Pular para o conteúdo principal

Cerca de 11 membros do bloco caricato Mulatos do Samba tocam diversos instrumentos musicais.
Foto: Maíra Cabral

Bloco Mulatos do Samba busca seu 5° troféu no Carnaval 2018

criado em - atualizado em
Tetracampeão, o Bloco Mulatos do Samba está apostando tudo para conquistar seu quinto troféu do Carnaval de Belo Horizonte. Campeão no ano passado em uma disputa acirrada, o bloco, que explorou a temática do fantástico mundo da imaginação, tem como tema neste 2018 a preservação da Amazônia. 

Com o enredo ‘Amazônia Perfeita Criação, Pulmão do Mundo, Tesouro da Terra’, os participantes da folia prometem arrasar na avenida. “Amamos o Carnaval e preparamos tudo com muito carinho. Não é à toa que participam da nossa festa desde crianças a idosos”, comenta o fundador Roberto Martins, o Betô, como é conhecido no meio.

O Mulatos do Samba é um dos blocos caricatos que pode contar com o apoio financeiro da Prefeitura no Carnaval. Este ano, segundo a Belotur, o total de recursos repassados aos blocos caricatos e escolas de samba que cumprirem as determinações do edital é 50% maior que 2017. Cada escola do grupo principal receberá R$ 75 mil e cada bloco caricato, R$ 37,5 mil. 

As novidades no regulamento, o aumento no investimento da Prefeitura e as melhorias na estrutura a ser montada na avenida Afonso Pena são consequência de um movimento planejado e conjunto – entre a Prefeitura e as lideranças dos grupos – para que aconteçam um crescimento e uma qualificação graduais nos desfiles. 

A cada ano, a meta é melhorar artisticamente as apresentações, atrair mais público para a avenida, qualificar a estrutura física do sambódromo e, como consequência, fortalecer como um todo o Carnaval de Belo Horizonte e valorizar a tradição dos sambistas, escolas de samba e blocos caricatos, reconhecendo as décadas de história e contribuição para a festa na cidade.



Mulatos do Samba 

Fundado em 23 de maio de 2008, o bloco reúne integrantes dos antigos blocos Mulatos do Carlos Prates (1953) e Demônios do Santo André (2000). É o atual campeão do Carnaval de Belo Horizonte, quando foi tetracampeão. A estimativa, segundo Betô, é que o bloco saia este ano com 170 componentes.

Ele relembra o início dos trabalhos, há 10 anos, quando a dificuldade em colocar o bloco na rua mobilizava quase todo o bairro Santo André, região Noroeste da capital, até mesmo quem não curtia a folia. “Não tínhamos dinheiro para nada. O aperto financeiro era grande, mas o amor pelo Carnaval falava mais alto. Fazíamos vaquinha, rifa, os vizinhos produziam bolo, doces para vender e ajudar na compra dos tecidos das fantasias”, lembra Betô. 

A mobilização era grande. Betô conta que os trabalhos, que varavam madrugadas, chamavam a atenção de todo mundo que passava pela rua e por fim todos acabavam dando uma ajudinha. Como o dinheiro era curto, muitas vezes eles desciam até um sacolão do bairro para pegar caixotes de frutas. Eles eram transformados em alegorias sempre originais, segundo Betô. “Criatividade acima de tudo”, reforça o carnavalesco. 

Toda essa força veio de sua mãe, dona Maria Aniceta, que desde que Betô era pequeno, juntava os filhos e vizinhos no quintal de sua casa onde batiam latas e varetas. “Era uma festa que chamava atenção da vizinhança. Ela chegou a participar, em 2009, da entrega do troféu. Morreu no Carnaval do ano seguinte, aos 80 anos”, relata. 



A origem dos blocos caricatos

Os blocos caricatos são a maior tradição do Carnaval de Belo Horizonte. Surgiram até mesmo antes das escolas de samba e até hoje desfilam na avenida. No início, operários que trabalhavam na fundação da capital pintavam os rostos e desfilavam batendo latas e tambores em cima das carroças. Eles acabaram criando o que muitos anos depois passou a ser conhecido como bloco caricato, uma manifestação popular resgatada em 1994. Na época, os ‘caminhões’ enfeitados desfilavam apenas em suas comunidades, mas com o tempo ganharam mais espaço na cidade, e hoje competem na avenida pelo titulo de melhor da cidade.



Carnaval 2018

O Carnaval de Belo Horizonte, que acontece oficialmente do dia 27 de janeiro a 18 de fevereiro, se tornou um dos mais surpreendentes do país.  Para este ano, a expectativa é de 3,6 milhões de foliões, 20% a mais que em 2017. Serão cerca de 480 blocos com 550 desfiles. 


Entre as novidades estão os nove palcos oficiais distribuídos entre as regionais, descentralizando ainda mais a programação na cidade. Além disso, melhorias estruturais acontecerão na avenida Afonso Pena para o desfile das escolas de sambas e blocos caricatos. Pela primeira vez na história da cidade, a avenida será pintada de branco para valorizar as fantasias e adereços, assim como acontece nos sambódromos. No local será instalado ainda um cronômetro para a contar o tempo dos desfiles.

Outro aspecto importante, também previsto no regulamento, é a abertura de espaço para o surgimento de novas escolas e blocos, um ingrediente com potencial para trazer inovação e renovação para o Carnaval.

Somados à iniciativa da Prefeitura, os investimentos do setor privado têm contribuído para esses avanços. O Carnaval de Belo Horizonte 2018 tem o patrocínio da Skol, parceira há cinco anos da folia na capital, e da Uber, nova incentivadora da festa na cidade.
 
 

19/01/2018. Mulatos do Samba. Fotos: Maira Cabral/PBH