19 Maio 2025 -
A Prefeitura de Belo Horizonte tem uma programação especial para comemorar o Dia Mundial das Abelhas, celebrado nesta terça-feira (20), com atividades para crianças e o público em geral no Parque das Mangabeiras e no meliponário do Zoológico. A programação – que pode ser conferida no final do texto - pretende valorizar o inseto, especialmente a espécie sem ferrão, que faz parte da estratégia da Prefeitura de polinização de áreas verdes e de educação ambiental.
O Projeto PolinizaBH, da Prefeitura de Belo Horizonte, tem implantado na capital meliponários - locais dedicados à criação de diversas espécies de abelhas sem ferrão -, além de conscientizar a população sobre a importância desses insetos para o meio ambiente. Nesses locais, a Prefeitura oferece, por exemplo, oficinas nas quais os participantes aprendem a fazer iscas-pet para atrair enxames de abelhas sem ferrão às suas casas e, dessa forma, possibilitar a polinização de áreas verdes próximas. Além disso, o meliponário é importante para a conservação dessas espécies, muitas das quais enfrentam ameaças devido à perda de habitat e à degradação ambiental.
Atualmente, a Prefeitura possui cinco meliponários na capital: o pioneiro, na Biofábrica do Parque das Mangabeiras; no CEA PROPAM, na Pampulha; no Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, no Horto; no CEMAR, no Estoril; e na Fundação Zoobotânica e Jardim Zoológico, na Pampulha. À medida que as colônias aumentarem significativamente, elas serão destinadas a outros meliponários da capital. Essa estratégia contribui para a melhoria da produção das hortas comunitárias e dos pomares, além de conscientizar a população sobre a necessidade de conhecer e preservar as abelhas sem ferrão.
“A abelha mais conhecida no mundo todo é a Europa ou Africanizada, que tem uma grande produção de mel, mas tem ferrão. A maior parte das ilustrações gira em torno dessas espécies. Elas são comuns na África, na Europa, na Ásia. Daí, disseminou-se a ideia de abelha sempre baseada nessa espécie. As abelhas sem ferrão o mundo está descobrindo o potencial delas agora, nos últimos três anos é que se foi conhecer as peculiaridades, as particularidades do mel de cada uma delas”, explica o biólogo Thiago dos Santos, responsável pelo projeto PolinizaBH. O Brasil é o país com a maior diversidade mundial de abelhas sem ferrão. Dentre mais de 500 espécies no mundo, o país tem mais de 300 espécies.
“Belo Horizonte tem uma particularidade muito interessante que é estar dentro de uma área de transição de Cerrado e Mata Atlântica. Tem espécies tanto de um bioma quanto de outro e outras que se misturam. É claro que, de todas as espécies que ocorrem numa área de mata, poucas delas vão se adaptar à condição urbana. Mas várias delas tem a cidade como uma área comum de sua vida, se adaptando a alguma parte da cidade, ou que tem mais uma característica de um ambiente mais frio ou numa outra parte onde tem um clima um pouco mais quente. Então, a gente tem uma cidade que é extremamente rica na diversidade de espécies de abelha sem ferrão”, pontua Thiago.
Uma das atividades do PolinizaBH é o resgate das abelhas nativas dentro da área urbana. Acontece, por exemplo, quando é necessária a supressão de uma árvore e tem um ninho de abelhas sem ferrão nessa espécie arbórea. Thiago explica como é a intervenção dos técnicos: “A gente retira esse enxame e leva para um dos meliponários. Tem situações de resgate que a gente pega de um muro que tem que ser derrubado. Antes de realizar a derrubada, é constatada a presença de abelhas nativas. Então, toda a situação de resgate dentro de Belo Horizonte a gente atua, retirando esse animal e encaminhando para os meliponários. O meliponário do CEA-Propam é como se fosse um centro de quarentena, onde a gente deixa esses enxames provisoriamente, depois levamos para outros meliponários, como é o caso do existente no Parque das Mangabeiras, onde a gente tem a recuperação desses enxames para posteriormente multiplicá-los. Se estava num muro, num bloco de concreto, a gente pode deixar para demonstrar para as pessoas a resiliência desses animais, como eles se adaptam para a área urbana. O do tronco, a gente deixa para demonstrar como as abelhas constroem o ninho dentro desse tronco”.
Mas, de modo geral, é preciso retirar os ninhos dessas estruturas e colocá-los em caixas de madeira próprias para que se possa ser feito o manejo correto das abelhas.
“Quando elas estão dentro de um tronco a gente não consegue ver como está, se tem pouco alimento, ou se o ninho está com poucos insetos. É difícil a gente visualizar essas partes tão importantes da criação da abelha sem ferrão. Então, geralmente, a gente transfere para uma caixa de madeira própria. Para cada espécie tem um tamanho determinado, onde a gente consegue manejar e multiplicar esses enxames. Então a gente os retira, seja da árvore, seja do muro, seja do chão”, explica Thiago.
