27 June 2017 -
Cerca de 150 usuários de diferentes serviços, unidades de acolhimento e equipamentos para pessoas em situação de vida nas ruas foram recebidos no auditório do Centro Universitário UNA dia 22 de junho para avaliar o conjunto de ofertas e políticas dirigidas a esse público em Belo Horizonte. Denominado Hora da Real, o evento é uma iniciativa da Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social (SMAAS) para que os beneficiados pelos programas possam opinar sobre os serviços prestados. Temas como formas de acesso aos equipamentos da SMAAS, suas normas, profissionais, relacionamento com usuários, estrutura física dos espaços público e efetividade das ações desenvolvidas foram abordados.
De acordo com a gerente de Promoção e Proteção Especial da SMAAS, Kátia Rochael, o evento é o resultado de um processo construído desde o início do ano, quando foi publicada a Portaria SMAAS 003/2017, prevendo um grupo de trabalho (GT) para atuar no reordenamento da política municipal ligada ao tema. O processo conta com a participação de entidades da sociedade civil organizada e movimentos sociais ligados à população em situação de rua, além de órgãos como conselhos de Assistência Social, Segurança Alimentar e Nutricional, Defensoria Pública, Ministério Público, dentre outros atores. Para consolidar este trabalho, é fundamental a consulta aos próprios usuários sobre suas demandas e anseios. “Hoje é o momento ideal para quem usa os serviços avaliar se eles estão ou não satisfatórios, e também para propor como esses serviços deveriam funcionar. Queremos definir o que ainda precisa ser construído ou aprimorado para atender às necessidades sociais e os direitos das pessoas em situação de rua”, afirmou Rochael, durante a abertura do evento.
Na oportunidade, os participantes foram divididos em oito salas, cada uma delas com uma equipe que direcionou os trabalhos, estimulou os questionamentos e compilou as críticas e propostas apresentadas. Dentre as reivindicações, a concessão da Bolsa Moradia foi uma das mais solicitadas. “Acho que falta clareza nos critérios para a entrega da Bolsa Moradia”, contestou Antônio Bruno, morador do Abrigo Pompéia. O benefício concedido pela Urbel garante o repasse de R$ 500,00 para pagamento de aluguel social. Atualmente a PBH destina 297 vagas para pessoas em situação de rua.
Para o conselheiro municipal de assistência social e representante do Fórum de População de Rua, Marcelo Antônio Rodrigues, algumas mudanças relacionadas ao atendimento aos usuários poderiam trazer mais efetividade aos serviços. Durante as discussões, Marcelo relatou sobre a própria experiência no tempo em que morou na República Reviver. “Quando estava me reestruturando, consegui emprego e, muitas vezes, não sabia o que fazer com o salário porque ainda não tinha uma projeto de vida e sentia falta de alguém para conversar sobre como eu pensava em gastar o salário antes do pagamento”, afirmou.
Todas as sugestões, críticas, reclamações e propostas serão compiladas e tratadas para orientar os trabalhos de reordenamento da política para a população em situação de rua.