19 de novembro
Dia Mundial do Tamanduá
Quando instituída, em 2014, pelos Institutos Jurumi e Tamanduá, esta data era comemorada no dia 29 de novembro. No entanto, para não coincidir com o dia dedicado a outra espécie emblemática da fauna silvestre brasileira, em 2020, o Dia Mundial do Tamanduá passou a ser comemorado em 19 de novembro.
Desde o início, a criação da data teve como objetivos divulgar e aumentar o grau de conhecimento das pessoas acerca desses animais que são exclusivos da América Latina, possuem características únicas e são muito importantes para os ambientes naturais onde vivem.
O Jardim Zoológico da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica de Belo Horizonte levanta essa bandeira. Junte-se a nós!
Atividade Dia Mundial
do Tamanduá
Conheça as espécies de tamanduás que ocorrem no brasil e que têm representantes no Zoológico da FPMZB.
Foto: Daniel Alves/FPMZB
Tamanduá-bandeira
Giant Anteater
Myrmecophaga tridactyla
Myrmecophaga (grego): Myrmekos = formiga; phagos = que se alimenta de
Tridactyla (grego): tri = três; dactylos = dedos
Significado do nome: “que se alimenta de formigas com três dedos”. Mas, na verdade, o tamanduá-bandeira tem quatro dedos nas patas dianteiras e cinco nas patas traseiras. O nome da espécie refere-se apenas aos três dedos mais desenvolvidos dos membros anteriores.
Características
É a maior entre todas as espécies de tamanduás do mundo. O comprimento do seu corpo atinge geralmente de 1,00 a 1,20 metros. Pode pesar até 45 Kg.
Sua densa pelagem tem uma coloração de cinza escuro, com membros anteriores brancos com faixas pretas. Uma faixa diagonal preta com borda branca recobre a parte lateral do corpo.
A cauda com pelos grossos e compridos mede entre 0,65 a 0,90 metros de comprimento, que o animal ergue e balança quando anda, lembrando a forma de uma bandeira, daí a razão do seu nome popular.
Os membros anteriores são fortemente musculosos e possuem quatro dedos todos com garras, sendo as do segundo e terceiro dedos as maiores, que lhes permitem não apenas abrir frestas nas paredes de formigueiros e cupinzeiros, como também se defender de seus predadores. Os membros posteriores apresentam cinco dedos com unhas curtas.
O olfato apuradíssimo, é o sentido que esse animal utiliza para se orientar. Já a visão e a audição são pouco desenvolvidas. Ao andar mantém o focinho próximo ao chão para farejar o alimento.
O focinho longo e fino abriga uma língua comprida e afilada que o tamanduá introduz nos reduzidos espaços dos formigueiros e cupinzeiros até alcançar suas presas.
Sua língua pode medir até 60 cm de comprimento e sua saliva é pegajosa, o que auxilia na alimentação. Não possui dentes.
Estado de conservação da espécie
Consta nas Listas Vermelhas de Espécies Ameaçadas de Extinção, na categoria “Vulnerável” (IUCN, 2021-2 e ICMBio, 2014). É uma espécie com baixo potencial reprodutivo, apresentando cuidado parental prolongado, longo período de gestação e, geralmente, apenas uma cria ao ano. E, somado a isto, com base em extinções locais, perda de habitats e mortes causadas por incêndios florestais e atropelamentos, estima-se que a população tenha sofrido uma redução geral superior a 30% nas últimas três gerações (estimada em 26 anos).
Ocorrência
Apresenta uma ampla área de distribuição, que se estende da América Central até a América do Sul. Ocorre em Honduras, El Salvador, Nicarágua, Panamá, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e Brasil.
No Brasil, está presente em todos os biomas, desde a Amazônia aos Campos Sulinos. Utiliza uma grande variedade de habitats, como florestas úmidas, cerrados, pantanais, mata decídua, a diferentes altitudes.
Alimentação
É insetívoro. Sua dieta é constituída principalmente por formigas e cupins. A proporção desses insetos varia conforme a região, a época do ano e a disponibilidade de presas. Ocasionalmente, pode ingerir larvas e adultos de besouros, de abelhas e, provavelmente, mel. Consome até 30.000 insetos por dia. Quando se alimenta, esse animal nunca acaba com um formigueiro ou cupinzeiro. Ele faz isso por períodos curtos e depois muda para outro ponto, permitindo às colônias de insetos se recuperarem rapidamente.
