18 November 2025 -
O Jardim Botânico da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB) vem se destacando no cenário científico nacional por contribuir, por meio do acervo do herbário, em pesquisas acadêmicas, inclusive com resultados inéditos, sobre a flora de Minas Gerais. Nos dois últimos anos, foram identificadas e descritas quatro novas espécies de Asteraceae, família botânica do girassol. As descobertas foram embasadas pelo estudo e análise do acervo do herbário da FPMZB. Os estudos foram liderados pelo pesquisador Vinícius Resende Bueno, bolsista atuante no Jardim Botânico.
Entre as novas espécies identificadas - Calea aggregata, Calea riopardensis, Calea strigosa, Wedelia cangae, Wedelia santosiae e Wedelia riopardensis – a maioria é endêmica de Minas Gerais, à exceção da Calea roqueana, presente também no sul da Bahia. Todas elas se assemelham a margaridas amarelas que ocorrem nativamente em áreas de Cerrado e Campo Rupestre. Além das novas espécies da família Asteraceae, em pareceria com a também bióloga da FPMZB Nadja Simbera Hemetrio, houve a redescoberta de Wedelia egleri, uma espécie que não era coletada em Minas Gerais havia mais de 70 anos.
A nova espécie Calea aggregata foi encontrada no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Santana do Pirapama. Já Wedelia cangae foi identificada em regiões de canga ferruginosa na Serra da Calçada, em Nova Lima. A Wedelia santosiae, coletada em Diamantina, recebeu esse nome em homenagem ao botânico João Ubiratan Moreira dos Santos, notável pesquisador das Asteraceae.
Wedelia riopardensis, por sua vez, foi descoberta no Parque Estadual Serra Nova e Talhado, em Rio Pardo de Minas. Já a redescoberta de Wedelia egleri, após mais de sete décadas sem registros em Minas Gerais, reforça a relevância das expedições científicas e da revisão das coleções históricas para resgatar espécies consideradas perdidas.
Cada nova espécie descrita representa um avanço significativo para a ciência, pois amplia o conhecimento sobre a distribuição das plantas, as relações evolutivas e necessidades de conservação. As descobertas foram publicadas em revistas científicas internacionais, como o Nordic Journal of Botany e a Phytotaxa, o que evidencia o reconhecimento da qualidade das pesquisas conduzidas no herbário do Jardim Botânico da FPMZB.
O estudo detalhado revelou que, embora o herbário ainda seja relativamente jovem e de tamanho reduzido comparando-se a outros existentes no país, ele se mostra bastante rico em variedade de espécies ameaçadas de extinção. Por isso, possui papel fundamental na documentação da biodiversidade regional e no subsídio a pesquisadores de botânica, contribuindo para o avanço das pesquisas sobre a flora nativa, para a formação de novos especialistas e para a valorização do patrimônio natural mineiro.
A descoberta de novas espécies e o registro de plantas raras também reforçam a necessidade de preservar os biomas e ecossistemas que sustentam essa diversidade.
O Herbário do Jardim Botânico da FPMZB
Fundado em 1993, o Herbário BHZB do Jardim Botânico da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB) está localizado na Pampulha e atualmente abriga cerca de 17 mil exemplares de plantas, dos quais aproximadamente 97% provêm do território mineiro. A família Asteraceae é a mais representada, correspondendo a cerca de 12% do acervo. Essa representatividade reflete a ampla distribuição e diversidade desse grupo, que inclui espécies de grande importância ecológica e paisagística, adaptadas a ambientes desde florestas até áreas de campo aberto e afloramentos rochosos.
Muitas das coletas que compõem, atualmente, o acervo do herbário da FPMZB foram realizadas por técnicos e colaboradores do próprio Jardim Botânico em áreas próximas a Belo Horizonte e em diferentes regiões do estado, contribuindo para o mapeamento da flora mineira.
O pesquisador Vinícius Resende Bueno, responsável pela coordenação científica dos estudos, atua na área de taxonomia e sistemática de plantas, com foco em grupos da família Asteraceae.
