24 August 2017 -
Quem entra na sala de artes da Escola Municipal São Rafael, no bairro Paraíso, pode muito bem ter a impressão de adentrar um importante museu sobre a cultura afro-brasileira. A escola conta com um acervo de dez quadros que reproduzem obras que retratam a africanidade, além de 25 bonecas aboyomis, típicas da cultura africana. A exposição, que segue nas paredes da São Rafael até o fim do mês de agosto, ganhou o nome de "Eu tenho orgulho de ser negro sim" e todas as peças foram criadas por alunos da unidade em oficinas das aulas de arte.
A exposição foi idealizada pela professora de artes Luciana Coelho Silva, que fez uma oficina com alunos do 3º ciclo (6º ao 9º ano), do turno da manhã, na qual usou a assemblage, técnica de colagem tridimensional, para a produção das telas da exposição.
Alguns alunos foram selecionados para criar telas de cerca de um metro, feitas com desenhos diversos e materiais como giz branco e colorido, carvão, tinta guache e papéis de tipos diferentes. A produção das bonecas aboyomis, por sua vez, usa uma técnica que não utiliza costura, apenas nós. As bonecas remetem aos tempos da escravidão, pois eram produzidas nos navios negreiros para serem usadas como amuletos pelos escravos.
A mostra, que teve início no dia 11 de julho, foi o resultado de uma série de atividades desenvolvidas na escola no primeiro semestre. A instituição tem como prática trabalhar ações que envolvem temáticas raciais inseridas no Projeto Político Pedagógico. Desde o início do ano, várias ações foram realizadas com os estudantes, como as releituras de obras que tratam da temática diversidade, oficina para a criação das bonecas aboyomis e até plantação de mudas de origens africanas, como a espada-de-são-jorge e outras, trazidas pelos alunos.
Mais do que um trabalho de arte, segundo a professora Luciana, o processo de criação que culminou na exposição permitiu que os estudantes se relacionassem com as peças: “Através desse trabalho os alunos puderam se expressar e se identificar com as obras, reconhecendo-se como produtores e descendentes afro-brasileiros.”
Para a diretora da escola, Eliana Cypriano Barbosa de Souza, é importante desenvolver projetos que busquem metodologias que tenham um compromisso permanente com as questões étnico-raciais. “Queremos acreditar que no futuro não precisemos pensar em projetos especiais e que nenhum grupo ou segmento seja alijado dos direitos de cidadania. É preciso um comprometimento de todos com uma escola mais democrática, demonstrando a compreensão de que o direito à diversidade étnico-racial faz parte do direito à educação.”
Entre os alunos, o trabalho gerou bons frutos. O estudante do 8º ano Ítalo Daniel Martins dos Santos gostou muito de ver a própria obra enfeitando as paredes da escola. “Fui selecionado pela professora de artes para reproduzir um quadro sobre cultura africana. Usamos vários materiais como carvão, giz de quadro, papel panamá, fizemos releituras de trabalhos de autores conhecidos. Foi uma boa experiência porque valorizou um dom que eu já tinha.”
Graciele Santana Santos, aluna do 8º ano, também foi convidada a criar quadros com o tema africanidade. “Em pesquisa no laboratório de informática, pudemos interpretar as obras à nossa maneira, usando vários materiais para produzir as telas. As pessoas me viram como uma artista de verdade e isso me fez muito bem.”
Trabalho reconhecido
A temática étnico-racial já é desenvolvida há alguns anos na Escola Municipal São Rafael, tanto que, em 2016, a escola recebeu o Selo Categoria Compromisso, coordenado pela Secretaria Municipal de Políticas Sociais (SMPS), por meio da Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial (CPIR) e da Fundação Municipal de Cultura (FMC). O selo certifica instituições que desenvolvem ações de combate ao racismo e promoção da igualdade racial.
A origem do trabalho com a temática na escola vem da década passada, segundo a diretora. Em 2004, profissionais da escola participaram de uma formação na Secretaria Municipal de Educação (Smed), do projeto educativo “A cor da Cultura”, de valorização da cultura afro-brasileira. A escola recebeu kits do Ministério da Educação, compostos por livros e vídeos destinados à formação dos professores.
