5 Fevereiro 2025 -
A exposição "Arte Gravada: o acervo do MAP na Casa Fiat de Cultura” será inaugurada em 11 de fevereiro. A mostra apresenta textos e um conjunto de dez estandartes originais criados pelos artistas Yara Tupynambá, Sandra Bianchi, Glaura Mary e Júlio Espíndola. A obra "Estandartes de Minas" é fruto de um trabalho de pesquisa realizado em 1974, na Escola de Belas Artes da UFMG, e executado durante a III Bienal Nacional de São Paulo. Agora, cinquenta anos depois, as obras são reveladas ao público após passarem por um processo de restauro, que se deu por meio da parceria entre o Museu de Arte da Pampulha (MAP) e a Casa Fiat de Cultura, iniciada com a exposição “ARTE BRASILEIRA: a coleção do MAP na Casa Fiat de Cultura”, realizada entre outubro de 2023 e março de 2024, disponibilizando na região central da cidade obras significativas do acervo do MAP.
A exposição “Arte Gravada”, com curadoria de Rafael Perpétuo e realização da Casa Fiat de Cultura e da Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Fundação Municipal de Cultura, estabelece continuidade em relação à exposição anterior e reafirma o compromisso dessas instituições em preservar, ressignificar e difundir o patrimônio cultural de Minas Gerais. Além dos estandartes, o público poderá assistir a um minidocumentário inédito, que registra todas as etapas do processo de restauro, e se aprofundar no tema em uma sala de leitura. A mostra ficará em cartaz até 13 de abril, com entrada gratuita.
Para a secretária municipal de Cultura, Eliane Parreiras, a exposição “Arte Gravada: o acervo do MAP na Casa Fiat de Cultura” representa um marco na preservação e valorização do patrimônio artístico de Belo Horizonte. "Resgatar e apresentar ao público as obras dos “Estandartes de Minas” é uma forma de valorizar a memória e reconhecer o trabalho dos artistas que desenvolveram e contribuíram para a criação da identidade cultural de Belo Horizonte e de Minas Gerais. Essa iniciativa reafirma o compromisso da Prefeitura de Belo Horizonte com a difusão da arte e o acesso à cultura, garantindo que esse legado seja disponibilizado para as novas gerações."
O presidente da Fundação Municipal de Cultura, Bernardo Correia, destaca a importância do MAP como uma referência cultural de Belo Horizonte. "Essa iniciativa está alinhada com as diretrizes do prefeito Fuad Noman e do prefeito de exercício Álvaro Damião, que priorizam a valorização da nossa memória e a circulação desse importante patrimônio cultural. A parceria com a Casa Fiat de Cultura fortalece esse propósito, permitindo que novas narrativas sejam criadas e que a arte do MAP alcance públicos distintos. Além disso, a exposição “Arte Gravada: o acervo do MAP na Casa Fiat de Cultura” integra a política de democratização da cultura da Prefeitura, proporcionando ao público experiências enriquecedoras por meio do rico acervo do MAP".
Para o presidente da Casa Fiat de Cultura, Massimo Cavallo, a exposição reafirma o compromisso da Casa Fiat de Cultura em conectar tempos e pessoas, ideias e percepções. “A parceria com o MAP fortalece a missão de perpetuar aquilo que dá sentido ao presente e que inspira o futuro: as histórias que nos formam, os artistas que nos inquietam e a arte que nos transforma. Esse legado é a chama que continuará iluminando o caminho das gerações vindouras”, reflete.
O curador da exposição, Rafael Perpétuo, ressalta a importância do restauro da obra para a cidade de Belo Horizonte. "Primeiramente, esta exposição deve ser celebrada como uma rara parceria entre duas prestigiadas instituições belo-horizontinas e pela salvaguarda e conservação de um conjunto de obras que de fato se coloca como um marco temporal. Encontrar informações diversas sobre as obras, os artistas e suas feituras foi um trabalho delicioso e instigante. Os estandartes são importantes na nossa cultura e para além das imagens religiosas, eles se fazem presentes em manifestações e até no carnaval. Devolvemos para a cidade um belíssimo conjunto e espero que frutifique em novas e estimulantes pesquisas".
Os estandartes fazem parte da cultura e da identidade mineira, estão presentes no Congado, nas Cavalhadas, nas Folias de Reis e em tantas outras festividades. Para além da religiosidade, as obras da exposição “Arte Gravada: o acervo do MAP na Casa Fiat de Cultura” aborda o fazer artístico desses quatro notáveis artistas já citados, e terão as obras mais uma vez vistas pelo público.
Os dez estandartes abordam temas recorrentes no imaginário de Minas Gerais, subvertendo e explorando imagens e figuras de grande tradição popular. “As imagens contidas nos estandartes apresentam uma humanização das santas e santos que, pela própria técnica, expressam uma visceralidade proporcionada pelo corte da goiva sobre a madeira, expondo a carne, os músculos e as veias. Esse é um ensinamento da arte moderna que, ao torcer e distorcer as formas dos corpos, oferece uma releitura das imagens sagradas às quais fomos acostumados como oficiais”, explica o curador da exposição, Rafael Perpétuo.
