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Galpão de reciclagem de lixo, com muitos sacos de lixo e uma mulher cercada de copos plásticos.
Foto: Leandro Henrique

BH em Pauta: Cooperativa de reciclagem de resíduos

criado em - atualizado em
Papel, papelão, vidro e metal transformados em computadores, móveis, casa e até em educação. O que para muitos é considerado lixo, material sem qualquer valor, para outros é oportunidade. Ações simples, como separar e destinar corretamente materiais que podem ser reciclados, geram benefícios em cadeia que vão muito além de proteger o meio ambiente. Planos como comprar um apartamento, fazer faculdade e renovar a casa fazem parte dos projetos de vida de muitos que vivem da reciclagem.


Do que é destinado ao galpão de triagem construído pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), no bairro Jatobá IV, sai o sustento de 37 membros da Cooperativa Solidária dos Recicladores e Grupos Produtivos do Barreiro e Região (Coopersoli). Composta por 90% de mulheres, moradoras dos bairros Independência, Vila Corumbiara, Vale do Jatobá e Conjunto Conquista da União, a cooperativa já mudou a vida de muitas famílias.


“Primeiro a Coopersoli me trouxe para mim mesma. Aprendi a respeitar e ajudar aos outros e vi que temos condições de ter nossa própria independência”, reconhece Silvana Assis, uma das fundadoras da Coopersoli. A partir daí surgiram novas perspectivas de vida. “Criei minhas filhas e as duas estão fazendo faculdade”, comemora. A ex-catadora Gleiciane Souza também fez da cooperativa um instrumento de mudança. Agora formada em pedagogia e trabalhando na área, segue cursando pós-graduação.


Benefícios para muitos e mínimo esforço para outros. “É um tipo de trabalho que não tem ônus nenhum para nós. O caminhão chega, recolhe...”, afirma o vice-diretor da Escola Municipal Edith Pimenta da Veiga, Roberto Mendes. Na escola, localizada na Vila Castanheira, separar o material é prática corriqueira. “Há anos fazemos coleta seletiva. Os funcionários já têm essa cultura. As meninas da limpeza, do xerox e da cantina já sabem o que podem colocar lá. Muitos professores trazem de casa também”, conta o vice-diretor. E a escola tem buscado aprimorar a prática. “Instalamos recipientes exclusivos para papéis nas salas de aula e estamos buscando trabalhar mais o envolvimento dos alunos. Agora, pretendemos usar parte da verba de projetos de sustentabilidade para construir um local mais adequado ao armazenamento dos materiais”, planeja.


Com jornadas de doze horas de trabalho, organizadas em escalas de 12h por 36h, a cooperativa trabalha na triagem do material, separando-os em baias, prensando-os e fazendo a pesagem. Os fardos são levados para diferentes compradores, conforme o tipo de material. “O vidro segue para São Paulo, onde é 100% reciclado e usado principalmente para fazer garrafas. O papel, papelão e plástico são reaproveitados por indústrias da região e todo o metal segue para a indústria siderúrgica”, informa a presidente e também fundadora da cooperativa, Neli de Souza.


Como destinar

A Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) encaminha praticamente todo o material que recolhe na coleta seletiva feita no Barreiro para a cooperativa. Escolas e centros de saúde também estão entre os grandes doadores. Além de contar com o apoio da PBH, a Coopersoli busca parcerias com empresas, condomínios e moradores da região. Quem quiser doar, pode levar os recicláveis pessoalmente ao galpão. “Os portões da cooperativa permanecem abertos para receber materiais de quem quiser levar pessoalmente, de segunda a sábado”, informa Neli. Além disso, a cooperativa faz a coleta com o próprio caminhão, caso a doação ultrapasse uma tonelada.


Na busca por aprimorar os processos de captação, triagem e comercialização, a Coopersoli também se mantém unida a outras cooperativas. A Rede Sol, Central Cooperativa Rede Solidária de Trabalhadores de Materiais Recicláveis de MG, surgiu a partir do Fórum Lixo e Cidadania e abrange cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis da cidade e também da região metropolitana. “Nascemos de um projeto da Prefeitura e hoje construímos uma rede de 14 associações e cooperativas”, comemora Neli.


Endereço

Boa parte do que chega ao galpão é descartado por não ter sido adequadamente preparado ou acondicionado. Alguns cuidados básicos podem fazer com que esse material potencialmente reciclável não se perca no processo de destinação. Nas palestras que a cooperativa promove para orientar as empresas e condomínios parceiros sobre o tipo de material recolhido e os cuidados no acondicionamento, o principal alerta é separar os materiais secos dos molhados. “Pedimos que tenham cuidado em fechar embalagens de leite e suco, por exemplo”, recomenda Neli. Outra medida essencial é não embolar o papel. “Isso quebra as fibras de celulose. Para evitar que isso ocorra, apenas rasgue”, orienta.


O Galpão de Triagem de Materiais Recicláveis fica na Rua Lacyr Maffia, 161, bairro Jatobá IV. O telefone é 3387-3311.


Restrições

Fique atento ao que não deve ser encaminhado para reciclagem. No processo de triagem também é comum haver o descarte de materiais que não são recicláveis. Entre os principais estão adesivos, fotografias, papel toalha, papel higiênico, papéis e guardanapos engordurados, papéis metalizados ou plastificados, isopor, teclados de computador, acrílicos, espelhos, cristal, ampolas de medicamentos, cerâmicas, louças, vidros planos, latas de tintas e de combustível.
 
 

25/07/2017. Cooperativa de triagem de materiais recicláveis do Barreiro. Fotos: Leandro Henrique/PBH