19 November 2025 -
A Secretaria Municipal de Educação (Smed) transformou seu hall de entrada e sua quadra coberta em palcos para celebração da cultura negra na manhã dessa sexta-feira (17). Com o tema “Nós da Terra: Memória, Arte e Esporte - A Ancestralidade no Cotidiano, na Tela e na Luta”, o evento reuniu alunos, educadores e a comunidade para um encontro marcado por uma exposição de arte e uma vibrante roda de capoeira e maculelê.
A iniciativa, realizada das 8h às 13h, foi fruto do trabalho desenvolvido ao longo do ano no programa Escola Integrada, com protagonismo da Escola Municipal Santo Antônio (EMSA). O objetivo foi dar visibilidade às ações pedagógicas que promovem a identidade, a inclusão e a saúde mental, em alusão à Semana da Consciência Negra.
O som do berimbau e o ritmo dos cânticos da capoeira deram o tom do evento, que teve como ponto alto a apresentação do grupo liderado pelo Mestre Mandruvá, do Centro Cultural de Capoeira Terreiro do Brasil. No hall da entrada, painéis exibem pinturas em tela produzidas pelos alunos da oficina de artes da professora Maria Ana Lúcia Rodrigues Oliveira, traduzindo em cores e formas a força da ancestralidade.
Uma construção coletiva e inclusiva
O evento é um desdobramento direto das oficinas oferecidas pela Escola Integrada da EMSA, que atende alunos com necessidades especiais. “Este encontro é o resultado do trabalho dos monitores e dos alunos. Juntamos a oficina de capoeira com todas as outras oficinas para criar este momento”, explicou Gustavo Fernandes Brecia, coordenador da Escola Integrada na instituição.
Para Gustavo, a ação reforça o papel fundamental do programa para as famílias da comunidade. “A gente percebe como os alunos gostam da escola. Para as famílias, muitas de baixa renda e com parentes nessas circunstâncias, ter um suporte do poder público como este faz toda a diferença”, avalia.
Essa percepção é compartilhada pela professora de artes Maria Ana Lúcia. Para ela, a Escola Integrada é um espaço de acolhimento e afeto. “É onde nós podemos acolher todos os alunos e passamos o maior tempo com eles. Eles encaram as atividades com muita seriedade, respeitam a dificuldade um dos outros, se abraçam. Eu vejo aqui muito amor”, afirma.
Um movimento antirracista e anticapacitista
Mais do que uma celebração, o evento se firmou como um posicionamento. Iago Henrique Viana Souto, monitor da oficina de capoeira, ressalta que o projeto abordou temas complexos e necessários, como gênero, autoestima e saúde mental.
“É importante frisar que este é um movimento antirracista e anticapacitista”, explica Iago, que também é morador da periferia e utiliza suas vivências para se conectar com os alunos. Ele relata que a sensibilidade no trato com cada estudante é essencial. “Um olhar diferenciado a partir de tecnologias que nós, brasileiros, temos, como a capoeira e a arte, pode gerar transformações profundas.”
A professora de educação física Serena complementa, destacando o papel da instituição de ensino como um espaço plural. “A escola é lugar de cultura, das culturas e entre as culturas. É um espaço de liberdade. Ações assim são um enfrentamento à intolerância, ao racismo e ao preconceito, mostrando que a diversidade existe e precisa ser respeitada.”
Um legado de décadas
A forte presença da capoeira na rede municipal não é recente. Mestre Mandruvá, uma das figuras centrais do evento, recorda que essa história começou no ano 2000, dentro da própria Smed. “Nós criamos aqui os projetos de primeiro e segundo tempo, que depois evoluíram para a Escola Integrada. Começamos a inserir a capoeira e a percussão, usando até latas de óleo da cantina como instrumentos. Cada um colocou um tijolinho para construir o que existe hoje”, relembra o mestre.
Para ele, a capoeira é uma ferramenta de resgate e cidadania. “Já entregamos muitos jovens para a sociedade como cidadãos, advogados, doutores. A capoeira educa, resgata os jovens da periferia.”
