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Faveiro-de-wilson tem flores amarelas e pequenas; de um lado a mão esquerda segura a planta. de outro, um pincel é passado em suas flores.
Foto: Divulgação FZB/PBH

BH em Pauta: FZB-BH protege faveiro-de-wilson de extinção

criado em - atualizado em
Ao realizar em 2002 um trabalho de campo para levantamento florístico em Paraopeba, região central de Minas, a bióloga da Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte (FZB-BH) Juliana Ordones teve contato pela primeira vez com o faveiro-de-wilson, uma espécie vegetal rara e pouco estudada. Foi o primeiro passo para o desenvolvimento de um programa de conservação dessa espécie que é considerada criticamente ameaçada de extinção por todas as listas vermelhas oficiais de Minas Gerais, do Brasil e da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).


O faveiro-de-wilson é uma espécie endêmica da região central de Minas Gerais, que ocorre na transição do Cerrado para a Mata Atlântica, não existindo em nenhum outro lugar do mundo. Após mais de dez anos de busca, com a ajuda das comunidades, foram encontradas pouco mais de 300 árvores adultas na natureza em algumas propriedades nos municípios de Paraopeba, Caetanópolis, Sete Lagoas, Matozinhos, Jaboticatubas, Lagoa Santa, Esmeraldas, Florestal, Juatuba, Mateus Leme, São José da Varginha, Fortuna de Minas, Pequi, Maravilhas, Inhaúmas, Nova Serrana, Onça do Pitangui e Perdigão.


Agora, depois de mais de uma década de trabalho da FZB-BH em conjunto com outras instituições públicas e privadas, o faveiro-de-wilson já possui um Plano de Ação Nacional e boas perspectivas de sobrevivência. “Desde 2003, estamos trabalhando com vários aspectos de estudo, como prospecção e modelagem espacial, aspectos fisiológicos, como nutrição e germinação, biologia reprodutiva, produção de mudas e reintrodução, dinâmica populacional. Vários outros parceiros trabalham com outros aspectos, como genética pela UFMG. O trabalho mais satisfatório foi a elaboração do Plano de Ação em parceria com o Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora)”, afirma Juliana.


De acordo com Fernando Fernandes, engenheiro florestal da FZB-BH e coordenador do programa de conservação do faveiro-de-wilson no Jardim Botânico de BH, dentro desse Plano de Ação Nacional (PAN) estão previstas atividades que envolvem conscientização ambiental, políticas públicas, integração entre as instituições, pesquisas e preservação da espécie e do seu habitat. Como exemplo, ele destaca ações como monitoramento da espécie na natureza, a coleta de sementes e reintrodução da espécie nos municípios onde ela ocorre.


Para que o projeto seja levado adiante, o apoio e financiamento de instituições do terceiro setor e da iniciativa privada são fundamentais. Importante parceira, desde 2008, a Sociedade de Amigos da Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte vem contribuindo com o reconhecimento desse Projeto de conservação do Jardim Botânico da FZB-BH. Exemplo disso foi a participação na gestão dos recursos destinados ao projeto pela empresa Cimentos Liz, durante oito anos. De acordo com Edmar Antônio da Silva, representante da diretoria da Sociedade de Amigos, “é fundamental se investir em projetos para a conservação da fauna e da flora brasileiras, principalmente das espécies ameaçadas de extinção.”


Decreto Lei

O faveiro-de-wilson chegou próximo à extinção devido a destruição das matas da região central de Minas nos últimos 60 anos. A maioria dos indivíduos encontrados estava isolada no meio de pastagens, onde tem grande dificuldade de se reproduzir. A espécie pode ser encontrada também em capoeiras e matas, tanto nas baixadas quanto nas encostas e topos de morro. Por ser uma árvore rara e ameaçada de extinção, o faveiro-de-wilson não pode ser cortado e é legalmente protegido pelo Decreto Lei nº 43904/2004.
 
 

25/07/2017. Faveiro. Fotos: Divulgação/FZB