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 Edição on-line da Virada Cultural tem 200 horas de programação e 2,3 mil pessoas envolvidas
Foto:Daniel Carvalho

Edição on-line da Virada Cultural de BH tem 200 horas de programação

criado em - atualizado em

Foram 329 atrações transmitidas on-line, ultrapassando 200 horas de programação, com mais de 2,3 mil pessoas trabalhando para realizar o festival. O impulso para a retomada do setor cultural foi o principal foco da Virada Cultural de Belo Horizonte 2021, realizada pela Secretaria Municipal de Cultura e Fundação Municipal de Cultura, em parceria com o Instituto Periférico. 

Com o conceito “Cultura Vibra, Viva, Vira”, o festival exibiu, durante 24 horas ininterruptas, atrações pré-gravadas e ao vivo, contribuindo para a retomada da cadeia produtiva cultural da capital mineira. Foram nove “viras”, espaços virtuais de transmissão pelo YouTube da Fundação Municipal de Cultura  — Vira Estação, Vira Praça Sete, Vira Guaicurus, Vira Bem, Vira e Faz, Vira Pipoca, Vira Saia, Vira Geek e Vira Virou –, além de atrações apresentadas no site oficial do evento: viradacultural.pbh.gov.br

“Desde o início da concepção dessa edição da Virada Cultural de Belo Horizonte, tínhamos em mente a necessidade de fomentar e dar luz à rica produção cultural da nossa cidade, aos nossos artistas e aos diversos profissionais dos bastidores da cultura, que foram tão fortemente impactados pela pandemia. Se, por um lado, ocupar as ruas do hipercentro da cidade ainda não foi possível, diante dos cuidados sanitários que se mantêm necessários, os artistas tiveram a oportunidade de realizar apresentações com produções caprichadas, que foram exibidas durante a nossa programação e disponibilizadas a eles como ferramenta para potencializar suas carreiras. Estamos satisfeitos em perceber que a Virada Cultural 2021 teve uma grande importância ao movimentar a cadeia produtiva da nossa cidade, marcando um momento de retomada do setor que esperamos que seja crescente daqui para a frente”, avalia Fabíola Moulin, secretária municipal de Cultura e presidenta interina da Fundação Municipal de Cultura. 

Para Gabriela Santoro, diretora-presidente do Instituto Periférico, “foi muito gratificante sentir que o desafio de trazer o lado vibrante da Virada para o formato on-line foi bem sucedido. Pudemos perceber isso pela interação que tivemos com o público pelos canais digitais da Virada e sentir como a população abraçou o evento e compreendeu o esforço feito para demonstrar a importância desta cadeia de profissionais para todos nós. O legado da Virada foi material, com a movimentação da economia para o setor cultural, e imaterial, pelo aspecto de bem-estar e energia positiva e transformadora que a arte é capaz de promover”. 

Edição 2021 

As mais diferentes áreas culturais estiveram representadas, sendo 117 atrações musicais, 60 atividades audiovisuais, 33 propostas das artes cênicas, 21 atrações de bem-estar e saúde, 20 atividades das artes visuais, 13 intervenções e instalações urbanas, 12 atividades gastronômicas, 11 propostas de literatura, 5 atividades de cultura popular e mais outras 37 atividades diversas.     

Entre as atrações de destaque, abrindo o festival, o show de Ngunzo, gravado no Kilombo Manzo, em Santa Luzia, representou a linguagem da cultura negra. A banda Black Machine trouxe o swing do soul para o Aglomerado da Serra. A Virada do Samba reuniu grandes nomes do gênero no Mirante do Mangabeiras, e o rapper FBC trouxe para o Palácio das Artes a realidade da periferia. O Grande Teatro também recebeu o rapper Das Quebradas, que representou os jovens da Zona Norte de BH em suas composições. Blocos de carnaval foram representados por Bloco Pele Preta, Magia Negra, Chama o Síndico, Daquele Jeito, entre outros. A cantora  ngela Ro Ro tocou suas músicas ao som do piano de cauda em pleno Viaduto Santa Tereza. 

Das atrações ao vivo, o Gigante Dudrin, marionete de 5 metros e 37 quilos, foi exposto em um dos arcos do Viaduto Santa Tereza. Diversas projeções ocuparam prédios do hipercentro da capital: “Cachoeira”, de Aline Xavier Mineiro (VJ Alinex), retratou as primeiras pinturas de fachadas de BH, pintadas por Hugues Desmaziéres e Douglas Melo na década de 90; 1par trouxe  “Pelo Vidro”, que mostrou que, através desta fina película que nos separa, surge todo tipo de imagem; os artistas da Darklight Studio (Homem Gaiola & Vj Eletroiman) trouxeram “Somos Natureza”, uma viagem para evidenciar a importância da natureza, com personagens e símbolos que misturam o humano e a planta; e a proposta de Sara Lara, “Espécies de Espaços'', por sua vez, apropriou imagens capturadas por câmeras de vigilância que tiveram as imagens inviabilizadas por aranhas. 

