Mestre Nelson Pereira – Quilombo Aparecida
Guardião da fé e das tradições congadeiras, mantém viva a memória ancestral da Irmandade Os Carolinos, fundada por seu bisavô, no coração do bairro Aparecida.
No coração do bairro Aparecida, em Belo Horizonte, pulsa o legado vivo de Mestre Nelson Pereira, capitão-mor da Irmandade Os Carolinos, a tradicional Guarda de Moçambique e Congo Sagrado Coração de Jesus, fundada por seu bisavô, Francisco Carolino (Chico Calu), em 1917.
Com mais de seis décadas de dedicação ao Congado, Mestre Nelson é reconhecido como um dos maiores guardiões da cultura afro-mineira e das tradições espirituais herdadas de seus ancestrais.
Desde os sete anos, já empunhava o bastão da guarda, conduzindo com firmeza espiritual e sabedoria ancestral os rituais que marcam a vida da comunidade: o levantamento da bandeira, as novenas na Capelinha do Aparecida, as alvoradas e os cortejos que unem guardas congadeiras de todo o estado. Sua liderança inspira não apenas pelo conhecimento profundo dos saberes do Congado, mas também pela humildade com que transmite às novas gerações os caminhos da fé afro-católica.
Em 2019, foi reconhecido como Mestre da Cultura Popular de Belo Horizonte pela SMC/FMC, por sua contribuição inestimável à preservação dos saberes orais, rituais e musicais da cultura afro-brasileira.
A Irmandade Os Carolinos é hoje um quilombo urbano oficialmente certificado pela Fundação Cultural Palmares desde 2022. Mais do que uma guarda tradicional, representa uma comunidade de resistência, pertencimento e continuidade das tradições negras no espaço urbano.
Sob a liderança de Mestre Nelson, a Irmandade ampliou sua presença cultural com ações como a exposição “Reinado de Chico Calu, Repertórios Sagrados”, que apresenta vestimentas, instrumentos, imagens e relatos que narram a história sagrada da irmandade.
Sua trajetória é um testemunho vivo da força da ancestralidade, da espiritualidade e da luta quilombola no cenário urbano de Belo Horizonte. Mestre Nelson é um elo entre os mais velhos e o futuro, mantendo viva a herança negra que ressoa em cada batuque e em cada reza da Irmandade Os Carolinos.
Foto: Patrick Arley