18 July 2025 -
Muito mais do que uma diretriz legal, o estudo da História e das culturas afro-brasileira e indígena é uma jornada essencial para a compreensão de quem somos. Inspirada pelo art. 26-A da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a Rede Municipal de Belo Horizonte tem dado vida a essa premissa, com projetos que conectam os(as) estudantes às suas raízes, de forma criativa e sensível.
Conheça três experiências que mostram como essa conexão está sendo construída desde a infância.
EM Hugo Werneck
Estudantes aprendem, de forma prática, sobre culturas originárias brasileiras
Foto: Acervo EMHW
#paratodosverem: na foto, há crianças uniformizadas em uma biblioteca escolar. Algumas estão sentadas em pufes coloridos; outras, de pé, seguram livros abertos ou fechados. À esquerda, vê-se uma janela gradeada com cortinas brancas. À direita, uma estante com livros.
Na Escola Municipal Hugo Werneck (EMHW), a viagem pelas raízes do Brasil começa cedo. Na proposta pedagógica voltada à Educação Infantil, a escola promoveu um mergulho no universo dos povos originários. Durante o primeiro semestre, as crianças não apenas aprenderam sobre as culturas indígenas, mas também as vivenciaram.
Os(As) estudantes ouviram histórias de escritores(as) indígenas, divertiram-se com brincadeiras tradicionais e exploraram a beleza dos grafismos em atividades artísticas. A descoberta passou também pelos sabores, com a exploração de alimentos como a mandioca e o coco, culminando em um grande lanche coletivo que integrou as turmas em um momento de partilha e celebração.
“Estar com as crianças nesse caminho de descobertas foi enriquecedor. Elas se mostraram muito abertas, curiosas e sensíveis”, relata a professora Danusa Almeida Limeira.
Para a coordenadora pedagógica Maísa Dorotea Leite Silva a experiência foi transformadora: “Ver as crianças se conectando com as histórias, cantos e saberes dos povos originários é emocionante. Elas começam a entender desde cedo a importância da diversidade. Como educadora, me sinto honrada por contribuir com essa construção de consciência e identidade.”
EM Des. Loreto Ribeiro de Abreu
Estudantes participam de atividade com pataxós
Foto: Acervo EMDLRA
#paratodosverem: na foto, um indígena com cocar azul e roupa tradicional fala ao microfone e segura um maracá, enquanto outro caminha à frente, com crianças enfileiradas atrás dele.
A Escola Municipal Desembargador Loreto Ribeiro de Abreu (EMDLRA) foi além dos livros e trouxe a história para dentro de seus muros. No dia 28 de maio, os(as) estudantes tiveram a oportunidade inesquecível de receber integrantes da tribo Pataxó, transformando a teoria em um encontro humano e potente.
Em uma roda de conversa, os(as) visitantes compartilharam suas tradições, sua organização comunitária e sua profunda relação com a natureza. As crianças ouviram histórias na voz de quem as vive, aprenderam palavras no idioma Pataxó e se encantaram com o artesanato, a música e as danças tradicionais. Foi um momento mágico, que materializou o aprendizado de forma única.
O projeto ajudou os(as) estudantes a perceberem que a diversidade é uma grande riqueza do Brasil e a compreenderem a importância de lutar pela preservação dos povos que guardam uma sabedoria ancestral.
A professora Cíntia Reis reforça o impacto da ação: "A preservação da cultura e dos costumes dos povos indígenas brasileiros é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa, consciente e respeitosa. Nossas crianças precisam conhecer mais sobre a história, os saberes, as tradições e o modo de vida dos povos originários para que aprendam a valorizar e admirar a diversidade cultural que forma o Brasil. Ao proporcionar esse contato com a cultura indígena em sala de aula, despertam nos alunos o senso de respeito, pertencimento e identidade. É nosso dever, como educadores, garantir que essas histórias não se percam e que sejam transmitidas com orgulho às futuras gerações."
EM Israel Pinheiro
Livro conta a história de Dandara dos Palmares
Foto: Acervo Emip
#paratodosverem: a foto mostra a obra “Dandara além dos Palmares” e cinco redações escritas à mão, em cima de um pano com estampa de animal.
Na Escola Municipal Israel Pinheiro (Emip), a literatura se tornou a porta de entrada para um debate sobre as raízes afro-brasileiras. Tendo como guia o livro “Dandara muito além dos Palmares”, de Edergenio Negreiros Vieira, os(as) estudantes dos Anos Finais iniciaram um projeto que será estendido por todo o ano letivo.
Orientados(as) pelas professoras Simone Lemos e Caroline Peixoto, os(as) jovens mergulham na história e nos valores da cultura africana, refletindo sobre suas imensas contribuições e sobre os desafios do racismo. A jornada pedagógica é rica e diversa, envolvendo teatro, artes visuais, rodas de conversa e produção textual, e culminará na mostra cultural da escola.
A leitura inspira os(as) educandos(as) a escreverem sobre suas percepções e a fortalecerem o conhecimento sobre a luta e a resiliência do povo negro, cultivando valores como solidariedade, respeito e responsabilidade.
“Como professora, acho muito importante poder trabalhar com os alunos sobre as africanidades que fazem parte da nossa história. Eu posso transpor as paredes da sala de aula e explorar novas mídias, textos e livros, como esse ‘Dandara muito além dos Palmares’, que possui uma linguagem muito rica e clara para o entendimento dos adolescentes”, diz Simone Lemos.