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Estátua de Tiradentes no cruzamento das avenidas Afonso Pena e Brasil. Foto: Adão de Souza
Foto: Adão de Souza

Tiradentes: muitas formas, um ideal de liberdade

criado em - atualizado em

Um homem de túnica, cabelos compridos, barba espessa e uma corda pendurada no pescoço olha a Avenida Afonso Pena do alto de um pedestal: esta é a estátua de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, personagem importante da história mineira. Situada na praça que leva seu nome, no cruzamento com a Avenida Brasil, no Centro, a escultura em bronze mostra a figura histórica a caminho do enforcamento.  

 

Um dos principais nomes da Inconfidência Mineira, Tiradentes foi dentista, tropeiro, minerador, comerciante e militar que atuou nas capitanias de Minas Gerais e Rio de Janeiro no século XVIII. Por falta de recursos, o inconfidente não fez estudos regulares e aprendeu o ofício de cirurgião dentista com um tio, o que lhe deu o apelido de Tiradentes.

 

Depois de um ano morando no Rio de Janeiro e descontente com ações da Coroa, Tiradentes voltou às Minas Gerais e começou a pregar, junto com outros insatisfeitos do clero e da elite mineira, em Vila Rica e arredores, a favor da independência daquela capitania: nascia assim a Inconfidência Mineira.

 

Em 1789, após ser delatado por Joaquim Silvério dos Reis em troca do perdão de suas dívidas, o movimento foi descoberto e interrompido pelas tropas oficiais.  Foram presas 34 pessoas, das quais cinco eram padres, iniciou-se a investigação e o processo dos acusados, que durou dois anos. Em abril de 1792, os inconfidentes receberam suas penas: onze condenações à morte, cinco a degredo perpétuo e várias condenações à prisão. Todos perderam os seus bens. Das condenações à morte, só foi mantida a de Tiradentes, sendo as demais transformadas em degredo perpétuo por D. Maria I.

 

Tiradentes morreu no dia 21 de abril de 1792, executado na Praça da Lampadosa, no Rio de Janeiro. Seu corpo foi esquartejado, ficando sua cabeça exposta em Vila Rica e seus membros espalhados em postes no caminho entre Minas e Rio de Janeiro. Com a morte de Tiradentes, a Coroa portuguesa quis demonstrar uma punição exemplar para desencorajar qualquer revolta contra o regime colonial. Com o passar dos anos, o efeito foi contrário: Tiradentes tornou-se mártir da Independência e da República.

 

A construção de um mito

No século XX, republicanos buscaram em sua figura a personificação da identidade nacional, assemelhando-o a Jesus Cristo. Esta imagem construída, associada ao ideal de liberdade e ao sacrifício, tem outra versão na escultura em bronze em frente à Assembleia Legislativa, de autoria de Leo Santana.

 

Gravada no imaginário dos mineiros, essa imagem é bem diferente do Tiradentes real: relatos da época descreviam-no como um homem alto, grisalho e com barba aparada. A capital mineira também tem outra versão de estátua do personagem, assinada por José Synfronini de Freitas Castro e aprovada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Elaborada a partir de um estudo histórico da PMMG, a escultura traz o inconfidente sem barba e cabelo comprido, pois um condenado à execução da época não poderia ter cabelos que escondessem a forca.

 

Dia 21 de abril, dia da execução de Tiradentes, é feriado nacional. A antiga Vila de São José do Rio das Mortes foi renomeada em sua homenagem. Tiradentes, considerado herói e Patrono Cívico do Brasil, foi homenageado no Carnaval de 1949, pela escola de samba Império Serrano, e em 2008, pela Unidos do Viradouro.

Em 1953, a escritora Cecília Meireles homenageou o ideal dos inconfidentes na obra poética Romanceiro da Inconfidência. A história de Tiradentes já foi tema de cerca de 12 obras, entre livros, filmes e minisséries. Muitas imagens foram construídas em torno desta importante figura histórica: em todas elas, permanece a força da luta pela liberdade.

 

Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Tiradentes

http://www.suapesquisa.com/tiradentes/

https://www.ebiografia.com/tiradentes/

https://educacao.uol.com.br/biografias/joaquim-jose-da-silva-xavier-tiradentes.jhtm

http://www.uai.com.br/app/noticia/e-mais/2015/06/14/noticia-e-mais,168651/por-tras-das-esculturas-espalhadas-por-bh-ha-casos-de-censura-e-perse.shtml