Próximos passos: um novo olhar em documentário
O trabalho de registro e memória continua. Durante o evento, foram exibidas cenas dos bastidores da produção de um documentário realizado com os alunos da E.M. Santo Antônio. Além disso, a equipe da Escola Integrada anunciou que lançará nas próximas semanas um novo documentário, com o mesmo tema, mas focado nos profissionais que atuam nos bastidores da escola.
“Senti a necessidade de registrar quem são as pessoas que cuidam desses alunos. A moça da limpeza, o pessoal do apoio, enfim. A escola inteira é necessária para educar uma criança. É uma forma de reconhecer o protagonismo de todos”, finaliza Iago.
(Res)significando espaços e saberes
Estudantes vivenciam experiências sobre cultura, identidade e ancestralidade

Crédito: Isabella Maria Gangana Ferreira
#paratodosverem: Grupo de crianças e adolescentes posa para foto em frente ao prédio do Centro Cultural Banco do Brasil, em Belo Horizonte. A maioria veste camisetas verdes e sorri, acompanhadas por professoras que participam da atividade educativa.
Durante o primeiro trimestre de 2025, a Escola Municipal Fernando Dias Costa, da Regional Leste, desenvolveu o projeto “(Res)significando espaços e saberes”, uma proposta interdisciplinar que envolveu as áreas de Artes, Língua Portuguesa e História. O objetivo foi levar os estudantes dos 7º e 9º anos a conhecer e ressignificar os espaços e saberes das culturas africanas e afro-brasileiras, a partir da própria vivência e olhar, e não sob a perspectiva de terceiros.
A proposta nasceu do desejo de refletir sobre os espaços que, em tempos passados, foram negados à população negra brasileira. “Em um passado não muito distante, os espaços delegados à população negra eram limitados pela falta de liberdade e de políticas públicas. Hoje, ainda que a presença negra ocupe novos lugares, os olhares enviesados persistem”, explica a equipe pedagógica.
Inspirados pelo provérbio africano “quando não souberes para onde ir, olha para trás e saiba pelo menos de onde vens”, os professores buscaram proporcionar aos estudantes experiências de reconexão com a ancestralidade e a resistência. Assim, a turma visitou o Kilombo Souza, em Santa Tereza, um espaço de memória viva, onde puderam compreender o significado histórico e simbólico dos quilombos como territórios de luta e preservação cultural.
Em diálogo com o presente, os alunos também visitaram o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde conheceram a exposição “Flávio Cerqueira: Um Escultor de Significados”. O passeio levou à reflexão sobre identidade, raça, classe e pertencimento. “O CCBB é um espaço que, por muito tempo, foi frequentado apenas por uma parcela elitizada da sociedade. Hoje, é aberto a todos, mas ainda pode despertar o sentimento de não pertencimento. Essa reflexão foi essencial para nossos estudantes”, destaca a professora Isabella M. G. Ferreira, de Língua Portuguesa, organizadora do projeto.
Para Isabella, a experiência foi transformadora:
“Nós, professores, também aprendemos com nossos estudantes que, para além da teoria, precisamos vivenciar os espaços e escutar as vozes que, por muito tempo, foram silenciadas. Conhecer nosso passado é fundamental para compreender o presente e construir um futuro melhor. Ocupar, resistir, existir, seja qual for o espaço.”
Projeto resgata ancestralidade da comunidade
Iniciativa da Emplo visitou o Grupo Meninas de Sinhá e fez atividades relacionadas

Foto: Acervo EMPLO
#paratodosverem: Um grande grupo de crianças em idade escolar, vestindo uniformes brancos e verdes, posa ao lado de adultos em frente a um muro laranja com um mural vibrante. O mural, que simula grafite, exibe o retrato de uma mulher idosa e sorridente no centro e flores azuis.
A partir da importância da valorização dos mais velhos e mais velhas da comunidade e da sua contribuição ancestral para todas as crianças, temas trabalhados na Semana da Infância 2025, a EMEF Professor Lourenço de Oliveira (Leste) desenvolveu o projeto “Meninas de Sinhá e o Legado de Dona Valdete Cordeiro”.
A partir daí, as crianças mergulharam nas memórias do Grupo Meninas de Sinhá, conhecendo a trajetória inspiradora de Dona Valdete Cordeiro,fundadora do grupo. Em sala, os pequenos ouviram músicas como Caindo Fulô, Abóbora, Vem pra Roda e Peneirei Fubá, investigaram fotos, vídeos e registros do grupo e descobriram como Dona Valdete ajudou outras mulheres a reencontrar o sentido da vida por meio da arte e da amizade.