As obras também revelam a influência de Yara Tupynambá sobre os demais artistas. “A excelência expressionista no manejo da técnica do desenho e da gravura evidencia como a artista fez escola entre os artistas mineiros”, garante o curador. O cuidado e a quantidade de detalhes das matrizes feitas por ela são impressionantes. Os estandartes evidenciam um trabalho primoroso da artista. “O conjunto de obras também marca como a tradição da gravura e do desenho é enraizada em nosso estado. Minas Gerais, a partir de Guignard, mas especialmente a partir dos anos 1970 – principalmente com Tupynambá, Lotus Lobo e Amílcar de Castro, dentre outros –, passa a tomar essas duas técnicas como parte da tradição local, assumindo para si um modo de arte que simboliza a coesão dos artistas e que também explora os limites das técnicas”, completa Perpétuo.
A exposição “Arte Gravada: o acervo do MAP na Casa Fiat de Cultura” é uma realização da Casa Fiat de Cultura, da Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, e do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com o patrocínio da Stellantis e da Fiat e o apoio da Stellantis Financiamento, do Banco Stellantis, do Banco Safra e da Sada. O evento também tem apoio cultural do Circuito Liberdade, do Governo de Minas, do Programa Amigos da Casa e do Instituto Lumiar.
O restauro das obras
Como uma forma de preservação do patrimônio e da arte, a obra “Estandartes de Minas” (1974), composta por dez estandartes em xilogravura de Yara Tupynambá, Sandra Bianchi, Glaura Mary e Júlio Espíndola, passou por um processo cuidadoso de restauro que teve duração de seis meses.
“A restauração é mais do que uma arte, é uma ciência”, pontua Claudia Amorim, restauradora e coordenadora do projeto de restauro. Segundo ela, as peças apresentavam um desgaste natural promovido pelo tempo, por isso, antes do trabalho de fato começar foi necessário fazer um diagnóstico de cada uma das obras.
Todas confeccionadas em entretela, em um material sintético semelhante a tecido, a base de poliamida, algumas conservaram bem, mas outras oxidaram, tiveram suas fibras rompidas e apresentavam partes soltas. Então, após estudos preliminares, foram realizadas limpezas mecânicas e úmidas, para remoção de manchas e desacidificação. Outro passo importante foi a consolidação dos suportes das gravuras e dos elementos de composição, como fitas e flores. Algumas delas demandaram a realização de velaturas com utilização de papéis japoneses de baixa gramatura. As bainhas de sustentação das varetas foram recosturadas respeitando os pontos originais para a remontagem dos estandartes e os painéis passaram por higienização, limpeza, consolidação de suporte e apresentação estética.
“Esses estandartes contam a história de um grupo de artistas que foi reconhecido por essa preciosidade de trabalho que diz muito sobre nossas raízes. Então, para mim foi uma honra participar desse projeto. A partir do restauro, a obra é revivida para que outras pessoas possam apreciá-la”, reforça a restauradora Claudia.
Programação paralela
Além de visitar a mostra “Arte Gravada: o acervo do MAP na Casa Fiat de Cultura”, o público poderá participar de outras programações relacionadas à exposição, preparadas pela Casa Fiat de Cultura e pelo MAP, em parceria com o Instituto Lumiar.
No dia 13, às 19h30, o curador da mostra, Rafael Perpétuo, e a restauradora, Cláudia Amorim, participam de um bate-papo na Casa Fiat de Cultura. Juntos, eles vão compartilhar detalhes sobre o processo de desenvolvimento do restauro das obras, abordando além dos aspectos técnicos, as etapas realizadas e a pesquisa histórica e artística necessárias para desenvolver todo o processo de recuperação e apresentação de cada uma delas. Os interessados em participar podem se inscrever gratuitamente pela Sympla.
O público também é convidado a mergulhar no universo dos estandartes e da xilogravura durante a Oficina | Estandartes de Minas: Memória e expressão. A proposta é vivenciar a experiência de ateliê, confeccionar estandartes e aprender a técnica da xilogravura. A oficina, realizada em dois dias, será dividida em duas etapas: primeiro, a confecção da peça com tecido americano cru, miçangas, fitas de cetim, linhas, agulhas, entre outros materiais. A finalização com o aprendizado da técnica de xilogravura, utilizando matriz de madeira (MDF), ferramentas de cava, tintas de tecido e utensílios diversos. A atividade será realizada nos dias 15 de fevereiro, das 10h às 12h, e 22 de fevereiro, das 10h às 12h. Para participar não é necessária experiência prévia. Os interessados podem se inscrever gratuitamente pela Sympla.
No dia 22, às 12h30, a Casa Fiat de Cultura recebe o Bloco Vejo Flores em Você para um cortejo nos jardins da instituição. Os interessados em participar podem se inscrever gratuitamente pela Sympla.
Em 18 de março e 8 de abril, a partir das 19h30, serão realizados na Casa Fiat de Cultura duas apresentações dos Diálogos MAP. No primeiro dia, Wagner Nardy e Beatriz Coelho irão contar a vida e a obra da artista Yara Tupynambá. Já no segundo dia, o diálogo ficará a cargo de Sandra Bianchi e Guto Borges, que abordarão o estandarte como ícone cultural mineiro.
