Adriana Araújo uma das mais proeminentes vozes do samba da capital mineira e um dos mais representativos nomes do samba produzido em Minas Gerais, nasceu em 1976 na comunidade Pedreira Prado Lopes - a PPL, uma das maiores e mais antigas favelas de Belo Horizonte, localizada na tradicional região da Lagoinha, conhecida como o berço do samba na cidade.
Cantora, compositora, mãe, mulher negra e sambista de Belo Horizonte, ela revelou seu gosto pela música ainda na infância. Foi aluna de Marlene Silva, bailarina, coreógrafa, pesquisadora e professora mineira, conhecida como a Dama da dança afro-brasileira, falecida em 2020. Referência para várias gerações de artistas negros de BH, a mestra influênciou o caminho de Adriana Araújo para as artes, por meio de oficinas de dança afro realizadas, gratuitamente, para moradores da PPL. Em sua formação artística, frequentou oficinas de teatro oferecidas pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte e frequentou aulas de técnica vocal com o professor Athonio Marra.
Integrou, com o sambista Evaldo Araújo, com quem é casada, o grupo ¨Simplicidade Samba e suas apresentações com o grupo no Bar do Cacá, na tradicional roda de samba aos domingos no Bairro São Paulo, região Nordeste da capital mineira, fizeram muito sucesso.
Em 2020, Adriana iniciou sua carreira solo, e com o início da pandemia, para manter o trabalho musical e ajudar as pessoas a sua volta, a cantora começou a fazer lives da laje de casa para a comunidade. Até hoje já foram cinco, onde aconteceram campanhas para arrecadar dinheiro e doar cestas a famílias do bairro Primeiro de Maio, São Marcos e também para o Projeto Ajudar BH.
Dona de uma voz marcante e uma performance única, Adriana Araújo conquista a admiração de públicos em todos os espaços por onde passa , tanto no samba quanto entre adeptos de outros segmentos musicais e suas interpretações para clássicos do samba somaram-se ao repertório autoral com o lançamento de ‘Minha Verdade’ (2021), primeiro álbum da cantora, que traz faixas assinadas por ela e parceiros. O disco aborda temas marcantes como a ancestralidade, o amor, e a negritude, bem como os aprendizados que marcam sua trajetória e traduzem sua vivência como mãe, mulher negra e sambista.
Ao longo da carreira Adriana se apresentou na Virada Cultural de BH, no Festival Sensacional, no Carnaval de Rua de BH e na “Virada da Liberdade”, festa de réveillon realizada na Praça da Liberdade, entre outros grandes palcos da cidade. Em 2024, realizou a turnê “A Voz Ecoando”, na qual visitou diversas cidades de Minas Gerais. Nos milhares de shows realizados, Adriana Araújo dividiu palcos com grandes nomes do samba, como Leci Brandão, Fabiana Cozza, Arlindinho e Jorge Aragão.
Nas celebrações do Dia da Consciência Negra, a cantora se apresentou ao lado da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais no Grande Teatro do Palácio das Artes. Sob a regência do maestro convidado Ângelo Rafael Fonseca, o programa do "Concertos da Liberdade - Dia da Consciência Negra" trouxe obras de compositoras e compositores negros, com destaque para Dona Eliza, uma das precursoras do samba em Belo Horizonte, que possui um legado atemporal com mais de 800 músicas.
A artista, que sempre admirou as mulheres no samba, se destaca como uma das grandes vozes do gênero no estado, cenário que tem sido protagonizado por mulheres quando se trata de artistas autorais, tais como Manu Dias, Aline Calixto e Cinara Ribeiro e, é buscando evidenciar o protagonismo feminino no samba e valorizar a contribuição e o legado das mulheres negras no samba, que a cantora deu início a um de seus trabalhos de maior sucesso, o show “Adriana Araújo Canta Alcione”, concebido em homenagem à uma das mais icônicas vozes do samba de todos os tempos e uma grande inspiração para a carreira de Adriana Araújo.
Negra de pele retinta, a sambista fez da cultura e da arte sua profissão e palco de resistência, carregando consigo o orgulho de pertencer à sua comunidade de origem e disseminando por meio de sua voz, a riqueza da cultura brasileira e a potência do samba de BH.