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Composto produzido pelo Jardim Botânico apresenta resultados positivos no cultivo de ipês e outras espécies
Suziane Brugnara

Composto testado pelo Jardim Botânico apresenta resultados positivos no cultivo de ipês e outras espécies

criado em - atualizado em

O Jardim Botânico da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB) deu início, em meados de 2024, a pesquisas para a validação agronômica de um composto orgânico desenvolvido a partir do lodo proveniente de Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) e de resíduos de poda urbana. Após pouco mais de um ano de análise, os resultados são bastante positivos. De acordo com a engenheira florestal do Jardim Botânico, Lívia Dias, integrante da equipe de pesquisa, espécies como aroeira, quaresmeira, ipê-amarelo e cássia-rosa estão sendo cultivadas em condições controladas e já apresentam bom desenvolvimento.

“Estamos realizando experimentos científicos para a avaliação da eficiência do composto como substrato de produção de mudas e eles têm mostrado resultados positivos. As plantas crescem mais, principalmente a parte vegetativa, e visualmente notamos que têm ficado mais viçosas e bem desenvolvidas”, assegura a engenheira florestar.

As pesquisas realizadas pela equipe técnica do Jardim Botânico da FPMZB (formada por engenheiros agrônomos e florestais e ambientais) visam caracterizar esse composto quanto à sua eficácia tanto para uso em viveiros de plantas quanto na recuperação de áreas degradadas da cidade. A iniciativa faz parte de um convênio assinado em 2024 entre Fundação, Copasa, e a empresa Transplantar Tree, e representa um avanço para o aproveitamento ambientalmente correto e sustentável de materiais até então destinados a aterros sanitários. A Cemig também é parceira na pesquisa, fornecendo resíduos de poda.

Orgânico e natural

O composto orgânico, denominado Compost Tree, é produzido pelo processo de compostagem de resíduos de lodo de ETEs pré-tratado, fornecido pela Copasa, resíduos de poda de árvores urbanas triturados e dejetos da criação de bovinos confinados (cama-de-curral).

A produção do composto segue o seguinte fluxo: o lodo de esgoto das ETEs vai para a usina de compostagem, passando por um processo de sanitização do biossólido por meio de incidência de raios solares. Concomitantemente, as podas urbanas são depositadas em curral de bovinos em confinamento, formando as "camas" do curral, em que os animais vão defecar e urinar.

Posteriormente, as "camas" são levadas ao pátio de compostagem onde são misturadas ao biossólido e completam o processo em leiras (faixas de terra utilizadas para plantio) dispostas em pátios de compostagem orgânica. 

A empresa Transplantar Tree, parceira do projeto, é responsável pela produção do composto. Já a equipe da FPMZB está responsável por efetuar os experimentos e definir a melhor composição de substratos preparados para o uso na produção de mudas florestais de espécies arbóreas normalmente utilizadas na arborização urbana local.

A equipe da Fundação envolvida no projeto acredita que a parceria pode significar uma solução sustentável para o reaproveitamento de resíduos urbanos antes destinados diretamente a aterros sanitários. “Estamos falando, antes de tudo, em contribuir para preservação ambiental e assegurar um futuro melhor às novas gerações, pois vamos deixar de enviar para os aterros toneladas desses resíduos para gerar um substrato de qualidade que poderá ser utilizado na produção de mudas e em novos plantios pela cidade. Além disso, esses tipos de resíduos são ricos em nutrientes e a utilização deles representa uma oportunidade de fechar o ciclo de produção e consumo, alinhando-se aos princípios da sustentabilidade ambiental e da economia circular." destaca Lívia.

A engenheira florestal ressalta que o Jardim Botânico é um grande polo de pesquisas dentro da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica. “Esse convênio assinado entre a Fundação, Copasa e Transplantar Tree reforça o compromisso da FPMZB em contribuir com estudos e projetos de grande relevância para a população, no que diz respeito a sustentabilidade ambiental”.