1 March 2018 -
A luta contra o preconceito e a quebra de paradigmas são os principais desafios quando se trata da prevenção e tratamento de infeções sexualmente transmissíveis (IST). O primeiro passo é vencer a barreira do medo e procurar o atendimento médico. E foi isso que o auxiliar administrativo, Luiz Otávio (nome fictício), de 24 anos, fez. Após uma relação desprotegida, ele procurou o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) Carijós, da Prefeitura de Belo Horizonte, para realizar os testes rápidos.
Ele chegou receoso, mas decidiu que era melhor fazer os exames. “Eu estava preocupado e com medo de descobrir que tinha sido infectado, por isso demorei um pouco para vir fazer o teste. Mas se houve transmissão, é melhor saber logo”. Após o acolhimento inicial, ele realizou a coleta e aguardou para passar pelo aconselhamento e receber o resultado, que em média, demora 30 minutos.
A entrega do resultado é feita individualmente por um profissional da equipe do CTA – enfermeiro ou assistente social. Nesse momento, o paciente recebe uma série de orientações, independente de o resultado ser positivo ou negativo. O aconselhamento é de suma importância do atendimento, como explica Eliana Moura, assistente social e referência técnica do CTA Carijós. “Na entrega dos resultados, nós esclarecemos dúvidas e reforçamos a importância do autocuidado e prevenção. Além disso, damos o apoio emocional e ajudamos na correta interpretação do resultado. É importante que a pessoa perceba a sua vulnerabilidade e saiba avaliar os riscos que ela corre ao ter uma relação sexual desprotegida e ainda, que tome conhecimento sobre todas as formas disponíveis de prevenção, mas sempre respeitando a autonomia da pessoa”, afirmou.
O CTA não precisa de encaminhamento prévio. A unidade Carijós, inaugurada em janeiro de 2017, está estrategicamente localizada para atender o grande fluxo de pessoas que circulam pelo centro da cidade e que muitas vezes têm dificuldade em buscar atendimento na unidade básica de saúde, além da população de rua e profissionais do sexo que estão na região.
O serviço atende em média 600 pacientes por mês. Só no ano passado, foram 8.516 atendimentos e no primeiro mês deste ano, 607. Além da população da capital, o serviço também atende moradores da Região Metropolitana, que correspondem a cerca de 23% dos atendimentos.
A PBH trabalha para facilitar o acesso aos serviços e conscientizar a população sobre a importância da realização dos testes, já que o diagnóstico precoce é fundamental para garantir o sucesso do tratamento. “Quanto antes diagnosticar a doença, melhor, principalmente HIV e hepatites, pois se forem tratadas tardiamente, podem ser fatais. A sífilis também precisa ser tratada com rapidez para que sejam encerrados os riscos de transmissão”, ressaltou Eliana.
Além do Centro de Testagem e Aconselhamento Carijós, a PBH conta também com o CTA Sagrada Família. Para atendimento e acompanhamento de pacientes diagnosticados com HIV ou infecções sexualmente transmissíveis em Belo Horizonte, a Rede SUS disponibiliza ainda as unidades Centro de Treinamento e Referência em Doenças Infecciosas e Parasitárias Orestes Diniz e três serviços de atendimento Especializado: um no Hospital Eduardo de Menezes, um na Unidade de Referência Secundária Centro-Sul, e um na Unifenas.
É importante lembrar que os exames para diagnóstico estão disponíveis nos 152 centros de saúde de Belo Horizonte durante todo o ano.