CEA-Propam
O Centro de Educação Ambiental da Pampulha, CEA- Propam, está com dois projetos para serem implantados em breve. Um deles, em parceria com o Jardim Botâncio da UFMG, é a implantação de jardins para polinizadores. São espaços pensados para atrair não só abelhas, mas borboletas, besouros, beija-flores. “Essa questão da polinização é muito importante e a gente precisa preservar esses animais e atraí-los, porque sem a polinização não tem alimentos para nós humanos”, enfatiza a biólogaTatiane Almeida, gerente do CEA-PROPAM. Estima-se que as abelhas são responsáveis pela polinização e melhoria de mais de 75% das principais culturas agrícolas em todo o mundo.
O outro projeto tem a parceria de um professor de Arquitetura da PUC. É a instalação de hoteizinhos para abelhas solitárias. Sim, elas existem. Espécies que não vivem nas colmeias e preferem a individualidade. “Elas são importantíssimas. Por exemplo, a Mamangava é a única abelha que poliniza a flor do maracujá. Então, se essa abelha se extinguir, nós não teremos mais maracujá. Esses hoteizinhos para abelhas solitárias são uma espécie de caixa que atrai esse tipo de abelha. Em conjunto com os jardins para polinizadores, estaremos colocando também espécies específicas de flores que atraem esse tipo de abelha”. detalha Tatiane.
Quando não se tem o objetivo comercial, o IBAMA autoriza criar até 49 enxames sem a necessidade de uma licença. São os chamados meliponários conservacionistas. “Por que tem essa facilidade de se criar um animal nativo sem nenhum tipo de licença? O IBAMA entende que sem abelhas no mundo a gente não consegue nem sobreviver nele. Então, a necessidade de preservar as espécies nativas faz com que a gente tenha essa facilidade de criar dentro de casa. E, é claro, também não tem esse fator de ser um problema de saúde pública. Porque elas não ferroam”, explica Thiago.
Os meliponários da PBH realizam oficinas para as pessoas aprenderem a capturar. Mas Thiago alerta que elas não devem tentar identificar se uma abelha é nativa ou africanizada. Em caso de dúvidas, o melhor é fazer uma foto e enviar para o PolinizaBH.
Quando a pessoa cria uma abelha sem ferrão em casa e dá condições para ela viver bem, essa abelha vai multiplicar o enxame, ela vai soltar um novo enxame em algum local, seja na casa ou às vezes num muro, ou às vezes numa árvore, e vai aumentar a população dessas abelhas na cidade. Então, a criação de abelhas sem ferrão dentro da sua área de ocorrência é algo que só tem a crescer e fazer a cidade ganhar”, avalia Thiago.
Confira a programação especial para o Dia Mundial das Abelhas
Local: Parque das Mangabeiras – Casa Amarela
Público: Alunos de 8 a 12 anos
Capacidade: até 30 alunos por horário
Horários disponíveis:
• 8h30 às 10h
• 10h10 às 11h40
• 13h30 às 15h
• 15h10 às 16h40
Objetivo: Aproximar os alunos da natureza e mostrar a importância das abelhas.
Atividades:
• Visita ao Meliponário e à Horta
• Jogo “Corrida das Abelhas” 🐝🏁
Vivências na natureza são fundamentais para despertar sensibilidade e pertencimento ambiental gerando o sentimento de cuidado com o planeta. O contato direto com os elementos naturais (como as abelhas sem ferrão do meliponário) é uma oportunidade valiosa de aprendizado prático que contribui para formar cidadãos mais conscientes e engajados com a conservação das áreas verdes.
Inscreva-se pelo e-mail escola.verde@pbh.gov.br
Zoológico de BH oferece visita guiada a meliponário
Buscando mostrar a diversidade das abelhas, destacando as espécies nativas sem ferrão, e a importância para o ecossistema, o Zoológico de BH conta com um meliponário. Para celebrar o “Dia Mundial da Abelha”, nesta terça-feira (20), a equipe de Educação Ambiental da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB), irá oferecer a atividade educativa "Abelhas: muito além do mel", que consiste em um bate-papo sobre o papel relevante que esses insetos desempenham nos ambientes onde vivem, seguida da apresentação das colônias que estão próximas à Casa de Educação Ambiental.
A atividade será para o público geral que estiver visitando a instituição na data, das 14h às 16h, e não há necessidade de agendamento prévio. O local é a área externa da Zooboteca, próximo ao recinto dos elefantes. A atividade é gratuita, mas é necessário adquirir ingresso para entrada no Zoológico. Confira os valores aqui!
Trabalho com escolas
Quinzenalmente também são oferecidos ao público escolar, atendendo a estudantes do Programa Escola Integrada, o “Circuito Meliponário”. Trata-se de uma visita guiada pelos espaços onde se encontram as colônias de abelhas nativas sem ferrão, instaladas a partir da parceria com o Projeto “Poliniza BH”. Os participantes têm a oportunidade de conhecer as 10 colônias de cinco espécies de abelhas nativas sem ferrão, distribuídas por três áreas: proximidades da Casa de Educação Ambiental – duas colônias de jataí (Tetragonisca angustula), duas colônias de mandaçaia (Melipona quadrifasciata) e duas colônias de marmelada-amarela (Frieseomelitta varia); proximidades do Macaco-bugio (Pequenos Primatas) – duas colônias de bugia (Melipona mondury) e proximidades do recinto da harpia (Praça das Aves) – duas colônias de mirim-droriana (Plebeia droryana).