11 Abril 2024 -
A Prefeitura de Belo Horizonte tem usado itens de enriquecimento ambiental para estimular os animais selvagens (nativos e exóticos) que estão no Jardim Zoológico da capital. Espécies como pequenos primatas (mico-leão-de-cara-dourada, mico-leão-preto, mico-leão-dourado e sagui-imperador), furões, lobos-guarás, peixes e serpentes tem recebido bolas, escovas, tapetes, dentre outros objetos, para simular situações que aconteceriam no ambiente natural e assim “dificultar” alguns hábitos. Essa estratégia proporciona mais diversidade comportamental às espécies.
A medida é fruto de uma parceria da Fundação de Parque Municipais e Zoobotânica, que administra o Zoo, e a empresa PetGames responsável pela fabricação e comercialização de uma série de produtos que já são voltados para animais domésticos, especialmente cães e gatos. A intenção é que o uso seja expandido para espécies selvagens, nativas e exóticas, que estejam sob cuidados humanos.
Observações iniciais
De acordo com a responsável pela Área de Bem-Estar do Zoo, a bióloga Cynthia Cipreste, os animais estão interagindo bem e há reações interessantes. “Os furões, por exemplo, ao invés de procurarem a ração escondida no Tapet (tapete de forrageamento), pegaram o dispositivo e o carregaram para dentro de uma das tocas, o que permitiu a observação de diversos comportamentos sociais entre os animais por meio da manipulação do objeto e do contato com a textura diferente,” destaca. As cobras-do-milho também apresentaram um comportamento interativo ao serem apresentadas ao item de enriquecimento e chegaram a ‘disputar’ o Tapet entre si. E os peixes do Aquário da Bacia do São Francisco tiveram comportamento mais ativo ao terem contato com as Petballs (bolas coloridas com furos para a inserção de alimentos)”.
Ainda de acordo com a bióloga, a adoção desses dispositivos pode oferecer diferentes maneiras de interação dos animais com o ambiente, além de estimular o aumento nos níveis de atividade durante os períodos de alimentação e contribuir, inclusive, com as práticas de educação ambiental. “Como podem estimular diferentes sentidos e interações nos animais, os itens de enriquecimento contribuem para melhorar os níveis de bem-estar de animais que vivem sob cuidados humanos”, afirma.
Algumas espécies foram escolhidas conforme a biologia e por ter o comportamento específico compatível com o uso dos itens. “A PetGames fez a doação para o Zoo de BH e em contrapartida, nós vamos testar esses itens de enriquecimento, por aproximadamente um ano, e verificar a funcionalidade para os selvagens, como estímulo a comportamentos naturais, ao forrageamento (ou procura por alimentos), às interações sociais e quanto à segurança dos itens”, explica.
Itens disponíveis
Ao todo, o Zoo recebeu 48 unidades de itens variados: sendo 22 Petballs (de diferentes tamanhos), oito unidades da “Cat Escova Incolor”, 16 Labirintos (tamanhos P, M e G) e dois Tapets, tamanho P. Cada item possui uma característica específica, mas todos promovem maior nível de atividade e interações sociais entre os animais e também deles com o ambiente.
As Petballs, por exemplo, são usadas para a inserção de variados tipos de alimentos no interior delas, o que faz com que os animais, conforme os hábitos alimentares de cada espécie, tenham “dificuldade” para retirar esse alimento pelos orifícios do produto. Isso é um estímulo importante do ponto de vista do bem-estar animal.
A Cat Escova favorece as interações táteis. Ela pode ser usada para que o animal esfregue o corpo para se coçar e se massageie nesse contato. Os labirintos, são placas circulares com uma intrincada geometria que também “dificulta” a aquisição do alimento. Já o Tapet, inicialmente planejado para estimular o forrageio, tem se mostrado eficiente como um elemento que apresenta diferentes texturas.
O contrato firmado entre o Jardim Zoológico e a empresa apresenta como metodologia alguns procedimentos que visam incorporar paulatinamente os itens nas programações de enriquecimento.
Também ficou estabelecido que, após os testes, esses itens serão adotados na programação de atividades semanais, considerando-se as espécies que poderão receber cada dispositivo. E ainda que os dados referentes às inserções dos dispositivos e às interações serão registrados na plataforma ZIMS, um banco de dados científicos internacional para gerenciamento de informações dos animais de jardins zoológicos e aquários, que auxilia no alcance das melhores práticas de manejo animal e nas metas de conservação da fauna.