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Jardim Zoológico de Belo Horizonte recebe duas fêmeas de tamanduá-mirim
Foto: Suziane Brugnara/PBH

Jardim Zoológico de Belo Horizonte recebe duas fêmeas de tamanduá-mirim

criado em - atualizado em

Cigana e Princesa são as novas moradoras do Jardim Zoológico da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica. As duas fêmeas de tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) chegaram ao Zoo de Belo Horizonte no final de março, vindas do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas)/INEMA/Bahia. Elas são oriundas da natureza e foram resgatadas ainda filhotes (uma com 20 dias e outra com um mês de vida) após terem sido encontradas sozinhas. As mães provavelmente foram mortas em decorrência de atropelamento ou por outras razões como ataques de cães ou de outros predadores.  

 

Esse é um breve relato que ilustra o que acontece todos os dias com milhares de animais silvestres em todo o país. E é também uma das razões pelas quais o Jardim Zoológico da Prefeitura de Belo Horizonte se consolidou como uma das principais instituições brasileiras a receber animais da fauna nacional que são encaminhados para o local por não terem mais condições de viver na natureza. 

 

Mesmo constando na Lista Vermelha da IUCN como uma espécie com a classificação de ameaça de extinção “pouco preocupante”, o tamanduá-mirim ou tamanduá-de-colete tem tido as populações reduzidas ao longo dos anos. A destruição do habitat, o tráfico de animais e a caça predatória são fatores que contribuem com essa situação. Vale ressaltar que além do tamanduá-mirim, o país abriga o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e também o tamanduaí (Cyclopes didactylus), espécies também ameaçadas.

 

O encontro com Benedita

 

Após o período de quarentena, no qual as fêmeas foram monitoradas diariamente e passaram por exames clínicos, laboratoriais, além de manejo alimentar, Princesa e Cigana foram transferidas para um recinto na Praça Nacional, local com recintos variados onde vivem diversas espécies da fauna brasileira, como anta, veado-catingueiro, ouriço-cacheiro, capivara, lobo-guará, paca e o próprio tamanduá-bandeira. Na Praça as duas passaram a dividir um recinto específico com outra fêmea de tamanduá-mirim, também resgatada com um mês de vida, a Benedita. Agora, o trio está tendo a oportunidade de conviver em harmonia, e sob os cuidados da equipe técnica do Zoológico.

 

De acordo com a bióloga e responsável pela Seção de Mamíferos do Zoo, Valéria Pereira, a expectativa é que as fêmeas possam formar um grupo ainda maior no futuro.  “Como elas ainda são novas, vamos planejar para, futuramente, colocá-las em companhia de machos que já vivem aqui para a formação de casais para reprodução”, afirma.

 

Valéria explica que a dieta dos tamanduás no Zoológico consiste em uma papa, composta de ração de cachorro moída, farelo de trigo, leite de soja, leite em pó, ovo em pó, semente de linhaça e ainda frutas (banana, mamão) e legumes (cenoura, beterraba). Essa mistura, própria para esses animais, é oferecida uma vez ao dia. Além disso, os animais recebem “pedaços” de cupinzeiros para que possam, eles mesmos, capturar e consumir os cupins. 

 

Origem das fêmeas 

 

"Princesa"

Foi resgatada com aproximadamente 1 mês de vida na região de Mata de São João/Bahia no dia 5 de agosto de 2022.

 

"Cigana"

Foi resgatada com aproximadamente 20 dias de vida na região de Feira de Santana/Bahia no dia 4 de janeiro de 2022.

 

Características da espécie

 

Mede entre 0,55 a 0, 63 metros de comprimento, com uma cauda de 0,40 a 0,67 metros. Pode pesar até 7Kg. 

 

Possui uma faixa de pelos pretos que se estende ao longo do dorso e ventre do animal dando a ideia de que está vestindo um colete, o que explica o nome popular tamanduá-de-colete. 

 

Apresenta nítida diferença morfológica nas diferentes populações. Animais ao Norte do país possuem coloração mais escura e o corpo mais alongado, assim como o focinho e as orelhas. Os animais da Mata Atlântica são mais claros e com o “colete” bem definido. Já os animais do Cerrado são mais robustos e com coloração mais dourada.

 

Não possui dentes. A forma de comer assemelha-se à dos demais tamanduás: também tem uma língua comprida e extensível e saliva pegajosa. Ele introduz a língua no formigueiro ou cupinzeiro, os insetos grudam e ele os recolhe para a boca, que se caracteriza por uma pequena abertura circular.

 

O olfato é o sentido mais desenvolvido e é o que o animal utiliza para se orientar. A visão e a audição não são muito boas e o tato é grosseiro.

 

As patas anteriores possuem musculatura muito desenvolvida e cada uma apresenta quatro dedos com garras recurvadas, sendo a garra do terceiro dedo a maior, porém proporcionalmente menor à equivalente do tamanduá-bandeira. Já as patas posteriores apresentam cinco dedos com garras menores e musculatura menos desenvolvida.

 

As garras fortes presentes nas patas anteriores o ajudam a abrir frestas nos cupinzeiros e a subir em árvores e troncos.

 

É dócil, mas quando atacado se defende usando as garras.

 

A porção final da cauda não apresenta pêlos e tem função semipreênsil. O animal a utiliza para subir em árvores e se pendurar nos galhos enquanto busca alimento.