14 November 2024 -
A Prefeitura de Belo Horizonte participa de mais uma etapa do Plano de Ação Territorial para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção Espinhaço Mineiro (PAT Espinhaço Mineiro), que reúne profissionais de distintas áreas, instituições acadêmicas e de pesquisa de Minas Gerais e de outros estados brasileiros, além da sociedade civil, para a conservação de 24 espécies Criticamente Ameaçadas de extinção e atualmente não contempladas por nenhum instrumento de conservação oficial (CR Lacunas), sendo 19 espécies da flora, três espécies de peixes e duas espécies de invertebrados que fazem parte do território Espinhaço Mineiro.
O plano é coordenado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF- MG) e foi desenvolvido como uma estratégia integrada para a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais dos ecossistemas presentes na região da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço. O objetivo é conciliar a proteção da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos com o desenvolvimento socioeconômico das comunidades locais. Vale ressaltar que o PAT está inserido no âmbito da Estratégia Nacional para a Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção - Projeto Pró-Espécies: Todos contra a Extinção.
Dentre as ações do PAT, a ação 2.9, coordenada pela bióloga Nadja Simbera Hemetrio da Gerência de Planejamento e Informações Ambientais da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, visa desenvolver e estimular projetos de Ciência Cidadã e a participação da comunidade no processo de registro de espécies do Espinhaço Mineiro, principalmente as CR Lacunas, alvos do PAT, direcionando e/ ou somando-se aos esforços dos cientistas formais e às iniciativas para sua conservação.
- Tecnologia a serviço da conservação
O Guia de Espécies e Ciência Cidadã do PAT Espinhaço foi organizado pela bióloga da Fundação de Parques Municipais, Nadja Simbera Hemetrio, com o apoio técnico de profissionais de várias instituições científicas e acadêmicas como Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Juiz de Fora, Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) e da própria Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, instituição da Prefeitura de Belo Horizonte.
O guia traz um passo-a-passo sobre como realizar o registro das espécies-alvo pela plataforma iNaturalist, além de informações, desenhos e fotos das plantas e animais definidos pelo Plano de Ação. Vale ressaltar que qualquer pessoa, em qualquer lugar, pode, por meio da plataforma iNaturalist, fazer a inserção de fotos e de sons capturados nas áreas de ocorrência das espécies, com sua localização geográfica.
O envio pode ser feito pelo computador, tablet ou via aplicativo de celular. Este é um aplicativo gratuito utilizado em vários países para registro da biodiversidade. É possível identificar as espécies por meio de sugestões da inteligência artificial e por meio de sugestões de outros usuários, incluindo especialistas. A identificação das espécies é validada pelos usuários e especialistas. Após a etapa de validação, os dados, que são abertos, passam a compor o Sistema Global de Informação sobre Biodiversidade (GBIF) juntamente com os acervos de coleções biológicas.- Compartilhando valiosos conhecimentos
Entre as ações propostas pelo Plano está a realização de oficinas nas localidades de ocorrência das espécies ameaçadas. As ações da chamada Ciência Cidadã, articulada pela bióloga Nadja Simbera, tiveram início em 2023 com oficinas nos parques das Mangabeiras, Serra do Curral, Jacques Cousteau, Ecológico Francisco Lins do Rego (da Pampulha) e na Zoobotânica, tendo como foco uma das espécies-alvo do PAT Espinhaço, a Aspilia belo-horizontinae, que possui um único registro em Belo Horizonte no ano de 1958. Ao todo, 80 pessoas participaram das oficinas de Ciência Cidadã no município de Belo Horizonte.
Em 2024, já foram realizadas 13 oficinas que contaram com a participação 361 pessoas. Isso significa que, desde o ano passado, quase 450 pessoas de cidades e localidades distintas como: Belo Horizonte, Santana do Riacho, Jaboticatubas, Morro do Pilar, Itabira (Serra dos Alves), Jaboticatubas, Congonhas do Norte (distrito de Extrema), Ferros, Conceição do Mato Dentro (distrito de Tabuleiro) , Diamantina, Milho Verde (Distrito do Serro) se mobilizaram para participar das ações do Plano. No mês de novembro estão previstas mais oficinas de Ciência Cidadã dessa vez nos municípios de Augusto de Lima, Belo Horizonte, Nova Lima, Mateus Leme, Ouro Preto, Caeté, Gameleira, Botumirim, Grão Mogol e Montes Claros.
É importante destacar que todas as pessoas que atuam diretamente na conservação da biodiversidade já estão colhendo frutos de um trabalho que depende e muito da coletividade. "A Ciência Cidadã tem o potencial de aprofundar o conhecimento dos participantes sobre a biodiversidade e de ampliar a rede de pessoas comprometidas com a conservação da natureza. O trabalho dos cientistas cidadãos pode somar-se ao importante trabalho dos cientistas de profissão que estão buscando as espécies-alvo do PAT Espinhaço Mineiro, como o dos biólogos do Jardim Botânico de Belo Horizonte que vêm buscando espécies como a Aspilia belo-horizontinae, Barbacenia pungens, Lavoisiera tetragona e Diplusodon glaziovii”, destaca Nadja.
A bióloga ressalta que, quando as espécies são encontradas é possível pensar políticas públicas para protegê-las, bem como ampliar os estudos com o mesmo fim. No Jardim Botânico são depositados testemunhos das espécies no Herbário, são testados métodos para a germinação das sementes e cultivo. Dessa forma, aprender sobre as espécies-alvo é fundamental para a sua conservação.