As famílias também entraram na roda: receberam QR codes com músicas e histórias para escutar em casa e participaram de atividades de letramento, aprendendo junto com as crianças. Um dos momentos mais marcantes foi a recriação coletiva do “bolo de caixa de sapato”, símbolo do aniversário simples e cheio de afeto de Dona Valdete, um gesto que emocionou a todos e que foi exibido na Mostra Cultural da escola.
A culminância do projeto aconteceu com a visita ao Espaço Meninas de Sinhá, no Alto Vera Cruz. As crianças conheceram de perto as integrantes do grupo, ouviram suas canções e histórias e entenderam o poder que há em se reconhecer nas vozes que vieram antes.
“Fundamentar nossos processos educativos em ações como esta pavimenta o caminho de uma verdadeira educação antirracista e que promova a valorização da diversidade”, afirma o diretor Douglas de Castro, celebrando a proposta.
Leitura que potencializa
Estudantes fazem trabalhos sobre o livro “Dandara: Muito Além dos Palmares”

Foto: Acervo Escola Municipal Prefeito Souza Lima
#paratodosverem: Grupo de educadoras e educadores reunidos em uma sala de aula decorada com cores vibrantes e elementos culturais afro-brasileiros. No centro, há uma mesa coberta com tecido estampado e um vaso de flores. Ao fundo, uma projeção exibe o tema: “Quais ações pedagógicas podemos promover para garantir a equidade racial no processo de aprendizagem?”.
Como ensinar cidadania desde os primeiros anos escolares? A Escola Municipal Prefeito Souza Lima o fez com o livro ”Dandara: Muito Além dos Palmares”, ao criar um projeto de leitura para os estudantes do Ensino Fundamental Anos Iniciais e Finais da instituição.
O objetivo do projeto é o Afroletramento dos estudantes, como cumprimento da lei 10.639/03. O Afroletramento é o processo de empoderamento e fortalecimento da identidade dos estudantes afrodescendentes através da leitura, escrita e da valorização da cultura afro-brasileira e africana.
Durante as aulas de literatura do ano, foram feitas leituras e discussões sobre o livro e suas temáticas. Como culminância do projeto, acontecerá a exposição dos trabalhos desenvolvidos pelos estudantes, a partir do tema que mais despertar o interesse individual de cada um deles ou pela sugestão dos professores. A exposição será realizada na Feira da Diversidade em 28/11/2025.
Para a professora orientadora do projeto, Luciângela Amanda Reis, o trabalho tem o intuito de criar uma comunidade escolar mais crítica sobre o tema. “É um trabalho desenvolvido no dia a dia. O intuito é fazer com que a lei 10.639/03 seja desenvolvida de forma efetiva e naturalizada no ambiente escolar, sem necessariamente precisar de uma data específica ou de um evento especial para que essa discussão se faça presente na escola”.
Incentivo, inspiração e celebração das conquistas
Estudantes se encontram com personalidades negras que realizaram seus sonhos

Crédito: Acervo EMEF Lidia Angelica
#paratodosverem: Em uma sala de aula, estudantes estão sentados em círculo ouvindo dois convidados que falam em pé. No centro, há uma mesa coberta com tecido estampado e livros sobre ela. A turma observa atentamente, compondo um ambiente de diálogo e troca.
A EMEF Lídia Angélica desenvolveu um importante projeto para dar voz aos sonhos de crianças e adolescentes pretos e pardos: o Coletivo Vozes e Raízes. O projeto, que surgiu a partir dos sonhos dos próprios estudantes, consiste em rodas de conversa com personagens negras que realizaram seus sonhos e desejos. Atualmente, a iniciativa reúne 37 adolescentes do 7º ao 9º ano, em encontros quinzenais.
As reuniões já contaram com a presença de juízes, bailarinos, geógrafos e outras personalidades negras que mostram às crianças e adolescentes que eles podem - e devem - correr atrás de seus sonhos. Mais do que um espaço de conversa, o Coletivo é um lugar de escuta, troca e inspiração, no qual cada sonho é valorizado e cada voz é celebrada, mostrando que representatividade importa e que todos podem concretizar seus sonhos e desejos.
