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Artista da 9ª Bolsa Pampulha propõe roda performática para mães
Camila Amy

Artista da 9ª Bolsa Pampulha propõe roda performática para mães

criado em - atualizado em

Quais são os sonhos das mães que, ao longo da vida, dedicam-se às famílias? Estão os sonhos ainda entrelaçados com as expectativas familiares, ou há um espaço para que sejam apenas delas? Estes são alguns dos questionamentos propostos pela artista Yanaki Herrera para a roda de conversa performática “Cuidado, mães soñando”. Ela irá oferecer escalda-pés com massagens que, como gestos de cuidado, servirá de prelúdio para a roda de conversa. A atividade gratuita, nesta sexta-feira (14), de 13h às 15h, faz parte da proposta de contrapartida da artista para a 9ª edição do Bolsa Pampulha. Esta ação é uma realização da Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, em parceria com o Viaduto das Artes. Mães interessadas poderão se inscrever até o dia 13 por meio de formulário on-line.

Yanaki Herrera é mãe e artista visual graduanda em Artes Visuais pela UFMG, indígena em retomada Quéchua, nascida em Cusco, criada em Lima, Peru, e, atualmente, é imigrante no Brasil. A pesquisa artística dela é voltada às infâncias e à maternidade. Por meio da pintura e do uso de diversas técnicas sobre latão, cria narrativas que conversam entre a ancestralidade e o presente como um lugar de potência, transformação e possibilidade anticolonial de existência. Para Yanaki, Sonhar, nesse contexto, torna-se um ato de rebeldia. “Ao cuidarmos e sonharmos juntas, não apenas resgatamos nossa individualidade, como também construímos uma rede de apoio que celebra cada desejo, cada anseio, como um direito fundamental. Entendo essa iniciativa como uma ação que nasce na residência, mas que terá continuidade em outros projetos e territórios”, afirma.

Obras da artista na 9ª Bolsa Pampulha Camará

Nos trabalhos de Yanaki Herrera, os imaginários da maternidade se entrelaçam, abrindo espaço para uma nova perspectiva estética, social e política sobre o parir e o cuidar. Sua experimentação com latão e pintura traz referências às cerâmicas Mochica, produzidas entre os séculos II e VII d.C. no vale do rio Moche, no norte do atual Peru, país natal da artista, que também possui raízes Quéchua. Dos Moche, destacam-se os vasos que retratam cenas de parto, em que a parturiente é representada em estado de tranquilidade, sem vestígios de dor. Surgem então as séries Book de Grávidas, cujo tema são selfies de corpos grávidos, e no tempo do fogo, pinturas realizadas com fogo sobre latão, nas quais o parto se dá em posição invertida e o leite jorra das tetas à terra, nutrindo a Pachamama.

Reconhecendo a coletividade que a maternagem implica, Yanaki organizou encontros com mulheres mães durante o período de residência, envolvendo rituais de escalda-pés e massagens. Essa proposta visava cuidar daquelas que, voluntariamente ou não, dedicam suas vidas ao cuidado de outros. Esses encontros estão presentes em uma das obras da série Cuidado, na qual a artista desenvolve uma técnica que funde pintura e burilado sobre latão, gerando uma percepção de profundidade que se revela com a luz refletida. A coletividade encontra ainda, na segunda obra da série, uma representação simbólica da Yunza, festa tradicional andina que celebra a fertilidade e a abundância da terra. Nessa obra, uma árvore se funde a uma mulher que acabou de dar à luz, em uma continuidade vital celebrada pela comunidade.

Sobre a exposição 9ª Bolsa Pampulha: Camará - Uma das principais iniciativas do Museu de Arte da Pampulha (MAP), instituição vinculada à Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, o Bolsa Pampulha reforça o museu como espaço de formação, pesquisa e experimentação junto à comunidade artística local e nacional, algo testemunhado ao longo das edições anteriores.

O programa de residência reuniu na 9ª edição, de abril a outubro de 2024, 11 bolsistas, sendo dez artistas: Ana Raylander Mártis dos Anjos, André Felipe Cardoso, Anti Ribeiro, Dyana Santos, Érica Storer, Gilson Plano, Rafael Prado, Val Souza, Wisrah C. V. da R. Celestino e Yanaki Herrera, que desenvolveram projetos com ênfase em seus processos artísticos, e uma bolsista com ênfase em pesquisa curatorial, Luíza Marcolino. O fruto desse processo revela a força que surge de uma convivência de seis meses com investigações de temas que brotam de forma potente sobre incertezas e complexidades contemporâneas, marcando os rumores deste século. Os trabalhos revelam uma trama de histórias pessoais e coletivas, assim como o gosto em se debruçar sobre arquivos, memórias e modos de construção de narrativas.

Museu de Arte da Pampulha

Inaugurado em 1957, o Museu de Arte da Pampulha – MAP exerce um relevante papel na formação, no desenvolvimento e na consolidação do ambiente artístico e cultural de Belo Horizonte. O acervo conta com importantes obras e documentos que permitem revisitar a história da arte moderna e contemporânea brasileira, com especial destaque para o edifício-sede. O prédio, projetado por Oscar Niemeyer na década de 1940, é uma referência icônica para a arquitetura moderna brasileira e um dos mais representativos cartões-postais de Belo Horizonte. Desde 2016, o Conjunto Moderno da Pampulha é reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

Serviço

Roda de conversa performática Cuidado, mães soñando

Data: sexta-feira (14)

Horário: 13h às 15h

Local: Igreja Metodista - Projeto Escola das Meninas

Rua Itaipu, 931 - Vera Cruz

Entrada gratuita com inscrições pelo formulário on-line até 13 de fevereiro.

Atividade para mulheres mães (9 vagas)