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Roda de Capoeira com instrumentos musicais e onze pessoas; duas delas jogam capoeira ao centro.
Foto: Euler Conrado

BH em Pauta: Região Norte oferece aulas de capoeira

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Todas as manhãs de sábado, eles vão chegando aos poucos, uniformemente trajados. Providenciam os instrumentos ou bastões que serão utilizados, ligam a caixa de som. Um CD com músicas características é executado. O Mestre Edilson chega em seguida, quase sempre acompanhado de alguns dos alunos, fazendo os últimos ajustes para o início do treino. Esse é o “Meninas e Meninos do Zilah”, projeto de capoeira oferecido pelo Centro Cultural Zilah Spósito, na região Norte de Belo Horizonte.


Trata-se de um projeto de capoeira com treino e roda com troca de experiências sobre essa arte. Sob a orientação do Mestre Edilson Calango, são realizados encontros abertos semanalmente no centro cultural. Além das práticas ligadas à física corporal e dança, os participantes aprendem também os cânticos da capoeira e técnicas de produção dos instrumentos musicais, como o berimbau, o atabaque, o caxixi e o pandeiro.

O “Meninas e Meninos do Zilah” tem como objetivo a difusão da prática da capoeira nas três dimensões - cultural, física corporal e arte marcial. A porção cultural incorpora a música e a dança, presentes nas rodas de capoeira desde o surgimento. A parte física corporal se apresenta no treino de preparação física para os movimentos a serem executados. O que se refere à luta marcial se faz presente na transmissão da preparação física e mental, ambas codificadas em diferentes graus, que visam a um desenvolvimento dos praticantes, para que esses sejam capazes de se defender ou submeterem o adversário mediante diversas técnicas.

Gerente do Centro Cultural Zilah Spósito, Alison Barbosa afirma que o espaço procura apoiar e incentivar o projeto “como forma de valorizar e difundir a memória e o patrimônio cultural que marcam a história e a formação do nosso povo.”

A faixa etária dos participantes é variada, a partir dos oito anos de idade, com a presença de crianças e adultos. Tanto o Mestre Edilson Calango quanto grande parte dos alunos do projeto residem nos movimentos de ocupação próximos ao Zilah Spósito, o que faz a comunidade ter uma relação de afeição com o grupo de capoeira.

“Além de ser uma prática já tradicional na região, a capoeira é uma atividade que traz ensinamentos, tanto no respeito ao próximo quanto na formação cidadã”, ressalta Euler Conrado Jr., técnico de patrimônio cultural do centro cultural.

Monitor do Programa Escola Integrada, o metalúrgico Edilson Rodrigues Pinto, de 45 anos, mais conhecido como Mestre Calango, vê no projeto um sentido de pertencimento: “Ela é de suma importância cultural. A capoeira ajuda a desenvolver e descobrir qualidades nos sujeitos, para que esses possam reconhecer melhor seu lugar no mundo e seu espaço. A prática da capoeira é capaz de transformar pessoas, agregar valores culturais, instrumentais, sociais e humanos, além de possibilitar viver de forma mais saudável, longe de drogas e violência."

Israel de Oliveira Lopes, 29, auxiliar de carga, morador da Ocupação Rosa Leão, fala da importância do projeto na vida dele: “É uma família para mim, aqui eu tenho aprendido muito, principalmente sobre a vida. A capoeira é saúde e bem-estar. A capoeira é defesa, é ataque, como uma arte marcial, mas também é brincadeira, descontração, ginga e diversão. Capoeira é vida.”

Bárbara Andrea, 31, operadora de caixa, moradora da Ocupação Rosa Leão, também aponta a extensão do projeto: “Eu gosto muito porque faz com que as crianças tenham disciplina, respeito, e isso é muito bom. Também porque o centro cultural abriu suas portas e acolheu o projeto do Mestre Calango, e é sempre ter um centro cultural que realmente olha para a população como um todo”.


Centro Cultural Zilah Spósito

O gerente Alison Barbosa destaca a importância do “Meninas e Meninos do Zilah” para o centro cultural: “A capoeira, patrimônio imaterial da humanidade reconhecido pela Unesco, é a expressão da cultura popular mais recorrente nos centros culturais. Aqui não é diferente, a capoeira ocupa lugar de destaque. Tem importância cultural e gera esse sentimento de pertencimento da comunidade.”

O Zilah Spósito fica à rua Carnaúba, 286, no Conjunto Zilah Spósito, bairro Jaqueline. Os telefones para contato são 3277-5498 / 3277-1839. O email é cczs.fmc@pbh.gov.br. Funcionamento: terça e quinta, das 8h30 às 20h; quarta e sexta, das 8h30 às 18h; sábado, das 9h às 13h. Ônibus: 738, 4310, 4420.
 
 

17/10/2017. Meninas e meninos do centro cultural Zilah Sposito. Fotos: Divulgação/SMC