O projeto vem sendo abraçado por todo a comunidade escolar: “O coletivo é uma iniciativa que considero muito importante e significativa na vida da minha filha e das outras crianças. Um de seus objetivos é a valorização pessoal e o letramento racial para que as crianças se sintam acolhidas e aprendam sobre seus direitos na sociedade, e, para além disso, mostrar como é possível crianças pretas sonharem e alcançar os sonhos”, comenta Carolina Santos, mãe de uma aluna do 9º ano. “Elas, mais que tudo, precisam de muita referência para entender que a opressão e o racismo existem, mas não podem ser fatores determinantes para o seu futuro, e o projeto traz isso para elas, de forma leve e motivacional”, completa.
Bonecos, leitura e diversão no ensino étnico-racial
Com bonecos de pano e aulas práticas, escola impulsiona leituras étnico-raciais

Foto: Acervo Escola Municipal Arthur Guimarães
#paratodosverem: A imagem mostra uma menina sorridente segurando uma boneca de pano e uma sacola de tecido clara. Ela veste uma blusa branca e parece feliz, em um ambiente simples e iluminado. A cena transmite afeto, cuidado e alegria, representando momentos de leitura ou atividades educativas relacionadas à sacola literária.
Como forma de potencializar as discussões de temáticas étnico-raciais, a Escola Municipal Arthur Guimarães, da regional Noroeste, vem organizando diversos projetos que incluem a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e as turmas do Projeto de Intervenção Pedagógica (PIP).
Com o intuito de discutir questões étnico-raciais de forma lúdica com as turmas de 7 a 11 anos do PIP, a escola criou o projeto “A Literatura Étnico-Racial e a alfabetização nas turmas do PIP“, que potencializou o respeito, tolerância e a valorização de questões étnico-raciais por meio da literatura.
No primeiro momento, a escola usou o livro "O Tupi que você fala" de Cláudio Fragata como suporte para as atividades. A partir da contação da história, foram feitos trabalhos interdisciplinares que introduziram os temas de forma lúdica e prática, como a produção de desenhos e escrita de palavras do livro, sorteio das palavras para estudo, formação de palavras com sílabas móveis, escrita de receitas da cultura indígena e muitos outros que se encaixavam no processo de alfabetização dos alunos em defasagem na aquisição da leitura e da escrita.
Um outro projeto organizado pela instituição é o “Meu Amigãozão”, tendo em mente seus estudantes da Educação Infantil e Anos Iniciais. Toda semana um estudante é sorteado para levar um livro acompanhado com um mascote Amigãozão, um bicho de pelúcia que representa o personagem principal do respectivo livro que a criança leva.
Neste ano, todos os livros do projeto da Sacola Literária com o Amigãozão estão dentro da temática etnico-racial. Assim, as crianças podem levar os livros para casa e apreciá-los com seus companheiros de leitura. Desta forma, todos os estudantes têm a oportunidade de conhecer o acervo de literatura étnico-racial da biblioteca.
O projeto “Meu Amigãozão” foi bem recebido pelas crianças, pais e responsáveis. André Luiz Alves Costa, pai de duas alunas, comentou que, além de potencializar hábitos de leitura, a prática também ensina sobre responsabilidade: “Eu e a mãe delas achamos um trabalho muito legal, que ajudou muito no desenvolvimento da leitura e na responsabilidade com o Amigãozão”.
Um olhar para o Quilombo Mangueiras
Projeto valoriza ancestralidade, cultura quilombola e práticas antirracistas na infância

Crédito: Acervo EMEI Jardim dos Comerciários
#paratodosverem: Quatro crianças pequenas, usando uniformes da rede municipal, manipulam argila sobre uma mesa ao ar livre. Elas estão sob a sombra de uma árvore. Ao fundo, aparece um muro de alvenaria e outras crianças brincando no pátio.
Na EMEI Jardim dos Comerciários, na Regional Venda Nova, o projeto A Florzinha no Coração do Quilombo tem promovido o conhecimento e o respeito às relações étnico-raciais, valorizando a cultura e a vivência quilombola a partir da escuta ativa das crianças.
