Pular para o conteúdo principal

Vicente Ferreira Pastinha - Mestre Pastinha

criado em - atualizado em
Mestre Pastinha
Reprodução

Mestre de capoeira e filósofo popular, reverenciado onde quer que haja uma roda de capoeira, Vicente Ferreira Pastinha foi o fundador do Centro Esportivo Capoeira Angola (CECA),  primeira escola de Capoeira Angola do Brasil, e se destaca pela sua significativa contribuição  para o movimento negro no pais,  a partir de  seu trabalho e empenho pelo crescimento da Capoeira Angola e promoção da cultura afro-brasileira.

 

Filho de um comerciante espanhol e de uma ex-escravizada baiana, Mestre Pastinha nasceu em Salvador/BA, no dia 5 de abril de 1889 e conheceu a capoeira ainda criança, tornando-se discípulo do africano liberto, Benedito, com quem treinava todos os dias, aprendendo além das técnicas, a mandinga do jogo.  Frequentou o Liceu de Artes e Ofício, entrou para a escola de aprendizes marinheiros, em 1902, onde praticou esgrima (treinou com espada e florete) e estudou música (violão), ao mesmo tempo em que ensinava capoeira a seus companheiros. Em 1910, aos 21 anos, pede baixa da corporação, e torna-se professor de capoeira, embora, nesse período, a capoeira figurasse como atividade proibida no Código Penal Brasileiro, com sujeição a pena de prisão de dois a seis meses, sendo esse período dobrado no caso dos “chefes ou cabeças”.

Responsável pela reunião e organização dos princípios e fundamentos de um dos maiores símbolos da cultura brasileira, assumiu a missão de organizar a Capoeira Angola e de devolver a ela seu valor e visibilidade, Mestre Pastinha fundou, em 1952, o Centro Esportivo Capoeira Angola (CECA que reunia, em seu endereço mais famoso, o casarão da Praça do Pelourinho, nº 19, capoeiristas consagrados como Valdemar da Paixão, Noronha, Maré, Divino, Traíra. O CECA era uma escola de mestres, que transmitia a tradição dos angoleiros. Lá formaram-se outros grandes nomes da capoeira, como Curió, Albertino e Gildo.


Em 1965, Mestre Pastinha  lançou o livro Capoeira Angola, no qual defendia a natureza não violenta do jogo e afirmava que a capoeira conferia dignidade, honradez e decência aos seus praticantes. Como reconhecimento por sua contribuição à cultura afro-brasileira, Mestre Pastinha realizou o seu sonho de conhecer a África ao representar o Brasil por meio da Capoeira Angola, no 1º Festival Mundial das Artes Negras, em Dacar/Senegal, em 1966.


A história de vida e os ensinamentos de Mestre Pastinha, junto com a de outros mestres da Capoeira Angola ou Regional, que tenham sido seus alunos ou não, motivou outras pessoas a praticar a capoeira e foi um importante mote para que essa expressão se disseminasse pelo país e pelo mundo, tornando-se um dos maiores símbolos da cultura brasileira. 


A complexidade e expressividade da capoeira levaram o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) a registrar a Roda de Capoeira e o Ofício dos Mestres de Capoeira como patrimônios culturais imateriais brasileiros, em 2008, estando inscritos, no Livro de Registro das Formas de Expressão e no Livro de Registro dos Saberes, respectivamente. Seis anos depois, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) conferiu à Roda de Capoeira o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade


Mestre Pastinha morreu no dia 13 de novembro de 1981, aos 92 anos. O Brasil perdeu um dos seus maiores da Capoeira Angola, mas também um reverenciado mestre da filosofia popular. 


Fonte: Fundação Cultural Palmares