25 September 2025 -
O “Música de Domingo” promove uma edição especial neste domingo (28), abrindo as comemorações dos 75 anos do Teatro Francisco Nunes. A programação começa às 10h com cortejo do “Bloco Oficina Tambolelê”, saindo da entrada principal do Parque Municipal até o largo do teatro. A festa continua com a “Babadan Banda de Rua”, convidando o maestro cubano Néstor Lombida e a cantora Rita Beneditto para um show que promete celebrar a música afro-brasileira.
As apresentações integram as ações do Circuito Municipal de Cultura. O acesso é gratuito e os ingressos podem ser retirados no site Sympla. Mais informações podem ser obtidas pelo site do Circuito Municipal de Cultura. O Circuito é realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, em parceria com o Instituto Odeon.
A programação especial do “Música de Domingo” exalta a música afro-brasileira e convida o público a ocupar o Parque Municipal e o Teatro Francisco Nunes. Nascido no Bairro Novo Glória há 25 anos, o “Bloco Oficina Tambolelê” é exemplo de existência e resistência ao manter as raízes afro-mineiras na periferia. No dia 28, tamborins, surdinhos, repiniques, caixas e surdos darão o tom do cortejo, que sairá da portaria principal do parque (Avenida Afonso Pena) e fará o percurso até o largo do teatro.
Após a folia, quem assume a programação é o grupo “Babadan Banda de Rua”, com repertório que perpassa os ritmos afro-mineiros, para show ao lado da premiada a cantora Rita Beneditto - umas das principais vozes da MPB contemporânea e da cultura afro-brasileira - e do maestro cubano Néstor Lombida - considerado uma referência no dicionário da música cubana.
A “BaBaDan Banda de Rua” carrega em sua identidade artística uma forte marca da cultura popular e da negritude. Com um repertório predominantemente instrumental, com ênfase em músicas autorais e releituras de renomados músicos brasileiros com arranjos próprios, o grupo tem influências musicais no Candomblé, samba, afro-beat, afro-cubano, jazz, funk, soul, dentre outros.
O trabalho fundamenta-se no estilo musical de bandas dos tempos do Brasil Colônia, onde imperava a sonoridade dos instrumentos de sopro. Sua base percussiva conta com instrumentos como atabaques, djembes, caixas de reinado, patangomes, gungas, reco-recos, entre outros instrumentos utilizados no Reinado Mineiro e no Candomblé.
Rita Benneditto começou sua carreira em São Luís, no Maranhão, aos 15 anos. Desde então, participou de festivais internacionais, ganhou prêmios - como o da Música Brasileira - e realizou turnê por 20 cidades americanas para divulgar o CD “Pérolas aos Povos”. O disco levou Ritta a ser indicada ao Grammy Awards 43rd, na categoria de melhor álbum de pop rock.
Com nove álbuns e diversos singles lançados, Rita Benneditto é considerada uma das principais cantoras da música afro-brasileira. O seu trabalho de maior repercussão é o projeto inovador “Tecnomacumba”, uma intervenção cultural e manifesto de brasilidade que virou fenômeno independente da mídia. O repertório contempla pontos e rezas ligados às religiões de matrizes africanas, mesclados a grandes clássicos da MPB e beats eletrônicos. Seu mais recente CD, “Rita Benneditto convida Jaime Alem”, mostra a riqueza do encontro da voz da cantora com os timbres dos instrumentos de corda do maestro.
O cubando Néstor Lombida Hunt tem uma ampla trajetória na música instrumental. Considerado uma referência no dicionário da música cubana, é pianista, violonista, arranjador e regente, formado na Universidade de Havana e na Escola Nacional de Arte. Com uma vasta experiência, atuou como arranjador da Orquestra da TV Cubana e como regente de Big Bands, como a do Clube de Jazz (Café com Letras).
Radicado em Belo Horizonte há pelo menos 29 anos, tem carreira permeada também pela área acadêmica como professor de arranjo, harmonia, história do jazz e da Música Popular Brasileira em escolas de música como o Cefar (Palácio das Artes).
Teatro Francisco Nunes
Em 1950 era inaugurado pelo prefeito Otacílio Negrão de Lima um dos espaços artísticos e culturais mais emblemáticos da capital mineira: o Teatro Francisco Nunes, localizado no coração da cidade, dentro do Parque Municipal. O nome é uma homenagem ao grande clarinetista e maestro mineiro Francisco Nunes (1875-1934), que criou a Sociedade de Concertos Sinfônicos de Belo Horizonte e dirigiu o Conservatório Mineiro de Música.
O espaço se consolidou como referência na cena musical e na formação de orquestras e bandas na capital mineira, cuja trajetória está diretamente ligada à difusão da música popular e à valorização das tradições da cidade. O palco do Teatro Francisco Nunes também abrigou o nascimento do moderno teatro mineiro em suas mais variadas tendências, como os trabalhos de João Ceschiatti, João Etienne Filho, Jota Dangelo e Haydée Bittencourt.
Em 1980, o teatro passou por uma grande reforma, e desde então funcionou como palco de variados espetáculos e eventos. Fechado para novas reformas em 2009, o espaço foi entregue à população novamente em maio de 2014 totalmente restaurado, ficando entre os mais modernos palcos mineiros, com capacidade para 525 lugares.
Aos 75 anos, o Chico Nunes – como é carinhosamente chamado - segue como um dos mais emblemáticos teatros da cidade, contribuindo para a democratização de diversas frentes culturais. O teatro é palco de importantes espetáculos e eventos, como o Festival Internacional de Teatro Palco & Rua (FIT-BH), Fórum Internacional de Dança (FID), Festival de Arte Negra (FAN), Verão de Arte Contemporânea, Campanha de Popularização do Teatro e da Dança, dentre outros.
Música de Domingo
Nascido na década de 1950, o Música de Domingo apresentou uma programação ininterrupta até 2009. O projeto especial do Teatro Francisco Nunes foi retomado em 2019, mas com a Covid-19 teve novamente suas atividades interrompidas. Intrinsecamente conectado à história de Belo Horizonte, a iniciativa voltou ao calendário cultural da cidade em setembro de 2021, com programação musical gratuita, que abarca as mais variadas facetas da música instrumental e cantada.
Circuito Municipal de Cultura
O Circuito Municipal de Cultura foi criado com o compromisso de oferecer uma programação contínua, em diversos formatos, a partir de ações descentralizadas nas nove regionais da PBH. Desde então, o projeto tem realizado shows, espetáculos cênicos, intervenções urbanas, exibição de filmes e mostras temáticas, além de atividades de reflexão e formação em diferentes linguagens artísticas, reforçando seu importante papel de fomento.
Entre dezembro de 2019, quando foi lançado, e setembro de 2024, data que marcou o fim do Ano IV, o Circuito Municipal de Cultura realizou 1.150 atividades artísticas e culturais, que alcançaram um público estimado de aproximadamente 580 mil pessoas. Incluindo ações presenciais, virtuais e híbridas, a programação ocorrida durante esse período histórico do projeto movimentou a contratação de quase 7 mil artistas e profissionais técnicos da cadeia produtiva da cultura.