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Escultura em formato de elipse vazada, de metal, de autoria de Ricardo Galvão, faz parte do Mirante dos Mangabeiras
Foto: Suzane Montandon

BH em Pauta: Mirante do Mangabeiras ganha esculturas

criado em - atualizado em
Quem já visitou o Mirante do Mangabeiras após a reabertura ao público, em 20 de junho, já notou a presença de novas atrações no local. São duas esculturas em aço produzidas pelo artista Ricardo Carvão, em formato de olhos, que parecem convidar o visitante a admirar a paisagem que dá nome à cidade de Belo Horizonte. As peças fazem parte do acervo pessoal do artista e estavam armazenadas desde 1998 no Parque das Mangabeiras, onde fez parte de uma exposição da série “Tubismo”, do autor, juntamente de outras 47 esculturas.
 


Ricardo Carvão se diz um admirador e frequentador do parque. Assim, após as obras terem passado por outras duas locações em 1998, ele procurou a Prefeitura de Belo Horizonte para formalizar uma parceria para que o Parque das Mangabeiras se tornasse um pequeno espaço de arte a céu aberto, recebendo as obras. “Sempre que recebo visitantes de fora de BH em minha casa, faço questão de levá-los em três lugares que gosto muito: o Museu Inhotim (Brumadinho), o Parque das Mangabeiras e o Mirante. Gosto da possibilidade de contemplarmos a arte em meio à natureza”, comenta Ricardo.
 


As obras ficaram em exposição no Parque do Mangabeiras por cerca de nove meses em 1998. Após esse período, as obras foram armazenadas em um espaço do parque, sem necessariamente ficarem expostas ao público. “Quando iniciamos o processo de diagnóstico dos parques e de revitalização do Mangabeiras, já havia surgido o desejo de dar um melhor uso e espaço para essas esculturas, e coincidiu que o próprio Ricardo nos procurou para que renovássemos a parceria, levando ainda essas duas peças ao Mirante. Essa ideia casou muito bem, pois o Mirante é, por natureza, um espaço de lazer contemplativo”, comenta o presidente da Fundação de Parques Municipais (FPM), Sérgio Augusto Domingues, explicando que, em articulação com a Fundação Municipal de Cultura, já há um projeto maior em estudo, com a intenção de levar a arte e a cultura para dentro dos parques de forma gratuita.
 


As duas peças do artista Ricardo Carvão são feitas em tubos inteiros de aço, divididos em duas partes em cada escultura. As obras ficarão em exposição no Mirante do Mangabeiras por pelo menos um ano. Perguntado sobre o significado das esculturas que agora compõem o cenário do Mirante do Mangabeiras, o artista desconversa: “gosto de deixar minha obra aberta para interpretação do público, mas não há como negar que essas esculturas, que eu chamo de Monumento à Visão, são um convite não só ao olhar, mas à reflexão. Elas são de ferro, expostas aos pés da Serra do Curral. É impossível não olhar para elas sem pensar no progresso, sem refletir nos impactos da urbanização. É um convite ao olhar reflexivo sobre a nossa cidade e sobre os prós e contras da necessária urbanização”, comenta.
 


A designer Ana Paula Matos elogia a iniciativa. “Precisamos ter espaços de valorização da nossa arte aqui no Brasil. Temos trabalhos de brasileiros que hoje estão expostos em museus fora do nosso país por falta de reconhecimento nosso sobre a importância. Trazer isso para um espaço de acesso gratuito é permitir e incentivar uma democratização da arte e despertar a curiosidade das crianças para valorizar o que nós produzimos aqui”, afirma.
 


É possível observar outras obras do artista em vários pontos da cidade, como Praça da Estação, Praça da Paz, Praça da Liberdade, rotatória em frente ao BH Shopping, Cemitério Parque da Colina, Funarte, Aeroporto de Confins (ao lado da escada rolante), Iphan e Centro Mineiro de Referência de Resíduos.



Decks do Mirante
 

Um dos pontos turísticos de destaque de Belo Horizonte, o Mirante do Mangabeiras está localizado no bairro Mangabeiras, atrás do Palácio do Governador, em uma área de aproximadamente 35,4 mil metros quadrados. Com dois decks de madeira instalados, medindo cada um cerca de 125 metros quadrados, o espaço proporciona ao visitante uma visão privilegiada da capital – o chamado belo horizonte.
 


Considerado área de preservação ambiental, o Mirante do Mangabeiras foi incorporado ao Parque das Mangabeiras, que responde pela administração do espaço. Logo na entrada, estão instalados guarita, banheiros públicos e bebedouros. Uma rampa dá acesso ao primeiro deck e à praça principal com bancos, passeio, jardim e vagas de estacionamento para os que possuem mobilidade reduzida. Mais à frente, está localizado o segundo deck, onde existia a antiga Rádio Jornal do Brasil, posteriormente Rádio da Cidade. Com uma grande área gramada, plantas ornamentais e bancos, é um ambiente propício para a contemplação e convivência.



Funcionamento

 

De acordo com Margareth Ávila, paisagista da Fundação de Parques Municipais e responsável pelo plantio dos jardins, as espécies ornamentais escolhidas, como alpíneas-vermelhas, estrelitzias, bromélias, avélias e moreias, são resistentes ao vento, sol e frio da região, além de darem flores para enfeitar o espaço. “A grande maioria das plantas, com exceção de uma ornamental, foi produzida no viveiro do Parque Jacques Cousteau”, conta. No canteiro central, as árvores originais (flamboyant, pinheiro e palmeiras) foram preservadas, sendo o jardim criado no entorno destas espécies.
 


O Mirante das Mangabeiras funciona de terça a domingo, das 9 às 17h, podendo o funcionamento ser alterado, conforme necessidade da Fundação de Parques Municipais. A entrada no estacionamento é permitida somente para pessoas com necessidades especiais (com dificuldades de locomoção).

 

05/07/2017. Obras de arte embelezam o Mirante do Mangabeiras. Fotos: Suzana Montandon/PBH