22 de setembro - Dia Mundial do Rinoceronte (World Rhino Day)
Essa data foi instituída em 2010 pelo Fundo Mundial da Natureza (WWF, sigla em inglês) da África do Sul. Os objetivos são destacar os esforços para a conservação das cinco espécies de rinocerontes encontradas no planeta, desmistificar algumas crenças que as pessoas têm acerca desses animais e diminuir as demandas pelos seus cornos, que são comercializados no mercado ilegal por possuírem supostas propriedades medicinais - sem comprovação científica - e por serem considerados símbolos de status em algumas culturas.
Com isto, torna-se cada vez mais importante chamar atenção para o que vem acontecendo com as espécies silvestres em todo o mundo.
O Zoológico de Belo Horizonte/Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica apoia essa ideia! Junte-se a nós.
Leia atentamente as informações abaixo e teste seus conhecimentos na atividade educativa.
Fotos: Suziane Fonseca/PBH
_______________________________________________________________________________________
Rinoceronte-branco
Ceratotherium simum
White Rhino
Existem duas subespécies de rinoceronte-branco, a do sul (Ceratotherium simum simum), com um representante no Zoológico de Belo Horizonte, e a do norte (Ceratotherium simum cottoni). Esta última subespécie é atualmente avaliada como “Criticamente em Perigo” (IUCN, 2021-1), possivelmente “Extinta na Natureza”, uma vez que existem hoje no mundo apenas duas fêmeas identificadas (ainda estão sendo feitos mais levantamentos para confirmação).
Características
Apesar do nome, este animal não é branco: ele possui a pele acinzentada. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o nome popular dessa espécie está relacionado com um mal-entendido histórico. É chamado de “branco” por causa de sua mandíbula “larga”, que os colonos africânderes, descendentes de holandeses, chamavam por “wijd” (largo), em inglês “wide”, mas os ingleses entenderam “white” (branco).
Apresenta dois cornos na parte frontal da cabeça, que são formados por filamentos de queratina, uma proteína que também constitui os pelos e as unhas. Os cornos desse animal são estruturas únicas, não pareadas, que se formam na linha média da região do nariz.
É o maior dentre as cinco espécies de rinocerontes encontrados no planeta. Chega a medir mais de quatro metros de comprimento e 1,85m de altura (do ombro). O peso corporal de um macho adulto é de até 3.600 kg. O macho é maior que a fêmea.
Possui poucos pelos esparsos, que se concentram na ponta da cauda e nas orelhas curtas. Seus olhos são pequenos.
É dotado de excelente audição. Suas orelhas são capazes de se mover de forma independente para captar melhor os sons do ambiente. O olfato também é bastante desenvolvido. Já a visão desse animal é bastante limitada.
A expectativa de vida sob cuidados humanos é cerca de 50 anos.
Estado de conservação da espécie
A subespécie de rinoceronte-branco-do-sul (Ceratotherium simum simum) aparece na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção, na categoria “Quase ameaçada” (IUCN, 2021-1).
O número de rinocerontes-brancos aumentou consideravelmente de 1992 a 2007, graças às medidas de proteção e várias translocações, que consiste na transferência de indivíduos ou populações selvagens de uma área de ocorrência para outra. No entanto, no período de 2012-2017 estima-se que a população sofreu uma redução de 15%, em virtude do aumento da caça predatória, inclusive, no Parque Nacional do Kruger na África do Sul, onde vive a maior população.
A redução do número de rinocerontes-brancos pode estar, também, relacionada, à severa seca que atingiu o sul do continente africano, em 2015-2016.
Ocorrência
Habita as regiões centro e sul da África. Vive preferencialmente em áreas de florestas pouco densas, intercaladas por campos.
Hábitos
É ativo principalmente nas primeiras horas da manhã, no final da tarde e à noite. Passa o dia descansando nas áreas mais protegidas das florestas.
Costuma banhar-se na lama: isto ajuda a refrescar o corpo e o protege contra picadas de insetos e contra incômodos provocados por parasitos como carrapatos.
Comumente formam grupos de dez a 14 indivíduos, constituídos em sua maioria por fêmeas e suas crias. O macho adulto é normalmente solitário e territorialista. Os limites do seu território são marcados com urina e fezes e, também, patrulhados contra a invasão de outro macho. Um fato curioso é que esse animal costuma empilhar suas fezes de modo que fiquem mais visíveis e, para isto, conta com o auxílio dos cornos. Quando dois rivais se encontram fazem um ritual que envolve investidas com os cornos, mas dificilmente ocorrem lutas sérias. Conflitos intensos acontecem normalmente apenas pela disputa de uma fêmea no cio. Após acasalar-se, a fêmea abandona o território do macho.
