7 Abril 2017 -
No Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência nas Escolas, a Secretaria Municipal de Educação (Smed) reforça que suas ações vão além do enfoque em torno de uma data comemorativa. Por meio do Programa Rede pela Paz e pautada no Plano Municipal de Segurança Escolar, lançado em 2014, a Secretaria apresenta proposições que colaboram com a manutenção de uma boa convivência no ambiente escolar. O resultado tem sido um trabalho permanente dentro das escolas, que implantam em seu cotidiano rotinas de combate a qualquer tipo de violência que vão desde uma discussão das relações(DR) à criação de um canal de ouvidoria jovem.
A Gerente de Gestão do Clima Escolar, Eliane Vilassanti, ressalta que essas as ações demandam reflexões constante. “Buscamos a melhoria das relações entre os sujeitos da escola, com estratégias diversas como a formação continuada dos profissionais que atuam na Educação, orientações sobre encaminhamentos devidos e acompanhamento das ações e desdobramentos que acontecem em escolas”. Na opinião da gerente, a civilidadeé ponto de partida para o bom clima escolar. “ A civilidade pressupõe normas, regras, rituais que garantem a convivência social. Temos rupturas dessa convivência em vários níveis, desde as relações familiares às culturais. A sociedade produz os processos que são repetidos por crianças e adolescentes em suas relações. Vai do apelido pejorativo na infância aos jogos perversos na adolescências, práticas muitas vezes reforçadas pela mídia. O que nos cabe enquanto escola é a formação dos estudantes reforçando os valores ´positivos para uma convivência democrática. Isso se apresenta nas nossas Proposições Curriculares como trabalho de valores humano”, avalia Vilassanti.
Remodelando as relações
No dia a dia das escolas, as ações propostas pela Secretaria se desdobram em atividades que ganham o apoio de toda a comunidade. Na Escola Municipal Professor Amilcar Martins, na Regional Pampulha, o combate aobullying partiu da demanda dos próprios estudantes, que mesmo não sendo vítimas alegam, em sua maioria, terem presenciados situações de bullying. “A proposta surgiu a partir do trabalho do Ouvidor Jovem, protagonizado pelos próprios estudantes que recebem as denúncias e nos ajudam a coordenar as ações de combate ao bullying, que passam por conversas educativas, palestras, envolvimento das famílias. Percebemos que quanto maior a conscientização sobre o tema, maior o número de casos, uma vez que essa abertura da voz às crianças. Quando não há esse diálogo, essa situação fica camuflada, porque muitas vezes, as situações vivenciadas não são expostas”, afirma a vice-diretora Peônia Pires.
Outra ação que tem apresentado bons resultados é a Assembleia de Turma, desenvolvida pela Escola Municipal Maria das Neves, na Regional Centro Sul. De acordo com a diretora Fátima Cordeiro, a metodologia contribui com a mediação de conflitos no ambiente escolar. “Quando o conflito existe, ele pode ser mediado pela palavra. Os alunos listam o que aprovam ou não, o que desagrada, as críticas e elogios em relação à conduta dos outros. Sem nomear quem faz, apontam o que há de errado na relação entre eles e propõem encaminhamentos e soluções. O professor ajuda como facilitador dessa DR (discussão da relação) entre alunos. Com esse modelo de intervenção, consiguimos melhor significativamente nosso clima escolar. ”
Trabalho contínuo
Combater e prevenir a violência é um trabalho educacional continuo, bem como as ações da Secretaria Municipal de Educação nesse sentido. Em maio deste ano, os professores e diretores escolares participarão da formação "dialogando sobre a convivência escolar". Essa formação abordará conteúdos específicos como clima escolar, juventude e territorialidade, mediação de conflitos nas escolas, plano de segurança escolar, rede de proteção de crianças e adolescentes, plano de convivência escolar, dentre outros.
Ao longo do ano de 2016, foi constituído um grupo de trabalho para a formulação e experimentação de uma ficha específica para o tratamento de casos de bullying. Essa ficha está sendo reavaliada, em 2017, a partir da identificação das dificuldades encontradas para o seu preenchimento em algumas escolas, pela semelhança da tipificação de bullying com outros eventos de indisciplina que ocorrem na escola.
Vale ressaltar que o trabalho desenvolvido pela Smed conta com a de parceria da Guarda Municipal de Belo Horizonte, do Centro Integrado de apoio ao adolescente autor de ato infracional , da Promotoria da Infância e da Adolescência e das Secretarias Municipais de Saúde e Adjunta de Assistência Social.
Um basta ao bullying
O termo bullying tem vem do inglês bully, que significa valentão. Mesmo sem uma denominação em português, é entendido como ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato e se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva.
A Lei Federal 13.277/2016 institui 7 de abril como o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola. A data remete ao o massacre em uma escola do bairro Realengo, no Rio de Janeiro, no ano de , quando um ex-aluno, à época com 23 anos, invadiu a escola atirando em alunos, professores e funcionários. O atentado resultou na morte de 12 crianças. O autor do crime, segundo consta enfrentou situações de bullying na infância. Após tirar a vida de dez meninas e dois meninos, com idades entre 13 e 16 anos, o agressor se suicidou.