6 Maio 2024 -
O Jardim Botânico da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica comemora a floração da paineira-branca (também denominada popularmente como barriguda), que pertence à espécie botânica Ceiba speciosa (A. St.-Hil) Ravenna; família Malvaceae, variedade rara da espécie. A árvore atinge até 30 metros de altura na fase adulta, com grande copa, tronco cinzento esverdeado com estrias e fortes acúleos (espinhos) nos ramos mais jovens. Até o momento foram produzidas no Jardim Botânico nove mudas pela técnica da enxertia. Algumas já apresentaram as primeiras e vistosas flores brancas.
O sucesso na produção dessas mudas é resultado da adoção da técnica que já é usada amplamente na propagação de espécies frutíferas e hortaliças e pouco utilizada para espécies florestais. A enxertia, que consiste na união de tecidos de duas plantas, geralmente de espécies distintas, que passam a formar um único indivíduo, sendo o sistema radicular e base do caule de uma espécie (denominado cavalo ou porta-enxerto) e a copa de outra espécie (enxerto ou cavaleiro). Neste sentido, a enxertia se configura como uma alternativa para obtenção de plantas em que a copa apresentará as mesmas características florais da planta-mãe.
Exatamente por isso e visando a preservação e multiplicação da variedade e a obtenção de plantas com as mesmas características do exemplar existente na Av. Tancredo Neves, no bairro Paquetá, os engenheiros agrônomos da Seção de Produção de Mudas do Jardim Botânico de BH iniciaram a produção de mudas enxertadas de paineiras-brancas com material propagativo dessa planta-mãe.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Seção de Produção de Mudas do JB, André Piovesana, a enxertia foi efetuada utilizando como porta-enxerto mudas de paineira da variedade rosa sendo que as mudas produzidas já floresceram precocemente no mesmo ano da enxertia, demonstrando o sucesso do processo propagativo.
“A técnica poderá ser utilizada em outras espécies como os ipês possibilitando obter mudas com copas de diversas cores, menor porte e floração precoce”, destaca o gerente da Seção de Produção de Mudas do JB, Marcelo Vichiato.
Em toda Belo Horizonte são conhecidos poucos exemplares dessa variedade de painera: um espécime localizado no canteiro central da Avenida Tancredo Neves, no Bairro Paquetá, na região da Pampulha, outro na Av. do Contorno, esquina com Rua Alvarenga Peixoto, e distribuídos pelos bairros Mantiqueira e Cidade Nova, segundo informações da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Curiosidades sobre a espécie
Quando em plena floração, a espécie é extremamente ornamental. E é excelente para o paisagismo de grandes jardins e praças. Também é ótima para plantios mistos em áreas degradadas de preservação permanente. Por apresentar um tipo de alargamento na base do caule, é denominada "barriguda" em algumas localidades.
Os frutos dessa espécie são cápsulas verdes, que, quando maduras, rebentam (deiscentes), expondo as sementes envoltas em fibras finas e brancas que auxiliam na flutuação e que são chamadas de paina.
A paina é uma fibra fina e sedosa, porém pouco resistente, não sendo por isso muito aproveitada na confecção de tecidos, mas é utilizada como preenchimento de travesseiros e brinquedos de pelúcia. Uma grande paineira pode deixar um tapete branco de paina caída embaixo da copa no final da época de frutificação. Muitas aves utilizam a paina para a construção dos ninhos.
Uma característica interessante dessa variedade branca é que as sementes nem sempre originam progênies (descendentes) com as mesmas características (flores brancas), pois podem ocorrer plantas com flores com diversos tons, entre a cor rosa e branca. Na Botânica esse fenômeno é denominado “segregação genética”.
Vale ressaltar que a espécie possui ampla distribuição no Brasil, mas a variedade de flores brancas é a mais rara de ser encontrada.