A proposta nasceu das curiosidades e histórias compartilhadas pelos próprios estudantes. Na turma Bem Viver, o processo ganhou ainda mais significado com João Lucas, cuja trajetória familiar está ligada ao Quilombo Mangueiras. Suas memórias e vivências inspiraram rodas de conversa, produções coletivas e atividades que colocaram as crianças como protagonistas da construção do conhecimento.
Entre as experiências vivenciadas, os estudantes participaram de uma sessão de jardinagem com o senhor Adão, figura importante da comunidade, que ajudou no plantio de flores no bosque da escola. O encontro emocionou o grupo, especialmente quando João Lucas convidou o visitante para também plantar uma florzinha no Quilombo Mangueiras — gesto que simbolizou o vínculo entre história, território e afeto.
As crianças escreveram um livro inspirado em uma flor recebida por uma professora, criando uma narrativa coletiva repleta de imaginação, saberes e ancestralidade. Cada estudante ilustrou seu próprio exemplar, resultando em obras singulares que refletem suas percepções sobre a história. O projeto envolveu ainda a confecção de vasos de argila, moldados e pintados pelas crianças, e a criação de telas coletivas que registraram, em cores e traços, o percurso vivido ao longo dos meses.
As reflexões do grupo foram compartilhadas no Seminário Pedagógico de setembro, quando as professoras Deusa, Elizene e Alessandra apresentaram o projeto à comunidade escolar. Também está prevista para novembro a noite de autógrafos do livro A Florzinha no Coração do Quilombo, escrito e ilustrado pelas crianças.
Entre as mães, a emoção foi evidente. Fernanda Ramos Amâncio, por exemplo, afirmou apreciar profundamente o resultado. Para ela, a beleza do projeto está justamente em permitir que as crianças recontem e recriem histórias “do jeitinho delas”, mostrando que são capazes de tudo quando recebem incentivo e encontram educadores que acreditam verdadeiramente em seu potencial.
Afro-brasilidade é celebrada em Festival Regionalizado
Projeto da EMFC buscou a valorização das contribuições pretas à Tecnologia e à Ciência

Foto: Acervo EMFC
#paratodosverem: Em um pátio externo, um grande grupo de crianças e alguns adultos posam sob a sombra de uma árvore. As crianças estão vestidas com trajes de representação cultural, incluindo saias de palha e adereços na cabeça. A cena também inclui barracas com arte ao redor e um balão branco com texto suspenso.
Nos últimos meses, a Escola Municipal Francisco Campos, na Regional Norte, se preparou com entusiasmo para o Festival Regionalizado, organizado pela Gerência da Escola Integrada da Smed, realizado durante o mês de setembro. A escola promoveu um projeto voltado às Ciências, à Arte e às Tecnologias Africanas, celebrando a cultura afro-brasileira. Demais, certo?
A iniciativa foi organizada por Vanessa Caroline de Jesus Morais, coordenadora do Projeto Escola Integrada na escola, e Marli Pereira Gonçalves, coordenadora de turno. Os estudos para o projeto tiveram, como base teórica, o livro “Histórias Pretas das Coisas”, de Bárbara Carine, que possibilitou aos estudantes do Ensino Fundamental o conhecimento de descobertas científicas e tecnológicas realizadas por pessoas pretas.
A partir disso, foram planejadas diversas práticas artísticas, como danças afro, jogos com símbolos adinkras, banners e uma palestra com o tema: “Ciências, Arte e Tecnologias Africanas”.
A palestra abordou a temática do projeto, trazendo a teoria de forma resumida. Foi realizada uma contextualização do continente africano, onde ocorreu o início da história humana e das invenções e descobertas tecnológicas
No dia do Festival, os presentes foram agraciados com a apresentação coreográfica "Ancestralidade e Tecnologias Africanas", inspirada pela cultura afro-brasileira. As baianas, em especial, dançaram com um elemento ancestral, a bacia de alumínio, que continham algumas invenções descobertas por pessoas pretas.
Além disso, puderam brincar com os jogos com símbolos adinkras, jogos da memória com símbolos relacionados aos provérbios africanos.
“Este trabalho veio coroar várias ações que a escola praticava de forma isolada ou pontual e fortaleceu a valorização da diversidade cultural e racial”, conta Jaqueline Alves Flores, diretora da escola.