Durante toda a exposição serão disponibilizadas, ainda, visitas mediadas para grupos, mediante agendamento. As solicitações devem ser enviadas no e-mail agendamento@stellantis.com.
Rafael Perpétuo, curador da exposição
Rafael Perpétuo é curador, pesquisador, gestor cultural e escritor, com vinte anos de atuação no setor cultural em Minas Gerais. Doutorando em Artes pela UFMG, Perpétuo coordenou espaços importantes de fomento à arte em Belo Horizonte, como o Museu Mineiro e o Museu de Arte da Pampulha (MAP). Como curador, trabalhou com grandes nomes das artes visuais como Sebastião Miguel, José Bento e Décio Noviello.
Museu de Arte da Pampulha
O Museu de Arte da Pampulha (MAP) integra o Conjunto Moderno da Pampulha. Seu edifício foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, no início da década de 1940, para ser um cassino aberto ao público, em 1943. Com a proibição do jogo no Brasil em 1946, o prédio do Cassino esteve fechado por cerca de dez anos. O espaço foi posteriormente adaptado para ser sede do Museu de Arte, inaugurado em 1957, reflexo da expansão urbana, populacional e cultural de Belo Horizonte. Datam do início de sua criação as primeiras doações que fazem parte do seu precioso acervo, com obras de Alberto da Veiga Guignard, Di Cavalcanti, Ivan Serpa, Tomie Ohtake, Jorge dos Anjos, entre muitos outros.
Desde 2001, o MAP adota uma linha curatorial voltada para a produção de obras de arte contemporânea que estabelecem um diálogo com o patrimônio arquitetônico e paisagístico do Museu, tombado nas três esferas: municipal, estadual e federal. Em 2016, o Conjunto Moderno da Pampulha, do qual o MAP faz parte, foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. Hoje, o edifício sede do MAP se encontra em processo de restauro, mas atento à missão de oferecer ao público experiências reflexivas, simbólicas, afetivas e sensoriais no campo das Artes Visuais, por meio de suas ações museológicas e exposições que difundem seu acervo moderno e contemporâneo, em diálogo com sua arquitetura e sua paisagem.
Casa Fiat de Cultura
A Casa Fiat de Cultura cumpre importante papel na transformação do cenário cultural brasileiro, ao realizar prestigiadas exposições. A programação estimula a reflexão e interação do público com várias linguagens e movimentos artísticos, desde a arte clássica até a arte digital e contemporânea. Por meio do Programa Educativo, a instituição articula ações para ampliar a acessibilidade às exposições, desenvolvendo réplicas de obras de arte em 3D, materiais em braille e atendimento em libras. Mais de 90 mostras, de consagrados artistas brasileiros e internacionais, já foram expostas na Casa Fiat de Cultura, entre os quais Caravaggio, Rodin, Chagall, Tarsila, Portinari entre outros.
Há 19 anos, o espaço apresenta uma programação diversificada, com música, palestras, residência artística, além do Ateliê Aberto – espaço de experimentação artística – e de programas de visitas com abordagem voltada para a valorização do patrimônio cultural e artístico. A Casa Fiat de Cultura é situada no histórico edifício do Palácio dos Despachos e apresenta, em caráter permanente, o painel de Portinari, Civilização Mineira, de 1959. O espaço integra um dos mais expressivos corredores culturais do país, o Circuito Liberdade, em Belo Horizonte. Mais de 4 milhões de pessoas já visitaram suas exposições e 700 mil participaram de suas atividades educativas.
Serviço
Exposição “Arte Gravada: o acervo do MAP na Casa Fiat de Cultura”
Período expositivo: 11 de fevereiro a 13 de abril
Visitação presencial: terça a sexta-feira, das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h (exceto segundas-feiras)
Tour virtual no site: www.casafiatdecultura.com.br
Bate-papo com o curador Rafael Perpétuo e a restauradora Cláudia Amorim
13 de fevereiro, às 19h30, na Casa Fiat de Cultura
Participação gratuita, com inscrições pela Sympla
Oficina| Estandartes de Minas: Memória e expressão
15 de fevereiro, das 10h às 12h, na Casa Fiat de Cultura
22 de fevereiro, das 10h às 12h, na Casa Fiat de Cultura
Participação gratuita, com inscrições pela Sympla
Cortejo com o Bloco Vejo Flores em Você
22 de fevereiro, às 12h30, nos jardins da Casa Fiat de Cultura
Participação gratuita, com inscrições pela Sympla
Diálogos MAP 1 | Bate-papo com Wagner Nardy e Beatriz Coelho: Vida e obra de Yara Tupynambá
18 de março, às 19h30, na Casa Fiat de Cultura
Participação gratuita, com inscrições pela Sympla
Diálogos MAP 2 | Bate-papo com Sandra Bianchi e Guto Borges: O estandarte como ícone cultural mineiro
8 de abril, às 19h30, na Casa Fiat de Cultura
Participação gratuita, com inscrições pela Sympla