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Cabelereira mostra o selo BH sem Racismo.
Foto: Patrícia Nogueira/PBH

Prefeitura certifica empresas e instituições que promovem a igualdade racial

criado em - atualizado em

Estimular, apoiar e reconhecer instituições que possuem, em suas práticas de gestão, ações no campo da promoção da igualdade racial, do enfrentamento do racismo e do combate à discriminação étnico-racial. Esse é o objetivo do Programa de Certificação em Promoção da Igualdade Racial de Belo Horizonte coordenado pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio das secretarias municipais de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania (Smasac) e de Cultura, e da Fundação Municipal de Cultura. Em três anos de programa, 33 instituições receberam o selo BH sem Racismo.

 

As inscrições estão abertas para a certificação de 2019 e as instituições, públicas e privadas, associações civis e empresas com atuação no município, podem se candidatar até o dia 31 de dezembro, nas categorias Compromisso e Excelência.

 

Fernanda Abdallah, proprietária de um restaurante que recebeu o selo BH sem Racismo na categoria Compromisso, destaca que o estabelecimento busca divulgar a origem dos pratos, ampliar o espaço de comunicação e a decoração do espaço, promovendo, assim, o conhecimento e a valorização das culturas negra e indígena.

 

Ela explica que o quadro de funcionários do restaurante é formado, em sua maioria, por negros. “Uma das formas de promover a igualdade racial é dar oportunidade de trabalho. Às vezes, achamos que está tudo bem e não precisamos fazer mais nada. Quando iniciamos a conversa sobre a possibilidade de ter a certificação da Prefeitura, encontramos muitas ações que poderíamos fazer para promover a igualdade racial e combater a discriminação étnico-racial. Ganhar o selo BH sem Racismo nos despertou, e fez observar a realidade e enxergar a desigualdade de oportunidades”, afirma. 

 

Proprietária de um estabelecimento em processo de certificação na categoria Excelência, Janaína Ribeiro é cabeleireira e atua na formação de cabeleireiros afro em um curso profissionalizante da Pedreira Prado Lopes. A cabeleireira pontua que o trabalho desenvolve o resgate da autoestima, dignidade, empoderamento e a valorização dos afrodescentes, em especial das mulheres.

 

“As nações na África se dividiam de acordo com o tipo de penteado. Isto é interessante e forte. Quando você faz um penteado afro, você não está trabalhando só a cabeça da pessoa, você desenvolve um conjunto de ações de acordo com a necessidade de cada um. Cerca de 90% dos meus clientes são negros, a maioria é formada por mulheres que saem radiantes, empoderadas e felizes, se sentindo lindas. Elas vêm de longe, depois de um dia de trabalho, para poderem fazer alguma coisa no cabelo. Essas mulheres chegam com uma carinha triste e no final tenho a gratificação do sorriso estampado e o agradecimento contínuo”, comemora Janaína Ribeiro.

 

A cabeleireira enfatiza a importância da promoção da igualdade racial, do enfrentamento do racismo e do combate à discriminação étnico-racial. “É muito importante que as empresas busquem a certificação, se conscientizem e sejam condizentes em sua atuação. Não adianta dizer que não é racista e não fazer nada. O selo é uma conquista do reconhecimento da valorização da cultura negra e da inserção dessas pessoas no mercado de trabalho”.

 

A diretora de Políticas para a Igualdade Racial da Smasac, Makota Kisandembu, ressalta que, ao receberem o selo BH sem Racismo, as instituições assumem publicamente o compromisso de desenvolver ações de combate ao racismo e promoção da igualdade racial no ambiente de trabalho, aliando a produtividade de sua equipe ao desenvolvimento humano.

 

“A certificação integra nossa Política Municipal de Promoção da Igualdade Racial que, entre outras ações, busca valorizar a diversidade étnico-racial da população como um catalisador para o desenvolvimento econômico e social da cidade”, destaca Makota Kisandembu.

 

 

Compromisso e Excelência

As duas categorias do selo BH sem Racismo são Compromisso e Excelência. A primeira é voltada para as empresas que ainda não desenvolvem ações de promoção da igualdade racial, mas que se comprometem a fazê-lo, apresentando um plano de trabalho com ações a serem desenvolvidas ao longo de dois anos.

 

A segunda categoria é destinada às instituições que já desenvolvem ações e que cumprem os requisitos do edital – também sendo necessária a apresentação de um plano de ação da instituição para os próximos dois anos.

 

“A intenção da certificação é incentivar que empresas e instituições caminhem ao lado do poder público no combate às diferentes formas de racismo, atuando dentro de seus espaços na promoção da igualdade racial e que isso seja feito de forma permanente e não pontual”, explica a secretária municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania, Maíra Colares.

 

As empresas interessadas em se inscrever no Programa de Certificação em Promoção da Igualdade Racial de Belo Horizonte podem acessar o portal da Prefeitura.

 

 

17/07/2019. Selo de Igualdade Racial. Fotos: Stênio Lima/PBH