Hábitos
Essa espécie possui hábito terrestre e é solitária, com exceção da mãe com seu filhote, durante o período de amamentação, e na época de reprodução, quando podem formar casais.
Pode apresentar atividade ao longo do dia e da noite, dependendo da temperatura e do período de chuvas. Para dormir, procura por um local seguro, onde se deita com a cabeça entre as pernas e com a cauda cobrindo todo o corpo, de modo que, entre a vegetação da mesma cor de sua pelagem, fica quase imperceptível. É considerado um bom nadador.
Reprodução
A maturidade sexual é atingida entre dois anos e meio e quatro anos de idade.
A gestação dura em média de 183 a 190 dias. Esta espécie tem um filhote por vez, embora já tenha sido registrado nascimento de gêmeos, quando se encontram sob cuidados humanos.
A mãe carrega o filhote no dorso por cerca de seis a nove meses e este, quando estiver um pouco mais crescido, poderá buscar formigas e cupins, ficando com a mãe até a próxima gravidez. Não apresenta dimorfismo sexual evidente.
Principais ameaças
Algumas das principais ameaças à espécie são: a redução e a desconexão dos ambientes naturais; queimadas; desmatamento; agropecuária; expansão das rodovias, o que tem provocado o aumento do número de atropelamentos; caça; perseguição; envenenamento indireto por inseticidas aplicados para controle de formigas e cupins; e doenças, especialmente, as que possam afetar o processo reprodutivo.
Estratégias de conservação
Um importante instrumento legal de proteção à espécie é que esta aparece listada no Apêndice II da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e da Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES). Vale esclarecer que as espécies incluídas no Apêndice II da CITES são aquelas que, embora atualmente não se encontrem ameaçadas de extinção, poderão chegar a essa situação, a menos que o comércio esteja sujeito à regulamentação rigorosa.
Outras estratégias são: a realização de estudos sobre o status atual e a biologia da espécie em sua área de distribuição. É essencial, também, haver troca de informações entre os pesquisadores de campo e aqueles que atuam nas instituições que mantêm esse animal sob cuidados humanos, como os zoológicos, a fim de planejar ações integradas de conservação para a espécie; a criação de novas Unidades de Conservação nas áreas mais representativas de sua ocorrência, bem como a implantação de corredores ecológicos entre tais áreas; desenvolvimento de ações de educação ambiental, que visam sensibilizar as pessoas sobre a importância da espécie para os ambientes onde vive e, também, desmistificar a crendice popular que associa o tamanduá-bandeira à “má sorte”.
Animais que estão sob os cuidados da FPMZB
O Zoológico de BH iniciou os trabalhos com a espécie, em 1979, e de lá para cá foram muitos os desafios. Graças aos esforços e dedicação da equipe, vários filhotes nasceram aqui. Atualmente, estão sob os cuidados da instituição sete indivíduos dessa espécie, sendo três fêmeas e quatro machos. As fêmeas estão em um recinto misto na área de visitação. Já os machos, um deles está em um recinto na área de visitação e os outros três encontram-se em recintos separados, em um local reservado fora dessa área.
Foto: Daniel Alves/FPMZB
Tamanduá-mirim ou Tamanduá-de-colete
Southern Tamandua
Tamandua tetradactyla
Tamandua (tupi): Tá’monduá = caçador de formigas
Tetradactyla (grego): tetra = quatro; dactylos = dedos
Significado do nome: “caçador de formigas com quatro dedos”.
Características
Mede entre 0,55 a 0,63 metros de comprimento, com uma cauda de 0,40 a 0,67 metros. Pode pesar até 7Kg. Possui uma faixa de pelos pretos que se estende ao longo do dorso e ventre do animal dando a ideia de que está vestindo um colete, o que explica o nome popular tamanduá-de-colete. Apresenta nítida diferença morfológica nas diferentes populações. Animais ao norte do Brasil possuem coloração mais escura e o corpo mais alongado, assim como o focinho e as orelhas. Os animais da Mata Atlântica são mais claros e com o “colete” bem definido. Já os animais do Cerrado são mais robustos e com coloração mais dourada.
