17 August 2017 -
A nova gestão municipal de Belo Horizonte ratificou o compromisso com o monitoramento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), agenda global estabelecida pelas Nações Unidas que é composta por 17 objetivos e 169 metas a serem atingidos até 2030. A partir da experiência bem sucedida com o monitoramento local dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), tendo sido alcançada a maioria das metas propostas, Belo Horizonte reiterou os compromissos com a Agenda Pós-2015. Neste documento foi proposto o fortalecimento da rede de atores locais para mobilizar esforços em prol da erradicação da pobreza e da integração econômica, social e ambiental.
A transição para a Agenda ODS faz parte das ações estratégicas da administração municipal, estando as metas vinculadas ao plano estratégico BH2030 – conjunto de metas e estratégias que apresenta diretrizes para 11 áreas de resultados e cinco de sustentação – e ao Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG).
Integrante do Projeto Observatório do Milênio na Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), Rosane Castro relata que o monitoramento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na cidade será feito até 2030, por meio do Observatório.
“O Observatório do Milênio é uma rede de parceiros, coordenada pela PBH, que promove o diálogo e a cooperação entre poder público, instituições de ensino e pesquisa e sociedade civil, organizada na perspectiva de produzir informações e análises sobre a cidade que possam subsidiar as políticas públicas”, afirma ela, que atua como analista da Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Informação (SMPL).
A rede é composta por instituições públicas, acadêmicas e de pesquisa: PUC, UFMG, Newton Paiva, UNI-BH, UNA, FUMEC, Fundação João Pinheiro, Governo do Estado e FIEMG.
Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são um conjunto integrado e indivisível de prioridades globais para o desenvolvimento sustentável nas dimensões social, econômica e ambiental.
Para abraçar os novos desafios, a rede do Observatório está sendo reestruturada por meio da renovação do convênio entre parceiros e apoio técnico do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), além de um novo desenho que contemple de modo integrado tal conjunto de desafios. Os técnicos do projeto estão realizando visitas aos parceiros para a construção compartilhada do novo modelo da rede.
Smart Campus
Alunos do Centro Universitário Newton Paiva, parceira da rede, já adotam um conjunto de medidas sustentáveis inspiradas nos ODS. “Ficamos extremamente surpresos com o engajamento dos estudantes e da instituição. Eles realizam diversas ações integradas envolvendo toda a comunidade acadêmica em torno da agenda global. Utilizam o Plano Estratégico BH 2030, elaborado pela Prefeitura, para guiar o planejamento das ações, o que demonstra a capacidade de diálogo e colaboração que a nova agenda possibilita”, exalta Rosane.
Um dos critérios na seleção de propostas para projetos de extensão é a vinculação com um ou mais dos 17 objetivos. Contam hoje com 15 programas e 40 projetos de extensão e 24 pesquisas de iniciação científica formatadas para resolver problemas reais do mundo. São mais de 600 alunos ligados diretamente a esses projetos que trabalham empenhados em trazer soluções e conhecimentos comprometidos com o desenvolvimento sustentável.
Em parceria com Massachusetts Institute of Technology - MIT, a instituição implantou o projeto Smart Campus, uma cidade inteligente e sustentável no Campus do Buritis, por meio do qual os alunos da engenharia aperfeiçoaram um sistema de economia de energia com postes autônomos e financeiramente viáveis construídos com placa fotovoltaica, tubo PVC, lâmpada de LED, garrafa PET, bateria e um circuito impresso.
Outra ação de grande impacto foi a pintura dos muros de um dos campus com as temáticas, feitas por 62 artistas do grafite.
Soluções sustentáveis
Daniel de Castro e Marcos Felipe são alunos Newton de Paiva. Daniel cursa o quarto período de Engenharia Mecânica, enquanto Marcos faz o quinto período de Engenharia Elétrica. Os dois também são trainees e estão trabalhando em projetos sustentáveis. Marcos trabalha em dois projetos neste semestre: o poste autônomo de energia e o totem carregador de celular.
O poste autônomo tem como objetivo levar energia elétrica a pontos do Campus que não têm iluminação, promovendo o aumento da segurança e facilitando o monitoramento do local. “Já temos três exemplares instalados no Campus”, relata Marcos.
Por ter sido totalmente desenvolvido no Smart Campus, o projeto tem um baixo custo. Esse projeto pode ser replicado e instalado em comunidades carentes que ainda não têm acesso à rede de energia elétrica. O totem carregador de celular também foi desenvolvido no Smart Campus e tem como propósito ser de baixo custo. “É feito nos nos laboratórios. O objetivo do equipamento é dar aos alunos um maior conforto na hora de carregar seus celulares, pois há uma demanda muito grande e a instalação destes totens sana o problema”, explica Marcos.
Daniel tem três projetos em andamento: um medidor de consumo de energia, um drone que auxilia socorristas e bombeiros no trabalho e uma aplicação de indústria 4.0 nos equipamentos dos laboratórios da faculdade. “O medidor de consumo lê os valores de corrente na rede em tempo real e envia os dados de consumo para um software de supervisão, permitindo um melhor acompanhamento do consumo de energia no Campus. O drone é um projeto em desenvolvimento com o eixo de Saúde e Qualidade de Vida, que visa a permitir que os socorristas/bombeiros possam se antever às ocorrências, pois permite um deslocamento mais rápido até o incidente e, em alguns casos, pode-se usar o Drone como instrumento de intervenção. A aplicação para indústria 4.0, projeto do eixo Indústria e Negócios, visa a permitir um melhor acompanhamento do funcionamento de um exaustor, monitorando a quantidade de fumaça e alertando previamente sobre possíveis falhas, evitando a necessidade de uma ação corretiva de emergência”, detalha Daniel.
Os dois alunos enfatizam que os projetos do Medidor e do Poste Autônomo estão vinculados diretamente aos ODS 7 e 12 (ver no link abaixo quando são os 17 objetivos) e, indiretamente, a vários outros.
Agenda ODS
A Agenda ODS / 2015-2030 visa a complementar as bases estabelecidas pelos ODM e constitui um conjunto integrado e indivisível de prioridades globais para o desenvolvimento sustentável nas dimensões sociais, econômicas e ambientais. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são:
Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares;
Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável;
Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades;
Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos;
Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas;
Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos;
Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos;
Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos;
Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação;
Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles;
Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis;
Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis;
Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos;
Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável;
Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade;
Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis; e
Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.