O grafitti também foi uma linguagem bastante presente, como, por exemplo, no mural “Ogum da Quebrada”, do artista Comum. 

Cadeia de produção vibrante

Devido ao período de isolamento social, o setor cultural foi um dos mais prejudicados pela pandemia de covid-19. A Virada Cultural, no formato on-line, deu apoio a artistas, produtores e técnicos, além de dar visibilidade a espaços da cidade pouco usados como palcos, a exemplo da plataforma de metrô da Estação Central/CBTU, do terraço do edifício Itamaraty e da laje da Associação Cultural do Aglomerado da Serra.
 
Marcelo Siqueira, superintendente da CBTU-BH, conta sobre a experiência de ceder umas das plataformas da Estação Central para o festival. “O metrô, além de ser um meio de transporte que serve à população de Belo Horizonte todos os dias, também apoia ações que trazem arte e cultura aos mineiros. É um prazer contribuir com a Virada Cultural, evento que se tornou tradição na nossa cidade. O formato on-line foi apropriado para o momento em que vivemos, sem perder a grandiosidade das intervenções artísticas.” 
 
A programação mesclou artistas estreantes na Virada Cultural e outros que já se apresentaram em edições anteriores, que avaliaram que a edição deste ano foi crucial para divulgar mais produções locais e dar espaço a linguagens diversas, inclusive as de periferia. 
 
O rapper Das Quebradas, que se apresentou no Palácio das Artes e teve seu show transmitido no Vira Guaicurus, falou sobre o retorno que teve com sua participação. “Tenho mais de 2 mil mensagens de jovens da periferia que disseram se sentir representados com a minha apresentação. É muito bom chegar e alcançar outros públicos, mas ver os meus semelhantes representados e felizes pela minha arte, não tem preço.”
 
Para o duo ClaraxSofia, participar da Virada Cultural foi um marco para a carreira delas. “Sempre vimos a Virada Cultural de Belo Horizonte como um evento muito especial para a cena cultural da cidade e para cada um dos artistas que faz parte do festival. Admiramos muito os nossos artistas conterrâneos e estar com eles foi muito especial para nós! Fizemos esse show, repleto de significado, com muita emoção”.
 
Jhones Dantas trouxe o “Duelo das Gigantas”, um slam de vogue, para o Palácio das Artes. “Ocupar o Palácio das Artes foi importante e tivemos retornos positivos dos profissionais que estavam no momento da gravação conosco, de que foi essencial mostrar nossa arte, nossa cultura”, afirma.
 
Naiara Campos, do grupo BH Fixed, ressalta que “foi uma Virada Cultural diferente, que aconteceu tomando todos os cuidados, mas que superou todas as nossas expectativas. Conseguimos fazer um evento inusitado que trouxe a bicicleta como linguagem cultural”. 
 
A cantora e poeta Vi Coelho, do Vira Bem, é do Coletivo de Negras Autoras, e se apresentou no Vira Guaicurus. Ela acredita que o formato on-line trouxe mais visibilidade aos artistas, uma vez que puderam ser vistos por pessoas que talvez não participariam do formato presencial.
 
Bastidores da Virada
 

Nesta 6ª edição da Virada Cultural, participaram 2.166 pessoas das equipes artísticas. Nos bastidores, um grande time  de profissionais trabalhou durante seis meses para que o evento fosse realizado: produtores, equipes de gravação, iluminação, edição de vídeo, streaming e sonorização, profissionais de comunicação, intérpretes de Libras, entre tantos outros, que somam 202 pessoas.

Os profissionais envolvidos na produção por trás das câmeras também sentiram que a Virada foi um marco para a categoria. Chico de Paula, diretor-geral de vídeo, comenta que, “além do legado que a Virada deixa para os artistas que participaram, ela reinventa um processo na medida em que reaproxima profissionais. Recriar as atividades da cultura neste momento é reinventar a sua linguagem no nosso ofício”. 
 
Uma das diretoras de imagem da Virada Cultural, Cláudia Cunha Nonato, disse que a possibilidade de realização do projeto de maneira híbrida e segura trouxe de volta a alegria de trabalhar para toda a cadeia produtiva do setor cultural de Belo Horizonte. “Sentimos em cada artista e em cada técnico a felicidade de poder retornar às atividades. Todos estavam aguardando esse momento. A cultura é um segmento muito forte em nossa cidade e estabelece um diálogo muito amplo com a população. Também ficamos muito felizes de ver o retorno do público, que confirmou o desejo de ver os artistas ocupando de volta em um espaço que é deles”, observou Cláudia.