Dessa forma, os estudantes tiveram a oportunidade de ampliar seus conhecimentos em relação à história do povo africano e a cultura afro-brasileira. Além disso, verificaram que as primeiras descobertas científicas e tecnológicas vieram desse povo e os despertaram para uma visão crítica e social.
Combate ao racismo linguístico com uso da IA
Projeto incentiva pensamento crítico e promove educação antirracista a partir da linguagem

Crédito: Acervo EMEF Francisca Alves
#paratodosverem: A imagem mostra um grupo de seis estudantes sentados em volta de uma mesa. Eles observam um tablet colocado sobre o tampo, sorrindo e interagindo. Os alunos vestem camisetas da Rede Municipal.
Inspirado no livro “Tire o Racismo do Vocabulário”, o projeto desenvolvido na EMEF Francisca Alves envolveu os estudantes do 9º ano em uma proposta inovadora de letramento racial e combate ao racismo linguístico. Durante os meses de outubro e novembro, as aulas de Língua Portuguesa foram dedicadas à reflexão sobre o poder das palavras e à criação de tirinhas educativas com o apoio de ferramentas de Inteligência Artificial (IA).
A iniciativa teve como objetivo ampliar a consciência crítica sobre as expressões racistas presentes no cotidiano, substituindo-as por termos respeitosos e inclusivos. Por meio de rodas de conversa, leitura de trechos do livro e oficinas criativas, os alunos discutiram o impacto histórico e social da linguagem no combate ao racismo estrutural.
Na etapa prática, a turma explorou o uso da IA para ilustrar e criar histórias que apresentassem situações de preconceito linguístico e suas alternativas educativas. O processo envolveu o desenvolvimento de comandos (prompts) detalhados, mostrando aos alunos que a tecnologia pode ser uma aliada no exercício da empatia e na promoção de uma comunicação ética.
As produções finais - tirinhas educativas criadas pelos estudantes - foram reunidas em uma revista escolar e expostas nos murais e corredores da escola, ampliando o alcance das reflexões para toda a comunidade. “Mais do que tomar consciência do racismo expressado por meio da linguagem, os estudantes perceberam o poder que as palavras carregam. Comentaram que, muitas vezes, reproduziam termos sem saber que eram racistas. Esse reconhecimento é o primeiro passo para a mudança”, destaca a professora de Língua Portuguesa Grazielle Cristina de Oliveira Conforti, idealizadora do projeto.
Educação étnico-racial ganha vida em evento especial
Escola faz evento com atividades práticas para discutir diversidade

Foto: Acervo EMEF Hugo Werneck
#paratodosverem: A imagem mostra uma apresentação infantil em um ginásio. Um grupo de crianças, acompanhado por educadoras, participa de uma dança circular. As meninas vestem saias coloridas e floridas, e os meninos usam roupas casuais. Ao fundo, o público assiste atentamente, sentado nas arquibancadas.
A Escola Municipal Hugo Werneck, na região Oeste, organizou um seminário interdisciplinar e coletivo com o objetivo de abordar a diversidade e inclusão a partir de estudos em sala de aula. Todas as disciplinas e campos de experiências foram envolvidos nesse processo, permitindo que o tema fosse aprofundado de maneira integrada, contextualizada e significativa para os estudantes da escola.
O projeto “Educar para as Diversidades”, ocorreu no dia 4 de outubro e teve momentos de pesquisa, discussão, produção artística, leitura de obras literárias, atividades lúdicas e culturais, possibilitando uma abordagem multi perspectiva que ampliou os estudos sobre diversidade, igualdade e respeito fossem trabalhados de forma ampla, promovendo a participação ativa dos estudantes e fortalecendo a consciência crítica desde a Educação Infantil até as demais etapas de ensino.
O seminário contou com a participação de estudantes, educadores, pais e responsáveis, promovendo discussões e atividades que visam ampliar o diálogo e aumentar a consciência sobre preconceitos e exclusão.
Como destaque, ocorreu uma palestra com a escritora Rosa Margarida, que também se dedica à formação de professores para a implantação da Lei Federal 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade da história e cultura afro-brasileira e indígena no currículo escolar. Durante a palestra, Rosa abordou a importância da diversidade e da inclusão no ambiente escolar, destacando que a escola é um espaço onde os estudantes constroem as bases para a formação de suas identidades e valores.
