20 Maio 2024 -
A Secretaria Municipal de Cultura e a Fundação Municipal de Cultura, em parceria com o Viaduto das Artes, realizam o “Diálogos MAP” com o artista plástico ouropretano Jorge dos Anjos. A proposta é que tanto os bolsistas residentes, quanto o público interessado acessem o processo de criação do artista que envolve pesquisa em vários materiais, em especial, o ferro, como também compreender o diálogo com códigos e vocabulários da cultura afro-brasileira. Jorge dos Anjos irá apresentar a trajetória construída ao longo dos quase 40 anos como artista e, além disso, estimular que as pessoas presentes participem através de perguntas. A atividade, que acontece no dia 28 de maio, às 19h, na Escola Guignard, é o segundo encontro aberto ao público da 9ª edição do Bolsa Pampulha - não há necessidade de inscrições (sujeito à lotação). Para mais informações site Portal da PBH.
Com iniciativa do Museu de Arte da Pampulha (MAP), o “Diálogos MAP” faz parte da programação de atividades presenciais e abertas ao público do Bolsa Pampulha. Neste encontro, será possível entender mais dos processos que levaram à consistência da carreira do artista. Ele irá falar sobre o aprofundamento e ampliação de suas pesquisas sobre linguagem, material e processos. Jorge dos Anjos esculpiu várias obras, a maioria delas com expressões e manifestações culturais afro-brasileiras, e, que estão instaladas em Belo Horizonte, como o Portal da Memória, monumento feito em homenagem às matrizes culturais africanas na Lagoa da Pampulha.
A obra completa a configuração atual da Praça de Iemanjá, importante ponto turístico, de celebração e referência simbólica e afetiva para os candomblecistas, que recebe, desde 1953, a Festa de Iemanjá, considerada patrimônio cultural municipal. Jorge tornou-se ao longo da carreira um dos nomes mais expressivos da arte mineira contemporânea da colaboração em festivais de arte negra.
Para Pollyana Quintella, uma das curadoras da 9ª edição do Bolsa Pampulha, espera-se o diálogo entre “o processo de criação do artista, que muitas vezes não aparece quando se vai numa exposição ou quando você está olhando uma obra, mas que está na fala e no compartilhamento de certos detalhes de bastidores”. Pollyana reforça que “Jorge é um nome de referência, fundamental para a cena artística mineira. Ele é responsável por aliar as tradições escultóricas modernas ao repertório afrodiaspórico, o que faz de sua obra um lugar de negociação entre diferentes esferas sócio-culturais".
Jorge conta que para o “Diálogos MAP” irá apresentar dois vídeos curtos de 1989 para que o público interessado consiga visualizar através das imagens como foi a construção de sua carreira como artista independente. “Eu quero conversar sobre processos de trabalho, campo de referência. Para falar da minha trajetória, eu gostaria de retomar o fim dos anos 80 e início dos anos 90, época em que eu estava indo para uma direção, rumo a uma experimentação. Eu realizei muita coisa, fui consolidando o trabalho de escultura. Então, o que muita gente procura hoje, eu buscava há 40 anos atrás”, explica.
Jorge dos Anjos também assina o monumento Zumbi Liberdade e Resistência - 300 anos, instalado no início da Avenida Brasil, em Belo Horizonte - a obra rememora a imortalidade de Zumbi e Dandara dos Palmares. Também criou a obra Aya, Árvore da Vida pela Vida: Memorial pela Vida da Juventude Negra, instalada no Centro de Referência da Juventude, obra que marca a memória dos jovens negros cujas vidas foram ceifadas pelas forças da opressão. O artista plástico coleciona prêmios em salões nacionais de arte. Desde os anos de 1970, Jorge dos Anjos pesquisa e desenvolve várias possibilidades expressivas das artes visuais. Muito além da capital mineira, ele possui, muitas obras reconhecidas internacionalmente, espalhadas em todo o país em prédios públicos, museus, galerias e coleções.
Dobradinha - Além do “Diálogos MAP”, que é aberto ao público em geral, está previsto nas atividades planejadas para desenvolvimento das pesquisas dos bolsistas uma visita exclusiva ao ateliê do artista. Pollyana explica que vai ser “um encontro muito importante para os bolsistas porque Jorge tem essa intimidade com o material e é uma pessoa que está lidando com esse fazer no ateliê o tempo inteiro. Tem algo que é da solução técnica, deste tipo de construção que pode agregar muito para eles [os bolsistas] como exemplo de solução e experimentação do fazer”. O Bolsa Pampulha reforça com a atividade a sua natureza intercambiável entre artistas de várias gerações.
