O processo de urbanização acelerado e nem sempre planejado, acompanhado de uma taxa crescente de impermeabilização do solo, vem pressionando de forma importante as infraestruturas de drenagem das cidades do Brasil e do mundo. Esse panorama se reflete, principalmente, na intensificação e agravamento dos alagamentos e inundações urbanas, sendo esta a nova realidade que se apresenta como problemática prioritária, considerando sobretudo os cenários de mudanças climáticas que já se confirmaram.
A presença de inúmeros cursos d’água que, por seu grande potencial hídrico, conferiu no passado a escolha de Belo Horizonte como capital mineira, hoje nos remete à necessidade de fortalecimento de políticas de proteção e recuperação ambiental, controle de cheias, prevenção e defesa contra inundações.
As bacias hidrográficas do Município são consideradas pequenas (de cabeceira). Essa característica, aliada ao relevo íngreme, à alta taxa de impermeabilização, à ocupação das áreas contíguas aos cursos d’água e às chuvas cada vez mais intensas, implicam em inundações extremamente rápidas, com grande potencial de risco para a população e de danos nas infraestruturas.
Um dos instrumentos mais relevantes indicados para gestão do risco de inundações é a sua caracterização por meio de mapeamento dos locais que possuem maior potencial de risco dessas ocorrências.
Determinar os locais onde podem ocorrer eventos de inundações é o primeiro subsídio para o estabelecimento de medidas destinadas ao controle do uso e ocupação do solo, para a identificação e o planejamento de intervenções que viabilizem a redução do risco e para a definição de protocolos de alerta e ações de proteção e defesa contra inundações, buscando a diminuição da vulnerabilidade das pessoas.
Este mapeamento, denominado como Carta de Inundações de Belo Horizonte, foi realizado no município em 2009 e disponibilizado para consulta no site da Prefeitura e, mais recentemente, no sistema BH Map.
A Carta de Inundações de Belo Horizonte de 2009 foi elaborada com base em estudos de modelagem hidrológica e hidráulica e com informações colhidas junto à população residente ou trabalhadora nestas áreas, que permitiram um maior conhecimento das respostas aos eventos de chuva nas bacias hidrográficas da cidade, inclusive possibilitando a identificação de regiões com maior grau de vulnerabilidade.
Mais recentemente a Prefeitura de Belo Horizonte, avaliou a necessidade de atualização do Instrumento Carta de Inundação, dando prioridade, num primeiro momento, para a Bacia Hidrográfica do Ribeirão Arrudas, por ter sido esta, bastante sensível aos eventos extremos recentes.
A atualização do instrumento para a Bacia do Ribeirão Arrudas foi realizada pelos pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, por meio da Fundação Christiano Ottoni – FCO, e se baseou em elementos atuais, como a existência de série temporal de dados climatológicos e hidrológicos proveniente da rede do Sistema de Monitoramento do Município, o mapeamento topográfico e de uso de solo do território municipal, e a utilização de modernos modelos hidrológico e hidráulico integrados. Foram obtidos, além das envoltórias máximas de inundação, resultados espacializados de profundidade, velocidade, risco hidrodinâmico e tempo de chegada de inundação.
A Carta de Inundação do Ribeirão Arrudas também está disponibilizada no sistema BH Map, que integra diversas informações georreferenciadas do município. Importante destacar que a Administração Municipal está viabilizando os meios para uma atualização da Carta de Inundações também das bacias hidrográficas do Ribeirão do Onça e do Ribeirão Isidoro, seu principal afluente.
No tocante à temática inundações, é fundamental que se tenha a compreensão de que os locais próximos aos cursos d’água sempre estarão sujeitos a algum nível de risco , mesmo que estas áreas não estejam identificadas na Carta de Inundações, pois as cheias são fenômenos naturais, contínuos e que podem ter sua dinâmica intensificada em decorrência de intensa urbanização e de cenários de mudança climática.
Por fim, ressalta-se que a mitigação do risco de inundações, passa, além das ações planejadas e executadas pela Prefeitura de Belo Horizonte, por ações individuais e/ou coletivas, tais como:
- Preservação de áreas vegetadas nos terrenos;
- Adoção de dispositivos individuais que reduzem vazões, denominados usualmente como dispositivos de Controle na Fonte ou Soluções Baseadas na Natureza (SBN), tais como: caixas de detenção, jardins de chuva, poço de infiltração, telhados verdes dentre outros;
- Não ocupação das margens de cursos d’água, talvegues naturais de drenagem e faixas de implantação de redes de drenagem pluvial;
- Adoção de medidas protetivas para tornar as edificações mais resilientes, como definir cotas adequadas de implantação das estruturas e não proposição de edificações subterrâneas nos locais críticos;
- Conhecimento e aplicação das orientações da Defesa Civil durante situações de emergência.
Carta de Inundações 2009
Carta de Inundações da Bacia do Ribeirão Arrudas 2023
Acesso BH MAP