5 September 2022 -
A 7ª edição da Virada Cultural, realizada nesse final de semana, reuniu cerca de 300 mil pessoas durante as 24 horas de programação nos palcos, atividades itinerantes e roteiro gastronômico. Foi o primeiro grande festival de rua, realizado presencialmente pela Prefeitura de Belo Horizonte, desde o início da pandemia de Covid-19. O evento é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, realizado em parceria com o Instituto Periférico.
A edição fez jus ao tema “É Virada e Misturada, a gente junto é mais feliz”, com a cidade abraçando a proposta do evento e a diversidade da programação. A Virada Cultural reuniu os mais variados públicos que acompanharam do rock e hip hop no Viaduto Santa Tereza, às grandes festas e shows na Praça da Estação, além dos encontros em família no Parque Municipal, com a presença de crianças e idosos.
Para garantir mais segurança e conforto para o público, foi ativado no Centro Integrado de Operações de Belo Horizonte (COP-BH), o “Posto de Comando – Virada Cultural 2022”, composto por representantes de instituições das esferas municipal, estadual e federal.
Para o comandante da Guarda Municipal, Rodrigo Sérgio Prates, a Virada Cultural marcou a retomada dos festivais de rua de BH com chave de ouro. “Um evento desse porte, com a adesão maciça da população, ter transcorrido por 24 horas ininterruptas, com o registro de pouquíssimas ocorrências, nenhuma delas sendo de natureza grave, e ainda com a ordem pública da cidade sendo mantida, mostra que a soma de esforços entre as diversas instituições envolvidas obteve um êxito pleno”.
A Guarda Municipal atuou com 230 agentes para garantir a segurança do evento, com 23 viaturas, 14 motocicletas e oito bicicletas. A BHTrans e equipes da Unidade Integrada de Trânsito (UIT) atuaram com 34 servidores, 16 viaturas e dois caminhões. A Subsecretaria de Fiscalização contou com uma equipe de 134 fiscais, 12 veículos e dois caminhões e o SAMU atuou com uma equipe de 10 profissionais e uma ambulância de Suporte Básico.
Com todo esse aparato durante as 24 horas de duração, a Virada Cultural 2022 apresentou baixo índice de ocorrências. Dados da Guarda Municipal mostram 11 registros nas áreas de shows, entre casos de agressão física, infração de trânsito e importunação sexual.
Limpeza
Já a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) disponibilizou 204 agentes, que recolheram 79 toneladas de resíduos durante a Virada Cultural, além da lavação da Praça Sete e Praça da Estação, com o consumo de 370 mil litros de água, 400 litros de cloro e 480 kg de sabão. Os trabalhos envolveram 192 garis e 45 caminhões. Durante o evento, a SLU disponibilizou 190 contêineres de 240 litros cada, para que a população descartasse seus resíduos. Os serviços foram iniciados na sexta-feira (2), véspera da virada, e terminaram na manhã desta segunda-feira (5).
Para Eliane Parreiras, secretária Municipal de Cultura, o evento foi um importante marco na retomada das atividades presenciais em Belo Horizonte. “Ficamos imensamente satisfeitos com o resultado da Virada Cultural 2022. A Prefeitura atuou de maneira integrada com participação engajada de todos os seus setores para garantir a segurança e o conforto do público, que aceitou o nosso convite para ressignificar o espaço público e olhar para a cidade de outra forma. E o resultado não poderia ter sido melhor: convivência harmoniosa e o fruir de muita arte, cultura e gastronomia de Belo Horizonte. Agradecemos a esse público maravilhoso que veio, curtiu e tornou nossa cidade muito mais feliz”, comemora Eliane Parreiras.
Segundo Luciana Féres, presidente da Fundação Municipal de Cultura, o evento cumpriu com sua função de trazer de novo o povo para as ruas. “Foram 24 horas de muita força e vibração. A cultura mostrou como é possível unir as pessoas em um mesmo objetivo e em harmonia. Acreditamos que também o público se sentiu contemplado e muito feliz em retornar aos nossos grandes eventos e em segurança. A apropriação da cidade pelas pessoas faz com que elas também cuidem mais do espaço público, uma vez que traz a sensação de pertencimento. Isso nos estimula para, cada vez mais, oferecer programação cultural de qualidade para a cidade”, ressalta Luciana Féres.
Programação
Foram mais de 300 atrações, envolvendo atividades nas mais diversas manifestações artísticas como cinema, dança, música, teatro, atividades esportivas e gastronomia, entre outras. Foram ocupados espaços como Parque Municipal, Praça da Estação, Viaduto Santa Tereza, Avenida dos Andradas, Rua Guaicurus, Aarão Reis, Praça Sete e Avenida Assis Chateaubriand.
Atuaram de forma integrada a BHTrans, Guarda Municipal, SLU, Belotur, Secretarias Municipais de Assuntos Institucionais e Comunicação Social, de Política Urbana, de Saúde, de Meio Ambiente, de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania, de Educação, de Esportes e Lazer, de Segurança e Prevenção e Fundação de Parques Municipais, entre outros órgãos públicos.