Sobre o Bolsa Pampulha
O Bolsa Pampulha é um programa consolidado de arte contemporânea e se apresenta como uma das primeiras residências artísticas do Brasil. Sua origem remonta ao Salão Nacional de Arte da Prefeitura de Belo Horizonte, realizado desde 1937. A partir de 2003, passa por uma reformulação e ganha o formato atual, de forma a evidenciar e dialogar com as oportunidades da arte e da cultura contemporâneas.
Uma das principais iniciativas do MAP, instituição vinculada à Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, o Bolsa Pampulha reforça o museu como espaço de formação, pesquisa e experimentação junto à comunidade artística local e nacional, algo testemunhado ao longo de suas edições anteriores. Enquanto política pública de cultura, o Bolsa Pampulha confere visibilidade à trajetória de relevantes nomes das artes visuais brasileiras que passaram pelas residências do programa, como Cinthia Marcelle, Paulo Nazareth, Marilá Dardot, Desali, Janaína Wagner, Rafael RG, Marcellvs L, Luana Vitra, Froiid, entre outros.
Como parte integrante do programa, estão previstos encontros mensais, leituras de portfólio, debates, oficinas, palestras abertas ao público, presencial ou virtual, além de uma Mostra de encerramento e a publicação de um catálogo, ambos com as obras dos bolsistas contemplados. Fazem parte da equipe curatorial as pesquisadoras Juliana Gontijo e Pollyana Quintella e, da tutorial, o artista multidisciplinar Froiid e o pesquisador Lucas Menezes. Em parceria, eles irão contribuir ao longo dos processos de pesquisa, formação, experimentação e criação dos bolsistas.
Descentralização e Território - Descentralizar o fomento à arte contemporânea é uma das propostas desta edição do Bolsa Pampulha. A parceria com o Viaduto das Artes tem como objetivo ampliar esse caráter de democratização artística. O MAP, que se encontra em obras de restauro, segue atuante também por meio do Bolsa Pampulha - que está em sua 9ª edição. Dessa forma, o programa confirma sua expansão pela cidade e mantém o MAP como importante ponto de diálogo e convergência.
Para fortalecer a compreensão da cidade expandida, as residências artísticas desta edição do Bolsa Pampulha se configuram como um intercâmbio cultural em contato constante com o território ampliado de Belo Horizonte, envolvendo especialmente a Região Metropolitana.
Museu de Arte da Pampulha
Inaugurado em 1957, o MAP exerce um relevante papel na formação, desenvolvimento e consolidação do ambiente artístico e cultural de Belo Horizonte. Seu acervo conta com importantes obras e documentos que permitem revisitar a história da arte moderna e contemporânea brasileira, com especial destaque para o seu edifício-sede.
O prédio, projetado por Oscar Niemeyer na década de 1940, é uma referência icônica para a arquitetura moderna brasileira e dos mais representativos cartões-postais de Belo Horizonte. Desde 2016, o Conjunto Moderno da Pampulha é reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
Viaduto das Artes
O Viaduto das Artes é um equipamento cultural e multidisciplinar instalado no Barreiro, região periférica de Belo Horizonte. Conta com galeria de arte, biblioteca, ateliês, jardim de esculturas, espaços formativos e expositivos instalados no baixo do viaduto Engenheiro Andrade Pinto, na avenida Olinto Meireles, 45. Com área aproximada de 1 mil m², o local recebe eventos em vários formatos, como exposições, shows, oficinas, espetáculos teatrais, entre outros.
O Viaduto das Artes mantém diálogo cotidiano com a comunidade ao redor, e trabalha em prol do impacto cultural, educacional e social naquele território. A região, que engloba mais de 300 mil habitantes, exibe um cenário de tensões sociais e econômicas comuns à periferia de qualquer grande cidade brasileira. O equipamento cultural cumpre um raro papel de aproximação e transformação junto a essa vizinhança.
Serviço
Diálogos MAP - 9ª edição do Bolsa Pampulha
Palestra com Jorge dos Anjos
28 de maio, às 19h
Escola Guignard: Rua Ascânio Burlamarque, 540, Mangabeiras
Entrada gratuita
Mais informações em: pbh.gov.br/bolsapampulha