A memória ancestral das matriarcas do Kilombo Souza sempre se fez presente e guiou os passos de sua grande família. Dona Cezaria da Conceição, que foi escravizada e não conheceu o quilombo, deu à luz, já nos tempos do “Ventre Livre”, a Dona Elisa de Souza, a primeira matriarca e fundadora do Kilombo Souza, ainda em 1923. Elisa fora mãe de Dona Maria de Souza, que cresceu nas terras quilombolas. E de Maria nasceu Dona Lídia, uma das figuras mais importantes do Kilombo Souza.
Uma mulher forte, uma líder inspiradora, filha, mãe, avó. Dona Lídia foi a terceira matriarca do Souza e percorreu uma jornada de lutas, conquistas e vitórias. Era casada com seu Raimundo e juntos tiveram três filhos. Lídia ainda viu a família crescer com a chegada dos nove netos e cinco bisnetos. Sempre gostou de estudar e formou-se, ainda adolescente, como técnica de contabilidade. Sua alegria iluminava os lugares que passava, assim como sua sabedoria ancestral.
Ao longo dos anos, Dona Lídia se tornou referência na preservação dos saberes ancestrais, transmitindo conhecimento, espiritualidade e cultura a seus descendentes e àqueles que encontravam no quilombo um refúgio e uma fonte de pertencimento.
Sua presença continua a iluminar o Kilombo Souza e todos os que reconhecem na sua trajetória um símbolo de luta e resistência. Seu nome segue gravado na memória do povo negro de Belo Horizonte, como um testemunho vivo de que as raízes quilombolas permanecem firmes, nutrindo o presente e inspirando o futuro.
“Tive três filhos que agora continuam, tenho os descendentes dos meus filhos e os futuros descendentes para continuar a obra que eu iniciei de tolerância, e respeito mútuo e amor universal” - Dona Lídia Martins, 2019.