O Zoológico de Belo Horizonte comemora, pela terceira vez nos últimos três anos, o nascimento de mais um filhote de arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus) na instituição. O novo habitante do local nasceu em 5 de outubro deste ano pesando 29g. Atualmente, com pouco mais de dois meses de vida, alcançou a marca de 1,3 kg, ou seja, um filhote considerado grande em comparação com outros dessa espécie. 

Ainda não é possível saber o sexo da nova ave, que, como esperado, permanece em tempo integral dentro do ninho no recinto junto aos pais. A ave está sendo acompanhada de perto pela equipe veterinária do Zoo BH, que realiza exames periódicos para monitorar a saúde. A equipe da Seção de Aves da instituição também acompanha o desenvolvimento do filhote e as interações da família, buscando intervir o mínimo na rotina familiar a fim de evitar perturbações e interferências no convívio das aves. Como ainda não possui todas as penas formadas, o que deve acontecer dentro de 1 mês a 1 mês e meio, o filhotinho ainda não voa, mas conta com todo o suporte dos pais nesses primeiros meses de vida. 

A mãe, uma ave que não voa e é oriunda de ações de resgate dos órgãos ambientais (contra tráfico e comércio ilegal), está cuidando muito bem do filhote e conta com o apoio do macho que, ao ouvir a vocalização da pequena ave, voa imediatamente na direção dela, enquanto a mãe se encaminha na mesma direção por meio da rede de troncos e galhos que interligam todo o recinto, permitindo o deslocamento rápido. 

A alimentação da família é composta de frutas, castanhas e sementes e ração. Para alimentar a cria, a mãe mistura em seu bico os itens da dieta, formando uma espécie de papinha, e regurgita no bico do filhote. 

Os pais, aves que vêm se mostrando plenamente adaptadas e com bastante sintonia entre elas, são um casal de 20 anos de idade: o pai chegou ao Zoo da capital mineira por meio do Ibama de Minas Gerais, e a fêmea, também resgatada de ações contra tráfico e comércio ilegal, foi transferida a BH vinda de um criadouro legalizado no Maranhão que a acolheu anos atrás. Este é o terceiro filhote nascido na instituição em três anos, frutos do intensivo trabalho de pareamento de casais da espécie feitos no Zoo.

Vale lembrar que a espécie tem por hábito eleger um parceiro para toda a vida e, por isso, a reprodução sob cuidados humanos é difícil e até incomum. Por meio da observação comportamental, a equipe técnica do Zoo iniciou as tentativas de pareamento de casais entre os indivíduos que vivem na instituição até que, em dezembro de 2019, nasceu o primeiro filhote da espécie no local. 

Até 2014, a arara-azul-grande era considerada ameaçada de extinção, mas o trabalho de organizações ambientais elevou o número de animais preservados na natureza, inclusive por meio de ações de reintrodução na natureza, reposicionando o animal para a categoria “vulnerável à extinção” (IUCN). Vale lembrar que o Jardim Zoológico de Belo Horizonte já participou de duas ações de reintrodução na natureza de aves de seu plantel, tendo devolvido ao ambiente natural quatro papagaios-verdadeiros (em 2022) e sete papagaios-de-peito-roxo (em 2021), espécie ameaça da extinção.