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Mais de oito fotos do bairro Confisco, coladas em papelão pendurados no teto e fixados no chão com tijolos coloridos.
Foto: Andrea Moreira/PBH

BH em Pauta: Bairro Confisco é tema de exposição fotográfica

criado em - atualizado em

Situado na divisa entre os municípios de Belo Horizonte e Contagem, o bairro Confisco, na região da Pampulha, é considerado uma área de vulnerabilidade social. Com o objetivo de destacar os aspectos positivos do local, estudantes da Escola Municipal Anne Frank criaram uma exposição fotográfica para mostrar, por meio do olhar deles, as belezas do bairro. Assim surgiu “Confisco pelo Confisco”, composta por 50 fotos produzidas pelos estudantes do 7º ano da escola, com a curadoria de Luiza Parreira, Moacir Fagundes, Gislaine Gonçalves e Luciana Sampaio.
 

Para que as fotos fossem tiradas com mais técnica e objetividade, os alunos participaram de oficinas de fotografia. A produção das imagens ocorreu a partir de um workshop sobre fotografia, desenvolvido ainda no ano passado por Luiza Parreira e Gislaine Gonçalves, do Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Imagem da UFMG.


Os estudantes da Escola saíram pelas ruas do bairro registrando as cenas do cotidiano que, por algum motivo, chamavam a atenção deles. Foram produzidas mais de 700 fotos, mostrando imagens de casas, ruas, praças e outros locais do bairro. “Ficamos surpresos com a qualidade e a sensibilidade das fotografias”, conta Luiza Parreira.

Professor de história e um dos idealizadores da exposição, Moacir Fagundes de Freitas conta que os projetos desenvolvidos na escola ajudam os estudantes na questão do pertencimento, da identidade e da valorização do local onde moram e das pessoas que fazem parte daquela comunidade. "É no bairro e no território das pessoas que a história acontece. Só que essa história é invisibilizada, desconsiderada e ofuscada pela história oficial. Este projeto, além de possibilitar a construção de uma relação de memória e pertencimento entre os moradores e seu bairro, utilizou a arte da fotografia para comunicar um outro olhar sobre o bairro Confisco", explica.

Fernanda Bandeira Pinheiro, de 13 anos, aprovou a exposição. “Até nós, que moramos no bairro, pudemos conhecer novas coisas nele e, agora, passar essa visão que tivemos para os outros.” “A exposição foi importante para as pessoas saberem o que é o Confisco e não ficarem falando mal do nosso bairro”, afirma a aluna Eshiley Giovanna dos Santos Melo, de 14 anos, feliz pela participação no projeto.

As fotos foram expostas no pátio da escola e também na Praça do Confisco durante o evento Festa da Família deste ano. Os moradores do bairro ficaram admirados com o que viram. Léo Campos foi um deles. “Muito lindas as fotos. Amei ver meu bairro com outros olhos. Gostei muito da maneira diferenciada e criativa”, disse. Para a educadora física da Academia da Cidade, Aline Paiva, a exposição foi uma surpresa: “Muito interessante conhecer a história de luta pelo desenvolvimento do bairro mostrado nas fotos.”

No Espaço InspirArte, da Regional Pampulha, a exposição causou impacto. A diretora regional de Educação na Pampulha, Alessandra Teixeira, aprovou. “Belíssima exposição, tanto do ponto de vista estético quanto histórico. Importante que tenhamos clareza de nossas origens e história.”



Escola transformadora


A E.M. Anne Frank atende, atualmente, 797 entre estudantes do Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em 2017, a escola completa 26 anos de trabalho prestado à comunidade do bairro Confisco.

Autora de vários projetos de cunho social, cultural e educativo, que geram um impacto positivo no entorno, a escola já recebeu da Fundação Ashoka o título de Escola Transformadora porque trabalha o conceito de educação para todos, incentivando que os alunos sejam sujeitos transformadores da realidade.

Diretora da Anne Frank, Sandra Mara Vicente ressalta a repercussão positiva deste trabalho tanto para os estudantes quanto para a própria comunidade. “A exposição revela o olhar que os alunos têm da comunidade. Este olhar nos convida a conhecer as cores, as paisagens antes não usuais e as pessoas que vivem naquele lugar. Acho que a escola tem também este papel: trabalhar o exercício do olhar e da sensibilidade. Este novo universo Confisco nos convida a ver a comunidade com um novo olhar.”

A exposição “Confisco pelo Confisco” pode ser visitada no Espaço InspirArte da Coordenadoria de Atendimento Regional Pampulha (avenida Antônio Carlos, 7.596, 2º andar, bairro São Luís), no horário das 8h às 17h, onde permanecerá até o dia 20 de outubro.
 
 

29/09/17. Exposição fotográfica do Confisco. Fotos: Divulgação/PBH