No dia 15/02, comemora-se o Dia Mundial do Hipopótamo, espécie de origem africana que consta na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção na categoria “Vulnerável” (IUCN, 2021-3). Os hipopótamos já foram mais abundante no continente africano. Atualmente, na natureza, muitas das suas populações se extinguiram localmente ou se tornaram menos numerosas. Inclusive, hoje existem apenas duas espécies de hipopótamo não extintas no mundo: o hipopótamo pigmeu (Choeropsis liberiensis) e o hipopótamo comum (Hippopotamus amphibius).
As principais ameaças à espécie são: a perda e/ou degradação do habitat, a caça predatória para obtenção do couro, do marfim presente nos seus dentes caninos, da sua carne e gordura, e os conflitos com os seres humanos em decorrência da expansão agrícola.
Com isto, torna-se cada vez mais importante chamar atenção para os riscos aos quais estão submetidas as as espécies silvestres em todo o mundo, a maioria deles decorrente das ações humanas.
Nome da espécie
Hipopótamo (Hippopotamus amphibius / Hippopotamus)
Família de hipopótamos do Zoo BH
"Geriza” - Fêmea (adulta)
Veio do Zoológico de Pará de Minas (MG), chegando ao Zoo de BH em 1991. Nasceu em 1984.
"Aisha” - Fêmea (filhote)
Nasceu no Zoo de BH em 6/12/2017. Teve o seu nome - que significa "Ela é vida"- escolhido por meio de votação popular. É filha de “Geriza”, com quem divide o recinto. O seu pai (“Toquinho”) viveu no Zoo de BH no período de 1975 a 2017 e morreu antes do seu nascimento.
“Kito” - Macho (jovem)
É irmão mais velho da filhote Aisha e nasceu no Zoo de BH em 30/05/2013.
Características
- É um dos maiores mamíferos terrestres. Chega a medir 4 metros de comprimento e 1,5 metros na altura do ombro. Pode pesar entre 3,0 e 4,5 toneladas.
- Passa a maior parte de seus dias dentro da água ou da lama com os outros membros de seu grupo. Pode permanecer até cinco minutos embaixo d’água sem precisar respirar. Quando submerso, tem as suas narinas e orelhas fechadas. Não é à toa que o nome "hippopotamus", de origem grega, significa “cavalo de rio”.
- Apresenta na superfície lisa da pele glândulas que excretam, sob a forma de “suor avermelhado”, uma substância que o protege contra queimaduras dos raios solares diretos. Este fenômeno é popularmente conhecido como “suor de sangue”.
- A pele gordurosa, grossa e lisa, com 5 a 6 centímetros de espessura é ponteada por poucos e pequenos pelos esparsos.
- Sua capacidade de flutuar decorre da sua caixa torácica ampla e da gordura que tem acumulada sob a pele espessa. A gordura, inclusive, estabiliza a temperatura interna do corpo do animal, quando este encontra-se dentro d’água.
- Mesmo quando o corpo desse animal se encontra praticamente submerso, seus olhos, narinas e orelhas - que ficam na parte alta da cabeça - se mantêm fora d’água.
- Quando nada, seus quatro dedos se separam mostrando a membrana interdigital que os une, transformando as patas em órgãos propulsores.
- Possui uma maior quantidade de pelos no focinho, nas orelhas e a extremidade da cauda.
- Vive em grupos com cerca de vinte indivíduos constituídos pelas fêmeas e suas crias e liderados por um macho.
- Sua expectativa de vida na natureza pode chegar aos 40 anos e quando estão sob cuidados humanos, cerca de 50 anos.
Estado de Conservação
Aparece na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção, na categoria “Vulnerável” (IUCN, 2021-3). Existem diferenças regionais claras no tamanho da população e sua distribuição em toda a área de ocorrência. Os países das regiões leste e sul do continente africano representam o refúgio desta espécie e são nessas regiões que se concentram o maior número desses animais. Embora, também, sejam encontrados em muitos países da região oeste do continente, o tamanho geral da população tende a ser muito menor, devido à menor disponibilidade de habitat ou à maior densidade das populações humanas.
Ocorrência
Ocorre no continente africano, ao sul do deserto do Saara. Em ambientes que tenham curso d’água perene, com pelo menos 1,5m de profundidade e não muito frio e campos de gramíneas próximos.
Hábitos
Reúne-se em grandes grupos quando descansa na água, durante o dia. Esse animal normalmente deixa os cursos d’água no final da tarde e à noite, quando sai para se alimentar, podendo percorrer grandes distâncias. É provável que os mecanismos que permitem esse animal regular a sua temperatura corporal tenha determinado os hábitos alimentares noturnos da espécie.
Praticamente não há associação entre os indivíduos quando se alimentam, exceto entre as fêmeas e seus filhotes dependentes.
