8 November 2022 -
Mais do que espaços de educação ambiental e conservação das espécies, o Zoológico de Belo Horizonte desenvolve importantes ações visando o bem-estar dos animais. A diversificação de espécies exige processos personalizados e desenvolvidos de acordo com as necessidades de cada animal. As ações são realizadas de forma periódica e vão desde a alimentação, ambientação de recintos, até cuidados veterinários e de higiene muito específicos.
No caso dos elefantes, há a necessidade de cuidado especial com as patas. Como os indivíduos estão no recinto e movimentam-se menos do que na natureza, onde andam vários quilômetros por dia, o desgaste das unhas não ocorre de maneira natural e homogênea, sendo necessária a realização de limpezas específicas. O médico-veterinário do Zoo de BH, Carlyle Mendes Coelho, explica que a ação é necessária para evitar doenças. “Fazemos toda a limpeza das patas, dianteiras e traseiras, e aparamos as unhas que não estão crescendo regularmente. Isso evita o desenvolvimento de infecções nesses membros que, no caso dos elefantes, poderia afetar muito sua saúde”. No Zoo de BH, graças ao trabalho da equipe de bem-estar animal, este procedimento pode, ainda, ser feito sem a necessidade de sedação, usando técnicas de condicionamento animal, muito utilizadas no caso de animais silvestres sob cuidados humanos.
O Chipanzé Serafim também necessita de uma atenção especial por causa da diabetes. Todas as manhãs, ele toma insulina injetável, aplicada nos braços, antebraços, perna ou costas. Além disso, é realizada, também diariamente, a medição do seu nível de glicose. Serafim conta com uma dieta específica e equilibrada, que visa garantir todos os nutrientes que necessita e com baixo índice de açúcar.
Já a rinoceronte Luna (animal mais velho do Zoo de BH), com 53 anos, requer cuidados veterinários diários para manter seu bem-estar devido à uma conjuntivite crônica, que faz com que os olhos acumulem secreção ao longo do dia. Assim, uma equipe realiza a limpeza dos olhos, nos períodos da manhã e da tarde, a fim de evitar complicações e também garantir seu conforto. Esse é mais um procedimento que pode ser feito rotineiramente devido ao condicionamento do animal.
Condicionamentos positivos auxiliam nos tratamentos e garantem bem-estar
Para realizar os procedimentos, além dos veterinários e tratadores de animais, há a participação dos técnicos do setor de bem-estar animal, responsáveis por realizar o condicionamento dos animais. Segundo a bióloga Cynthia Fernandes Cipreste, é utilizado o condicionamento operante com reforço positivo. A partir de comandos, os animais permitem que sejam realizados os procedimentos, sendo recompensados com algum alimento que eles gostem, como a melancia, no caso dos elefantes. Já o Serafim, tem preferência por castanhas.
“O animal entende que ao acertar o comando, ele vai ganhar uma coisa boa, ou seja, não lhe faremos nenhum mal. Com isso, colabora no procedimento, facilitando o trabalho e garantindo a segurança dos veterinários, tratadores e biólogos. Asseguramos, ainda, o bem-estar do animal, minimizando ou até mesmo evitando o seu estresse, além de não utilizar nenhum medicamento para sedá-lo”, explica Cynthia.
Vivência de qualidade para os animais
O bem-estar animal e uma vivência de qualidade para os animais são pensados em cada detalhe. A instituição conta com plano de manejo das espécies, coordenado pelos setores de Biologia do Jardim Zoológico, envolvendo biólogos e tratadores de animais. Sendo assim, cabe ao setor de Veterinária, juntamente com o setor de Nutrição e a própria Biologia, a responsabilidade em manter a saúde dos animais nos mais altos níveis de bem-estar. Dentro dessa premissa, todos os cuidados estão voltados para oferecer as melhores condições para que os animais desenvolvam comportamentos que sejam os mais naturais possíveis com boa alimentação e cuidados à saúde. Além disso, os recintos contam com desafios, estruturas, abrigos e enriquecimentos ambientais.