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#paratodosverem: na foto, crianças posa ao lado de uma profissional de jaleco branco. À esquerda, um painel colorido exibe a pergunta: “Qual o tamanho da sua fome?” As crianças estão organizadas junto a uma mesa com caixas plásticas e bacias de metal. Algumas usam coletes coloridos e toucas. Ao fundo, vê-se uma escada verde e parte da área externa da escola.
Acervo EMPN

Escola muda rotina para combater o desperdício

criado em - atualizado em

Com escuta, a EM Pedro Nava dá voz às crianças e transforma a relação com a comida

 

O que fazer quando os pratos voltam com comida para a cozinha? Na Escola Municipal Pedro Nava (EMPN), a resposta para o desperdício de alimentos envolveu quem mais importava: os(as) próprios(as) estudantes. A solução nasceu com o projeto “Fiscais do Prato Limpo”, uma iniciativa que apostou na responsabilidade das crianças.

 

Idealizado por Luís Fernando Castilho, coordenador do Programa Escola Integrada (PEI), o projeto começou com a missão de investigação. Um grupo de estudantes foi escolhido para atuar como “fiscais”, cuja principal tarefa era ouvir os(as) colegas e registrar a quantidade de comida descartada, buscando entender os motivos por trás do desperdício.

 

A descoberta foi reveladora. Após conversarem com a supervisora de alimentação e com os(as) colegas, os(as) jovens fiscais identificaram duas razões principais: muitos(as) não comiam certos alimentos por não gostarem, enquanto outros(as) simplesmente recebiam porções maiores do que a fome que sentiam no momento.

 

A solução, genial em sua simplicidade, nasceu dessa escuta. Foram criadas fichas para que cada estudante pudesse sinalizar o tamanho da sua fome antes de receber o prato: fome de passarinho (pouca), fome de gatinho (média) ou fome de leão (muita).

 

O resultado foi imediato e visível. A supervisora de alimentação notou uma redução drástica no descarte, provando o poder transformador de dar voz e autonomia às crianças. Quando se sentiram parte da solução, elas adotaram uma postura mais consciente e cuidadosa.

 

Para Luís Castilho, a maior lição foi ver a transformação dos(as) próprios(as) estudantes: “O que mais me marcou foi ver a mudança no olhar das crianças, a responsabilidade brotando no cotidiano, o cuidado com o outro, a valorização da comida, o respeito por quem a prepara. O projeto me ensinou que, quando confiamos nos estudantes, quando damos voz e vez a eles, abrimos caminhos reais para transformação. Educar para o consumo consciente não exige grandes tecnologias.”

 

Mas o projeto não para por aí. A próxima etapa é fechar o ciclo do alimento de forma ainda mais consciente. Em parceria com a Horta Comunitária do bairro Olhos D'Água, os restos de alimentos serão transformados em adubo por meio da compostagem, nutrindo as hortaliças que, em breve, poderão voltar para o prato de todos(as).