O macho dominante monopoliza uma extensão da costa do rio ou lago, mas aceita machos solteiros dentro do território, desde que se comportem de maneira submissa. As lutas pela posse de um território podem ser ferozes e os animais podem causar danos consideráveis uns aos outros com os seus enormes dentes caninos. Os conflitos menores são geralmente resolvidos por gestos de ameaças, das quais o “bocejo” é o mais evidente, e é quando o animal exibe seus dentes (incisivos e caninos) afiados e fortes. Os machos dominantes normalmente não lutam entre si e lutas severas geralmente ocorrem quando um macho solteiro desafia um macho dominante pelo controle de seu território.
Ao defecar tanto na água quanto em terra firme, o macho (e, raramente, a fêmea), gira vigorosamente a cauda para espalhar suas fezes e, assim, sinalizar a sua presença. Também emite sons com o mesmo objetivo.
Alimentação
- Alimenta-se principalmente de gramíneas.
- O hipopótamo utiliza a água apenas como refúgio e, normalmente, não se alimenta de vegetação aquática.
- A quantidade de alimento que esse animal ingere é pequena em relação ao seu tamanho, mas o hábito de descansar durante o dia reduz suas demandas energéticas.
Reprodução
- A maturidade sexual é atingida entre 7 e 9 anos para as fêmeas, e entre 9 e 11 anos para os machos. No entanto, quando estão sob cuidados humanos a maturidade sexual pode ocorrer em indivíduos mais jovens.
- A gestação dura entre oito e nove meses (240-270 dias). Nasce, geralmente, um filhote por vez (gêmeos são raros). Ao nascer, o filhote pode pesar 50 Kg e, ao final do seu primeiro ano de vida, já está pesando cerca de 250 kg. Os nascimentos tendem a ocorrer nos períodos mais úmidos do ano.
- A fêmea dá à luz dentro d’água e, assim, o filhote inicia a sua vida no ambiente externo, nadando. O filhote também pode curiosamente mamar debaixo da água com a mãe deitada no fundo. O período de amamentação pode se estender por até 18 meses. Quando estão sob cuidados humanos, costumam mamar durante aproximadamente um ano.
- A fêmea cuida de suas crias durante muito tempo. O filhote mais velho continua a acompanhar a mãe, mesmo depois do nascimento de um ou dois de seus irmãos. O pai não participa diretamente do cuidado da prole que é zelosamente protegida pelo grupo de mães, tias e irmãs. Com frequência os pequenos são vistos viajando no dorso da mãe quando esta se encontra dentro da água.
Principais ameaças
- As principais ameaças à espécie são: a perda e/ou degradação do habitat, a caça predatória para obtenção do couro, do marfim presente nos seus dentes caninos, da sua carne e gordura, e os conflitos com os seres humanos em decorrência da expansão agrícola.
- A dependência desses animais por habitats com a presença de cursos d’água perenes parece colocá-los em desacordo com as populações humanas e aumenta a sua vulnerabilidade, em virtude da crescente pressão sobre os recursos hídricos em toda a África. A perda de habitat decorre principalmente do desvio de cursos d’água para atender às demandas do desenvolvimento da agricultura. Em muitos países, a perda de habitat tem contribuído para uma ameaça regional com a fragmentação da população, visto que populações isoladas e pequenas estão confinadas em áreas protegidas, com gestão ineficiente ou até mesmo sem gestão e pressão das comunidades humanas locais.
- A caça predatória é considerada particularmente alta em áreas de conflitos e guerras civis. No início do século XXI, pesquisas de campo descobriram, por exemplo, que as populações de hipopótamos na República Democrática do Congo reduziram mais de 95% como resultado da intensa pressão de caça, durante mais de oito anos de conflitos armados.
Estratégias de conservação
- O hipopótamo (Hippopotamus amphibius) está listado no Apêndice II da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e da Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES). Vale esclarecer que as espécies incluídas no Apêndice II da CITES são aquelas que, embora atualmente não se encontrem ameaçadas de extinção, poderão chegar a esta situação, a menos que o comércio esteja sujeito a regulamentação rigorosa. Nesse caso é necessária uma atenção especial, pois mesmo essa espécie não estando classificada em uma categoria com risco extremamente ou muito alto de extinção na natureza, aparece na categoria “Vulnerável” (IUCN, 2021-3), na qual se enquadram aquelas espécies com risco alto de extinção.
- É fundamental a criação e efetivação de novas áreas protegidas e, se possível, a ampliação das já existentes, bem como o desenvolvimento de campanhas de combate ao tráfico de espécies silvestres, fazendo cumprir a legislação existente. A realização de pesquisas de campo para se conhecer melhor a espécie são, também, essenciais para aprimorar a tomada de decisões visando à conservação.
- Além disso, as instituições que mantêm esses animais sob cuidados humanos, como os zoológicos que têm condições de garantir a eles elevados níveis de bem-estar, exercem um papel fundamental na sua conservação integrada. Dentre as várias ações desenvolvidas nesses locais, vale destacar as pesquisas científicas em diversas áreas, o que têm possibilitado conhecê-los melhor. Outra contribuição importante, são as ações educação para conservação que possibilitam à conexão das pessoas a esses animais, uma contribuição valiosa na luta para se proteger a espécie da extinção.
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