Durante o seminário, os participantes puderam desfrutar de apresentações culturais incríveis, incluindo uma vibrante mostra de música afro-brasileira, dança urbana e percussão com tambores e latas, além disso, foram oferecidas oficinas que celebraram as culturas, como a confecção de colares e pinturas, que incentivaram a criatividade dos alunos e de toda a comunidade escolar.
Por fim, a culminância apresentada nos painéis, atividades e eventos foi reflexo do engajamento de toda a comunidade escolar e da integração entre as diferentes áreas do conhecimento no cotidiano pedagógico, tornando o tema da diversidade parte central e transversal da formação dos alunos.
Professora para Educação Infantil na escola municipal Hugo Werneck, Flávia Nabaia Carvalho Duarte comentou que o seminário foi uma experiência muito proveitosa para toda a comunidade, “A prática desenvolvida durante o seminário sobre diversidade foi extremamente enriquecedora para todos os envolvidos. Para os alunos, proporcionou um espaço de aprendizado significativo, onde puderam explorar diferentes formas de expressão, conhecer novas culturas e refletir sobre respeito e inclusão. Os professores também vivenciaram um momento de grande crescimento profissional, ao trabalhar o tema de forma interdisciplinar e colaborativa, observando o impacto positivo dessas ações na formação dos estudantes. E para a comunidade escolar, o projeto fortaleceu a sensação de pertencimento e o compromisso coletivo com um ambiente mais justo e acolhedor. Todos nós aprendemos que valorizar a diversidade é fundamental para construir uma escola melhor e uma sociedade mais consciente e respeitosa”.
Projeto Afro 2025 promove práticas antirracistas
Atividades reforçam o compromisso da EMEF com a inclusão e a representatividade

Crédito: Sidnei Marinho de Souza
#paratodosverem: A imagem mostra uma exposição escolar com retratos de crianças usando coroas desenhadas sobre fundos coloridos. Abaixo, há diversas maquetes de casas e prédios feitos com papel e papelão, pintados em cores vivas como azul, rosa, verde e amarelo.
Com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre as relações étnico-raciais e fomentar práticas educativas inclusivas, a EMEF Marlene Pereira Rancante desenvolveu, ao longo de 2025, o Projeto Afro. A iniciativa envolveu toda a comunidade escolar - desde a Educação Infantil até os anos finais do Ensino Fundamental - e contou com a participação do Atendimento Educacional Especializado (AEE), da Escola Integrada (PEI) e da equipe do PAS (Psicóloga e Assistente Social).
Atividades em sala de aula abordaram temas como identidade, cultura afro-brasileira e indígena, preconceito, racismo e autoestima. Entre as ações desenvolvidas estiveram leituras e releituras de obras literárias, pesquisas orientadas, oficinas de dança afro e de hip hop, confecção de instrumentos musicais, trabalhos envolvendo grafismo, pinturas em tecido e tela, além da produção de maquetes, máscaras africanas e mandalas de grãos.
A culminância aconteceu no dia 8 de novembro, durante a tradicional Feira Afro, um sábado cultural que reuniu estudantes, famílias e educadores. O evento foi marcado por apresentações artísticas de música e dança, exposições de trabalhos e uma vivência sensorial na sala “IUP 6 D”, dedicada à valorização das mulheres negras e indígenas. O encerramento contou com um almoço temático, celebrando a ancestralidade e a união da comunidade escolar.
Para o professor de História Renan Ribeiro, “projetos como esse são de fundamental importância para compreensão crítica da história brasileira e para a construção de uma escola mais inclusiva e democrática”. A professora Ana Paula Teixeira também destacou o sucesso da Feira Afro-Indígena: “Os alunos brilharam com lindas exposições e apresentações de danças, celebrando a diversidade com talento e alegria”.
A psicóloga escolar Alessandra Pinheiro reforçou a importância da escuta e da afetividade no processo: “Ao introduzir poemas de Conceição Evaristo e Eliane Potiguara em um ambiente imersivo, criamos um espaço de acolhimento e reflexão sobre a identidade, a resiliência e a ancestralidade. Foi uma vivência transformadora para toda a comunidade escolar”.