Não possui dentes. A forma de comer assemelha-se à dos demais tamanduás: também tem uma língua comprida e extensível e saliva pegajosa. Ele introduz na língua no formigueiro ou cupinzeiro, os insetos grudam e ele os recolhe para a boca, que se caracteriza por uma pequena abertura circular. O olfato é o sentido mais desenvolvido, sendo utilizado pelo animal para se orientar. A visão e a audição não são muito boas e o tato é grosseiro.
As patas anteriores possuem musculatura muito desenvolvida e cada uma apresenta quatro dedos com garras recurvadas, sendo a garra do terceiro dedo a maior, porém proporcionalmente menor à equivalente do tamanduá-bandeira. Já as patas posteriores apresentam cinco dedos com garras menores e musculatura menos desenvolvida
As garras fortes presente nas patas anteriores os ajuda a abrir frestas nos cupinzeiros e a subir em árvores e troncos. É dócil, quando atacado se defende usando as garras. A porção final da cauda não apresenta pelos e tem função semipreênsil (capacidade de se agarrar a algo). Ele a utiliza para subir em árvores e se prender nos galhos enquanto busca o alimento.
Estado de conservação da espécie
Consta nas Listas Vermelhas de Espécies Ameaçadas de Extinção, na categoria “Menos Preocupante” (IUCN, 2021-2 e ICMBio, 2014).
Embora a espécie não seja considerada ameaçada de extinção, suas populações estão em declínio. É importante ressaltar que a carência de informações científicas sobre suas densidades populacionais e sobre sua ecologia dificulta consideravelmente a correta avaliação do estado de conservação da espécie.
Além disso, como possui uma taxa de reprodução baixa, dificilmente dá conta de compensar qualquer tipo de caça ou reverter o declínio populacional devido a atropelamentos ou queimadas.
Ocorrência
Ocorre na América do Sul, é encontrado a leste dos Andes na Colômbia, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa, Suriname, ao norte do Uruguai, ao norte da Argentina e Brasil, onde ocorre em todos os biomas.
Alimentação
É insetívoro. Alimenta-se principalmente de formigas e cupins, no solo ou nas árvores e deste modo acessa cupinzeiros arbóreos não disponíveis ao tamanduá-bandeira. Come até 9 mil insetos por dia. Eventualmente, pode comer abelhas e larvas de besouros. Quando se alimenta, esse animal nunca acaba com um formigueiro ou cupinzeiro. Ele faz isto por períodos curtos e depois muda para outro ponto, permitindo às colônias de insetos se recuperarem rapidamente.
Hábitos
Possui hábitos solitários, exceto durante a época reprodutiva e durante o período de amamentação.
É predominantemente arborícola (vive principalmente nas árvores), mas também pode deslocar-se, alimentar-se e descansar no solo. O seu período de maior atividade é à noite, mas pode ser observado durante o dia e ao entardecer. Quando não está ativo, esse animal costuma descansar em ocos de árvores, tocas de tatus ou em outras cavidades naturais.
Reprodução
A gestação tem duração de 130 a 150 dias. Nasce geralmente um filhote no final da estação seca. O filhote é amamentado durante um longo período, permanecendo dependente da mãe por pelo menos um ano, até aprender a se alimentar sozinho.
Principais ameaças
As principais ameaças à espécie são: perda de habitat, atropelamentos, caça e ataques de cães.
Estratégias de conservação
Para a conservação da espécie são necessárias medidas que visem a proteção dos habitats onde ela ocorre, com ênfase na criação de Unidades de Conservação ou implantação das já existentes. Outra estratégia é reduzir a pressão de caça sobre populações nativas, aumentando a fiscalização e implementando projetos de educação ambiental em áreas onde a caça ainda é uma atividade tradicional. Além disso, as instituições que mantêm esse animal sob cuidados humanos, como os zoológicos, devem aproveitar o carisma que possui para realizar campanhas de sensibilização com a finalidade de conservar as populações silvestres.
Animais que estão sob os cuidados da FPMZB
Atualmente, encontra-se sob os cuidados da instituição um indivíduo dessa espécie. Trata-se de um macho que é mantido em um recinto na área de visitação. No entanto, já está sendo negociada, com outro zoológico, a transferência de outros exemplares para cá. Essa é uma das maneiras através da qual o animal vem para o zoológico. Na atualidade, essas instituições não promovem expedições à natureza para buscar animais para aumentar e/ou diversificar o seu plantel e, também, não se compra animais.