A formação foi o ponto de partida para que profissionais da escola refletissem sobre o tema, provocando discussões que levaram à implementação de práticas interdisciplinares de promoção da igualdade racial, contribuindo para a construção de uma educação antirracista na escola.
A exposição foi idealizada pela professora de artes Luciana Coelho Silva, que fez uma oficina com alunos do 3º ciclo (6º ao 9º ano), do turno da manhã, na qual usou a assemblage, técnica de colagem tridimensional, para a produção das telas da exposição.
Alguns alunos foram selecionados para criar telas de cerca de um metro, feitas com desenhos diversos e materiais como giz branco e colorido, carvão, tinta guache e papéis de tipos diferentes. A produção das bonecas aboyomis, por sua vez, usa uma técnica que não utiliza costura, apenas nós. As bonecas remetem aos tempos da escravidão, pois eram produzidas nos navios negreiros para serem usadas como amuletos pelos escravos.
A mostra, que teve início no dia 11 de julho, foi o resultado de uma série de atividades desenvolvidas na escola no primeiro semestre. A instituição tem como prática trabalhar ações que envolvem temáticas raciais inseridas no Projeto Político Pedagógico. Desde o início do ano, várias ações foram realizadas com os estudantes, como as releituras de obras que tratam da temática diversidade, oficina para a criação das bonecas aboyomis e até plantação de mudas de origens africanas, como a espada-de-são-jorge e outras, trazidas pelos alunos.
Mais do que um trabalho de arte, segundo a professora Luciana, o processo de criação que culminou na exposição permitiu que os estudantes se relacionassem com as peças: “Através desse trabalho os alunos puderam se expressar e se identificar com as obras, reconhecendo-se como produtores e descendentes afro-brasileiros.”
Para a diretora da escola, Eliana Cypriano Barbosa de Souza, é importante desenvolver projetos que busquem metodologias que tenham um compromisso permanente com as questões étnico-raciais. “Queremos acreditar que no futuro não precisemos pensar em projetos especiais e que nenhum grupo ou segmento seja alijado dos direitos de cidadania. É preciso um comprometimento de todos com uma escola mais democrática, demonstrando a compreensão de que o direito à diversidade étnico-racial faz parte do direito à educação.”
Entre os alunos, o trabalho gerou bons frutos. O estudante do 8º ano Ítalo Daniel Martins dos Santos gostou muito de ver a própria obra enfeitando as paredes da escola. “Fui selecionado pela professora de artes para reproduzir um quadro sobre cultura africana. Usamos vários materiais como carvão, giz de quadro, papel panamá, fizemos releituras de trabalhos de autores conhecidos. Foi uma boa experiência porque valorizou um dom que eu já tinha.”
Graciele Santana Santos, aluna do 8º ano, também foi convidada a criar quadros com o tema africanidade. “Em pesquisa no laboratório de informática, pudemos interpretar as obras à nossa maneira, usando vários materiais para produzir as telas. As pessoas me viram como uma artista de verdade e isso me fez muito bem.”
Trabalho reconhecido
A temática étnico-racial já é desenvolvida há alguns anos na Escola Municipal São Rafael, tanto que, em 2016, a escola recebeu o Selo Categoria Compromisso, coordenado pela Secretaria Municipal de Políticas Sociais (SMPS), por meio da Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial (CPIR) e da Fundação Municipal de Cultura (FMC). O selo certifica instituições que desenvolvem ações de combate ao racismo e promoção da igualdade racial.
A origem do trabalho com a temática na escola vem da década passada, segundo a diretora. Em 2004, profissionais da escola participaram de uma formação na Secretaria Municipal de Educação (Smed), do projeto educativo “A cor da Cultura”, de valorização da cultura afro-brasileira. A escola recebeu kits do Ministério da Educação, compostos por livros e vídeos destinados à formação dos professores.
A formação foi o ponto de partida para que profissionais da escola refletissem sobre o tema, provocando discussões que levaram à implementação de práticas interdisciplinares de promoção da igualdade racial, contribuindo para a construção de uma educação antirracista na escola.