15 de novembro
Dia Nacional de Urubuzar
Essa data foi instituída, em 2014, pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), da Universidade Federal de Lavras (UFLA), com o objetivo de proclamar que não é aceitável perder anualmente tantos animais, devido a atropelamentos. Segundo estimativas, todos os anos cerca de 475 milhões de animais silvestres morrem atropelados nas estradas brasileiras. Essa realidade não pode continuar!
Foi pensando nisso que o CBEE desenvolveu o Sistema Urubu, que ao longo desses anos se tornou a maior rede social de conservação da biodiversidade do Brasil. Com o Sistema é possível identificar as áreas críticas de atropelamento de fauna em todo o território nacional. Ele permite que qualquer cidadão possa colaborar com a redução deste impacto, auxiliando no mapeamento das áreas. Essas informações ajudam os pesquisadores a conhecer onde e quando cada uma das espécies é mais atropelada. Assim, é possível auxiliar o poder público, as concessionárias e também outros segmentos da sociedade na redução dos acidentes. Baixe o aplicativo “Sistema Urubu” no seu celular e cadastre-se. A sua participação é muito importante!
Ficou curioso em saber por que foi dado o nome Urubu para esse Sistema? O urubu é uma espécie que possui grande habilidade em localizar as carcaças de animais atropelados nas estradas, as quais lhe servirão de alimento. Mas, isto faz com que esse animal também seja uma das principais vítimas dos atropelamentos. É um animal facilmente encontrado em todas as regiões do país, representando muito bem o objetivo do Sistema.
Sabe-se que em algumas situações o acidente é inevitável, os animais aparecem de repente e não dão tempo para o motorista frear, mas em outras eles acontecem por descumprimento das leis de trânsito ou simplesmente porque têm motoristas que carregam mitos acerca de alguns animais. Eles acreditam, por exemplo, que determinados bichos trazem azar se cruzarem a estrada à sua frente e aceleram para matar esses animais afastando a “má sorte”. Os tamanduás-bandeira e as corujas são as vítimas mais numerosas. Têm, ainda, aqueles que são considerados “perigosos” e por isso são atropelados propositalmente. É o caso das serpentes, que desempenham um papel importante para o equilíbrio ecológico nos ecossistemas onde vivem, já que se comportam ora como predadores ora como presas.
Nesse contexto, instituições que têm como objetivos a educação, a pesquisa e a conservação, como os zoológicos, têm muito a contribuir para o fortalecimento de campanhas dessa natureza. Desde o início, o Zoológico de Belo Horizonte/FPMZB apoia essa iniciativa e anualmente realiza ações que visam a sensibilização de funcionários e visitantes para essa problemática e mostram como cada um pode atuar para reverter tal situação.
Agora, colora os desenhos de alguns animais que estão entre as principais vítimas de atropelamento nas estradas brasileiras. Ufa! Dessa vez, conseguiram atravessar a rodovia em segurança, o que nem sempre acontece. Se você é motorista, ao dirigir fique atento às leis de trânsito, se não, alerte aqueles com os quais você convive sobre a importância de redobrar a atenção nos trechos que têm a indicação de passagem de fauna. Depois, agende uma visita ao Zoológico de Belo Horizonte/FPMZB e venha conhecer essas e outras espécies!
Informações importantes
A maior parte dos animais atropelados, 90%, é de pequeno porte. São eles: sapos, pererecas, pequenas cobras, ratos, passarinhos e outras aves pequenas etc.
Do total de animais atropelados, cerca de 9% são de médio porte. São eles: gambás, furões, jaritatacas, jiboias, jabutis, macacos, tatus, aves (anu-branco, pombos, corujas, gaviões etc.).
Anualmente, 1% dos animais atropelados nas estradas brasileiras são de grande porte. São eles: antas, tamanduás-bandeira, capivaras, cachorros-do-mato, lobos-guará, onças, veados etc.
Os acidentes com animais maiores, além de matarem a fauna silvestre, também machucam gravemente motoristas e passageiros, podendo levá-los a morte.
Você sabia?... A alta velocidade é a maior causadora dos acidentes com a fauna silvestre, juntamente com a baixa iluminação das rodovias e a falta de atenção dos motoristas.
- Siga as leis de trânsito. Mantenha os limites de velocidade permitidos para cada trecho da estrada. Assim, você consegue manobrar em segurança caso seja necessário desviar de animais, buracos, veículos parados/estragados e outros imprevistos possíveis nas estradas.
- Muitos animais silvestres têm hábitos noturnos. Isto significa que ao entardecer e à noite saem em busca de alimento. Nesses horários os motoristas já estão mais cansados, com mais pressa para chegar ao seu destino, com menos visibilidade. É preciso redobrar a atenção e cuidado!
- Fique atento aos trechos da pista onde haja carga de alimentos derramada, seja por acidentes ou por ter sido mal acondicionada. A presença de alimento na pista acaba atraindo animais em busca de refeição fácil.
- As estradas que cortam o ambiente natural dos animais, ou que estejam próximas de parques e reservas naturais oferecem maior risco. Muita atenção!
- As estradas de terra, em que as velocidades recomendadas são menores, não estão livres do risco! Além de muitas cruzarem os ambientes naturais da fauna, os animais estão mais acostumados de pisar na terra e não percebem o perigo. A poeira também diminui a visibilidade, tanto para os animais quanto para os motoristas.
- O asfalto mantém-se aquecido, sobretudo à noite. Com isto, espécies ectotérmicas, isto é, aquelas que necessitam de fontes externas de calor para regular a temperatura do corpo, como os répteis (jacarés, cobras e lagartos) costumam ir para as rodovias para se aquecer, mas não sabem o risco que estão correndo.
- As rodovias com muitas pistas – com muros e cercas no meio – acabam isolando as populações de animais que vivem de cada lado. Essas áreas precisam ser identificadas para que possam ser instaladas travessias seguras para a fauna.
- Ao parar ou reduzir a velocidade de seu veículo para a passagem de um animal, tenha paciência ao tempo de resposta e deslocamento dele. Buzinar, piscar farol, provocar barulhos com o acelerador e gritar podem assustar e confundir o animal, provocando reações inesperadas e até acidentes mais graves. Seja cauteloso!