21 October 2019 -
A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Fundação Municipal de Cultura recebe, na Casa do Baile - Centro de Referência de Arquitetura, Urbanismo e Design (avenida Otacílio Negrão de Lima, 751, Pampulha), a partir da quinta-feira, dia 24 de outubro, a exposição “Do líquido ao concreto”. A proposta da exposição é promover a integração entre a arte e a arquitetura a partir de uma técnica de afresco desenvolvida pelo artista Carlos Borsa. A mostra traz composições variadas de peças quadrangulares constituídas de cimento. Nelas, imagens abstratas na cor azul, impressas a partir da nova técnica, trazem as referências das artes asiáticas da porcelana e da pintura sumi-ê, presentes nas artes chinesas e japonesas. A visitação pode ser feita até abril de 2020, de terça a domingo, das 9h às 18h, e a entrada é gratuita.
A exposição apresenta o trabalho de pesquisa desenvolvido por Carlos Borsa durante a conclusão do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. O objetivo do arquiteto foi mostrar um produto artístico que apresente, por suas características singulares, uma flexibilidade no uso em outras áreas, como espaços artísticos, arquitetônicos e urbanos.
“A Casa do Baile possui uma linguagem onde a inserção dos azulejos azuis em seu exterior obedece a uma ordem. Na arquitetura modernista há a inserção da arte dentro de um local específico do projeto arquitetônico, e a partir disto, há um contraste com a obra “Do Líquido ao Concreto”, visto que na inserção das peças de cimento no interior da Casa há uma linguagem baseada na desordem, dessas relações topológicas que o espaço e a obra criam nasce um perfeito equilíbrio harmônico entre a arquitetura modernista da casa e a obra”, destaca Borsa.
A exposição tem a proposta de trazer uma materialidade evidente na obra a partir de três momentos. Primeiramente, por meio de sua geometria (volumetria), como um suporte físico para a pintura de expressão abstrata. Em segundo lugar através do caráter efêmero da pintura que se origina dos gestos das pinceladas. Em um terceiro momento, a partir da contraposição entre a estrutura física da peça e a pintura abstrata, da qual gera uma dualidade que potencializa a materialidade.
Afresco contemporâneo
A técnica desenvolvida por Carlos Borsa é inspirada no afresco tradicional e o seu desenvolvimento no ambiente acadêmico propiciou novas alternativas de processos e de soluções. A ideia inicial era desenvolver uma peça constituída por cimento branco a partir de uma nova técnica de afresco, a qual foi dada o nome de afresco contemporâneo.
Durante o processo de fabricação das peças, uma imagem é pintada ou impressa em diferentes tipos de acetato. Este material é depositado no fundo de fôrmas de madeira e em seguida é despejada a argamassa ainda fresca por cima destas imagens. Dessa ação ocorre, durante a cura do cimento, a transferência das imagens presentes no acetato para superfície das peças. As imagens abstratas na cor azul trazem as referências das artes asiáticas da porcelana e da pintura sumi-ê, presentes nas artes chinesas e japonesas.
Todas as peças apresentam a geometria do cubo, com diferentes alturas e profundidades, sendo que estas variações obedecem a um múltiplo, a fim de possibilitar alternâncias formais na composição do todo. A variedade de possibilidades composicionais permite a aplicação da técnica em diferentes campos como no design, na arquitetura e nas artes visuais.
“Com a possibilidade de operar os elementos modulares com diferentes medidas pré-estabelecidas, abriram-se, além do território da arquitetura, novos usos voltados para o design, onde é possível desenvolver novas concepções de objetos, tais como o mobiliário urbano”, destaca o artista na conclusão de sua pesquisa. Ele ressalta ainda que a nova tridimensionalidade explorada traz infinitas possibilidades de uso das peças a partir da criação de objetos diversos. Mais informações para o público pelo telefone (31) 3277-7443.