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Fachada do Museu da Moda, durante o dia.
Foto: Divulgação PBH

Museu da Moda inaugura exposição “Alceu Penna – Inventando a Moda do Brasil”

criado em - atualizado em

Começa, no dia 11 de dezembro, a exposição "Alceu Penna – Inventando a Moda do Brasil", no Museu da Moda. A mostra coloca sob os holofotes o trabalho de criação do mineiro Alceu Penna, por meio de recorte da sua carreira. A exposição tem entrada gratuita e pode ser visitada até o dia 7 de junho. O Museu da Moda (MUMO) funciona de terça a sexta-feira, das 9h às 21h, e aos sábado e domingo, das 10h às 14h, na Rua da Bahia 1.149.

 

Nascido em Curvelo, Alceu Penna é figura emblemática do cenário brasileiro. Transitou pelas áreas do design gráfico, jornalismo, ilustração, figurino, estilismo, publicidade, cenografia e, entre outras atuações, pode ser considerado o precursor do jornalismo de moda no Brasil. Ficou famoso pela criação da seção As Garotas, publicada semanalmente na revista O Cruzeiro, entre 1938 e 1964, revolucionando a moda e o comportamento no país durante o período.

 

Para a diretora de Museus da Fundação Municipal de Cultura, Sara Moreno, o Museu da Moda é uma conquista do setor e um equipamento cultural que mantém uma relação histórica de afeto com a população belo-horizontina.  “A exposição do acervo de Alceu Penna é uma ação de difusão da coleção de um relevante representante da moda mineira”, afirma a diretora. “É uma honra para o Museu da Moda de Belo Horizonte, primeiro museu público de moda do país, ter seus espaços expositivos ocupados com o acervo e o legado do grande artista mineiro Alceu Penna. Sua obra ditou a moda brasileira e foi além, influenciando também o comportamento de uma época através das ‘Garotas do Alceu’”, ressalta Maria Carolina Ladeira Dias, gestora do MUMO. 

 

A curadoria e direção da mostra são assinadas pela arquiteta e urbanista Luiza Penna de Andrade, sobrinha de Alceu Penna e atuante na preservação e memória da sua obra. Parte dos figurinos e acessórios expostos foram doados pela família ao MUMO. “A exposição começa como um espaço de referências, um convite para conhecer os demais ambientes”, explica a arquiteta.

 

Na sala dois, o recorte é Alceu Penna Decodificado, que exibe as releituras de desenhos feitos pelos alunos do SENAI-Modatec/MG para a exposição no Minas Trend Verão 2019/2020 - edição Em Dias de Sol, idealizada por Ronaldo Fraga. Quinze originais de Alceu Penna foram trazidos do papel para a realidade através do talento dos envolvidos no projeto.

 

 

Participação de universidades 

Na sala três, a seção Alceu Penna é Show! Figurinos & Fantasias sintetiza o conteúdo exposto, reunindo os trabalhos criados pelos alunos dos cursos de moda da Universidade FEEVALE, do Rio Grande do Sul. Sete figurinos dos espetáculos dos cassinos do Rio de Janeiro, de 1938 a 1944, e um figurino do show musical Circus, de 1974, no Canecão, Rio de Janeiro – período que sucedeu a longa atuação de Alceu na Rhodia - ganham relevância.

 

Reconstituídas pelos alunos das turmas de Projeto de Figurino da universidade, essas peças trazem croquis criados por Alceu, interpretados em materiais e técnicas atuais, buscando preservar as características dos originais.

 

No salão nobre, encontra-se a Coleção Alceu Penna. Indumentárias resgatadas no apartamento do artista para a mostra do centenário, pertences familiares inéditos e novas aquisições estarão agrupados em ilhas, percorrendo as décadas da moda: da comportada e formal década de 1940 até a explosão da liberdade criativa das décadas de 1960 e 1970. 

 

Um dos destaques do ambiente são os figurinos concebidos por ele para as irmãs mais novas, Thereza de Paula Penna e Maria Carmem Penna Pereira. Uma das peças mais interessantes, criada para Thereza, veste o manequim da instalação da abertura, como um cartão de visitas da exposição. 

 

Segundo Luiza, a ideia é que ela seja homenageada, já que foi incansável divulgadora do trabalho do irmão após sua morte, em 1980. “Sua falta trouxe um hiato nesse sentido, só retomado anos depois, na véspera do centenário do artista, quando decidimos celebrá-lo na exposição Alceu Penna é 100, no MUMO, em 2015, e na criação das redes sociais que hoje administro, forma de fazê-lo chegar a milhares de novos admiradores”, explica a curadora.

 

 

Alceu Penna

Em 1932, aos 17 anos, Alceu Penna mudou-se de Curvelo para o Rio de Janeiro para estudar arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes – ENBA - e, ao mesmo tempo, frequentou vários cursos de Belas Artes. Em 1933, iniciou seu trabalho como ilustrador da revista O Cruzeiro, e cinco depois após passou a assinar a coluna As Garotas, no mesmo veículo.

 

Os traços delicados e graciosos do artista conquistaram uma legião de mulheres que se viram encantadas pelas propostas atrevidas do ilustrador, que inaugura, com boa dose de humor, uma nova forma de representar a sensualidade feminina, influenciando moda e comportamento. Elas copiam não só as roupas e os penteados, mas os gestos e atitudes de As Garotas, já que Alceu Penna transporta para a revista as novidades das revistas estrangeiras.

 

Essas novidades eram resultados de suas imersões na Europa, particularmente França, para onde viajava constantemente. A amizade com Carmem Miranda trouxe oportunidades de colaborar, informalmente, com os figurinos que a artista e o Bando da Lua usaram em shows e filmes internacionais. 

 

Outros pontos de destaque foram os calendários que ele concebeu para a empresa Moinho Santista Indústrias Gerais. A convite da multinacional francesa Rhodia, torna-se responsável pela criação dos figurinos utilizados até 1972 na apresentação das coleções anuais da marca. 

 

Ao longo de sua carreira, Alceu atuou em diversas áreas de moda, figurino e design. Ele elaborou ilustrações para capas de revistas (O Cruzeiro, A Cigarra e Tricô Crochê), quadrinhos, livros, capas de discos infantis (série Disquinho, dirigida por Braguinha), embalagens e publicidade. Também criou cenários e figurinos para shows, cassinos, teatro, cinema e televisão; e desenhou fantasias e coleções de moda. 

 

 

Serviço

Exposição "Alceu Penna – Inventando a Moda Brasileira"

Abertura ao público: De 11 de dezembro a 7 de junho

Horário de funcionamento:  Terça a sexta-feira de 9h às 21h e aos sábados e domingos de 10h às 14h.

Museu da Moda de Belo Horizonte - Rua da Bahia, 1149 – Centro