A Virada Cultural é abrangente e, no total, foram cerca de 3 mil pessoas envolvidas entre artistas, produtores, técnicos, e outros profissionais da cultura e de serviços de apoio. “Além de movimentar a cena cultural da cidade, um evento do porte da Virada Cultural nos permite, ainda, um incremento na cadeia produtiva da cultura. É uma oportunidade de trabalho para profissionais de diversas áreas ligadas ao setor, que movimenta a economia como um todo”, comenta Gabriela Santoro, presidente do Instituto Periférico.
A Virada Cultural 2022 é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, com parceria cultural do Sesc Minas, da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) e apoio da Uni-BH.
Toda a programação da Virada Cultural de Belo Horizonte 2022 foi cuidadosamente elaborada para que o público pudesse celebrar a cidade, ressignificar o espaço público e viver intensamente essa grande festa. Arte e cultura estiveram presentes em cada canto, para muito além dos palcos e shows, desde a instalação “Entidades”, do Cura Art, no topo da Estação, aos lambes nas grades do Parque Municipal, e as exposições no percurso do hipercentro.
Grandes momentos
A Virada atraiu grande público com shows como Orquesta Atípica de Lhamas, Clara X Sofia e Lamparina. Quem virou a madrugada pode curtir atrações como Samba da Meia Noite, Masterplano, @absurda e muito mais. Entre os shows, um dos pontos altos foi a apresentação de Renegado com Sandra de Sá no Palco Estação, com direito a homenagem à Elza Soares e entoando com o público clássicos como “Eu quero é botar meu bloco na rua”.
A programação do Dia da Amazônia no Parque Municipal também trouxe shows memoráveis. Kaê Guajajaras entoou seu canto indígena e Fernanda Takai garantiu embalou o público com repertório aclamado. Ainda passaram por lá cantores como Nath Rodrigues, Kdu dos Anjos, Veronez com Sérgio Pererê.
O clima de Carnaval tomou conta do dia. Diversos blocos já tradicionais da festa popular marcaram presença como Swing Safado, Bloco Fúnebre, Bloco Funk You – que animou a madrugada – Bloco Seu Vizinho, Tutu com Tacacá e até a baianidade dos Baianinhas, grupo mirim do Baianas Ozadas.
O sol e o clima animadores fizeram com que a Praia da Estação fosse ponto de encontro da Virada e atrações fixas como o Futebol de Sabão e Totó Humano garantiram a constante diversão. Quem passou debaixo do Viaduto também fez questão de balançar nas gangorras brilhantes que fizeram parte da intervenção “Zona de Afeto”, do Grupo Viela.
Em clima de nostalgia, o Mundialito de Rolimã que aconteceu na Av. Assis Chateaubriand reuniu crianças, jovens, adultos e uma galera radical da melhor idade nas clássicas descidas com carrinho de rolimã, onde a velocidade e adrenalina tomaram conta. Nem os pets ficaram de fora da programação, com o Espaço Vira Lata, onde os tutores conferiram dicas de cuidados, alimentação e adestramento, além de feiras de adoção.
As parcerias com outros eventos culturais de Belo Horizonte contribuíram para uma programação de sucesso. “Dia da Amazônia”, “Festival Azeda”, “Festival Sonora”, “BH Stone”, “Festival Fora da Cena”, “Verbo Gentileza + Festival Rolé” e “Festival de Dança de Salão Contemporânea”, em parceria com a Virada Cultural, mostraram que as manifestações artísticas de Belo Horizonte são múltiplas e juntos fazem, de fato, a cidade respirar cultura. A Virada também contou com programação associada de diversos equipamentos culturais.
O Viradão Gastronômico, com curadoria da jornalista Lorena Martins, complementou a programação, com 26 estabelecimentos com pratos especiais para quem curte gastronomia e quis vivenciar a Virada Cultural em todos os sentidos. Os roteiros gastronômicos confirmaram os atributos que deram a Belo Horizonte o título de Cidade Criativa da Gastronomia, concedido pela Unesco.
“Pensei em ser democrático - assim como a programação da Virada Cultural - na diversidade de comida, ter preço justo e enumerei a receita ou prato que mais faz
sentido para aquele lugar e para a pessoa que move a cozinha daquele estabelecimento. Percebi que nessa troca, pesquisa e conhecimento com os proprietários desses lugares, encontrei uma possibilidade de resgatar a autoestima de cada um ali, que enxergou a sua própria potencialidade gastronômica em uma simples receita. Criar a sua receita do Viradão, fez com que os comerciantes se sentissem pertencentes à nossa cidade ao integrar a programação de um evento tão importante.”, comentou a curadora Lorena Martins.
Biofábrica de Joaninhas
A biofábrica de joaninhas da Prefeitura de Belo Horizonte também marcou presença na programação da Virada Cultural. Mais de 600 kits de joaninhas foram distribuídos para quem acompanhava a agenda de shows e atividades culturais, no Parque Municipal, na manhã desse domingo (4). Um stand montado na Alameda dos Marrecos possibilitou que os interessados aprendessem mais sobre a tecnologia sustentável usada no tratamento natural das pragas em hortas e plantações.
Em cada kit, foram distribuídas de 4 a 5 larvas de joaninha. Quando dispensados em hortas e plantações, esses insetos contribuem para o equilíbrio ambiental, o desenvolvimento sustentável e a redução no consumo de agrotóxicos em hortas e jardins, uma vez que se alimentam de parasitas como o pulgão e a mosca-branca, combatendo de forma natural populações de organismos indesejáveis em pomares e arborizações.