Pode deslocar-se diariamente por mais de 15 km num passo semelhante a um trote, que pode atingir 24 km/h. Também, costuma dar galopes, atingindo a velocidade de 50 km/h, por curtas distâncias.
Alimentação
É herbívoro. Alimenta-se preferencialmente de gramíneas.
Reprodução
A maturidade sexual é atingida entre quatro e seis anos para as fêmeas, e entre sete e dez anos para os machos. O acasalamento pode ocorrer em qualquer época do ano. O casal permanece junto entre cinco e 20 dias e a corte inclui perseguições e investidas com os cornos.
O período de gestação dura entre 16 e 18 meses. Nasce apenas um filhote, que pesa de
A fêmea dá à luz, normalmente, a cada dois ou três anos e ela separa-se do filhote mais velho logo após o parto de um novo filhote.
Principais ameaças
A principal ameaça à espécie é a caça predatória para abastecer o comércio internacional ilegal de cornos de rinoceronte. Acredita-se que estes tenham poderes afrodisíacos e medicinais, mas sem comprovação científica. Estima-se que atualmente cerca de 95% dos cornos de rinocerontes provenientes da África abastecem os mercados ilegais do continente asiático, sendo a China, o Vietnã e a Índia os principais destinos. O corno de rinoceronte tem dois usos principais: na medicina tradicional chinesa (como redutor de febre) e ornamental. Recentemente, o corno de rinoceronte se tornou um produto altamente valorizado para se fazer artefatos esculpidos de alto status, como tigelas e pulseiras. No passado, em alguns países do Oriente Médio, já era usado na confecção de cabos para armas cerimoniais.
Estratégias de conservação
Em 1977, todas as espécies de rinocerontes africanos foram listadas no Apêndice I da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens em Perigo de Extinção (CITES), ficando proibido todo o comércio internacional de rinocerontes e seus produtos. No entanto, após o aumento contínuo em números, a população sul-africana de rinoceronte-branco-do-sul (Southern White Rhino) foi rebaixada em 1994 para o Apêndice II da CITES, mas apenas para o comércio de animais vivos para “destinos aprovados e aceitáveis” e para a continuidade da exportação de troféus de caça. Em 2004, o rinoceronte-branco-do-sul de eSwatini (antiga Suazilândia), também, foi rebaixado para o Apêndice II da mesma Convenção, mas apenas para a exportação de animais vivos e para exportação limitada de troféus de caça de acordo com as cotas anuais estabelecidas. Vale esclarecer que as espécies incluídas no Apêndice I da CITES são consideradas ameaçadas de extinção e que são ou podem ser afetadas pelo comércio. Aquelas que são incluídas no Apêndice II, embora atualmente não se encontrem ameaçadas de extinção, poderão chegar a esta situação, a menos que o comércio esteja sujeito a regulamentação rigorosa.
A proteção de subpopulações de rinoceronte tem sido crítica. Muitos dos remanescentes desses animais estão agora concentrados em santuários cercados, áreas de conservação e de preservação, e zonas de proteção intensiva onde os esforços de aplicação da lei podem ser concentrados em níveis eficazes. O monitoramento também forneceu informações para orientar a tomada de decisões de manejo de subpopulações, visando rápido crescimento populacional. Isso resultou na translocação, isto é, transferência de indivíduos selvagens de uma área de ocorrência para outra, de animais excedentes para formar novas subpopulações.
Na tentativa de combater a caça predatória, estão sendo desenvolvidas várias iniciativas internacionais sob a coordenação do Grupo de Especialistas em Rinoceronte Africano da IUCN/SSC.
Além disso, as instituições que mantêm esses animais sob cuidados humanos, como os zoológicos capazes de lhes proporcionar elevados níveis de bem-estar, exercem um papel fundamental na sua conservação integrada. Dentre as várias ações desenvolvidas nesses locais, vale destacar as pesquisas científicas em diversas áreas, o que têm possibilitado conhecê-los melhor. Outra contribuição importante é o desenvolvimento de ações de educação para conservação que possibilitam a conexão das pessoas a esses animais, uma contribuição valiosa na luta para se proteger espécies da extinção.
Animais que estão sob os cuidados do Zoológico de Belo Horizonte/FPMZB
O Zoológico de Belo Horizonte mantém sob seus cuidados um único indivíduo dessa espécie – a fêmea “Luna”. Ela nasceu em 04.05.1970 e chegou ao Zoológico de BH em 04.12.1972, vinda de um zoológico da Alemanha Ocidental. Atualmente, com 51 anos, esse animal já superou a expectativa de vida para a espécie. A “Luna” apresenta uma conjuntivite crônica. Por duas vezes ao dia a equipe da Seção de Veterinária faz a higienização da secreção que acumula nos seus olhos e aplica medicamento sempre que necessário.