.
  2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Normas técnicas de profilaxia da raiva humana/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011.60 p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos)
  3. Profilaxia da raiva humana, por Wagner Augusto da Costa, Carlos Armando de Ávila, Elizabeth Juliana Ghiuro Valentine, Maria de Lourdes Aguiar Bonadia Reichmann, Ricardo Siqueira Cunha, Rosalvo Guidolin, Maria Rosana Issherner Panachão, Teresa Mitiko Omoto e Vera Lúcia Bolsan. 2ª ed. São Paulo, Instituto Pauster, 2000 (Manuais, 4) 33p. il.
  4. NOTA TÉCNICA No 8/2022-CGZV/DEIDT/SVS/MS. Informa sobre atualizações no Protocolo de Profilaxia pré, pós e reexposição da raiva humana no Brasil.
  5. Nota Informativa nº 03/2019 – DPSV/DIAS/DIZO/SMSA - Profilaxia Pré-Exposição da Raiva Humana
  6. Nota Informativa nº 02/2019. – DPSV/DIAS/DIZO/SMSA - Profilaxia da Raiva Humana