30 January 2019 -
No Carnaval, as vias públicas da capital, principalmente as do hipercentro, que concentram o maior número de foliões, estão sempre limpas para a realização da folia. A limpeza é realizada antes, durante os intervalos e após a passagem dos blocos carnavalescos. “São 24 horas de atendimento para que todos os lugares estejam preparados para o próximo desfile”, enfatiza Andréa Fróes, diretora Operacional da SLU.
A Prefeitura se esforça para entregar as vias limpas e também para a reduzir a quantidade de resíduos deixados pelos foliões no Carnaval. Em 2018, a quantidade de lixo coletado alcançou a marca de 1.500 toneladas durante os dias de festa. Estiveram envolvidos, diariamente, na operação de limpeza mais de mil profissionais, entre coletores, motoristas, ajudantes, técnicos e coordenadores. No ano anterior, 2017, a SLU recolheu 840 toneladas de resíduos na capital, o que representou 121% a mais que na folia de 2016, quando foi contabilizado um total de 379 toneladas.
Para 2019, a Prefeitura, por meio da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), já está planejando ações de limpeza por toda a cidade e formas de interação com os blocos carnavalescos, que tradicionalmente são importantes parceiros na sensibilização da população contra a sujeira.
As iniciativas de alguns blocos que desfilaram em Belo Horizonte no ano passado mostraram que o respeito pelos espaços públicos e a preocupação com a sustentabilidade combinam com a folia. Alguns blocos, por exemplo, demonstraram que é possível se divertir sem deixar para trás um rastro de sujeira. Ney Mourão, coordenador de um bloco carnavalesco, explica que os integrantes saíram às ruas com lixeiras em forma de alegorias, incentivando ritmistas e foliões a não jogarem lixo no chão. “O resultado foi um cortejo com resíduo quase zero em 2018”, lembra. Os foliões ainda fazem uso de canecas retornáveis para evitar a produção desnecessária de resíduos. “Em nossos ensaios e desfiles, incentivamos nossos batuqueiros a levarem suas canecas e darem um basta aos copos descartáveis”, explica. “Além de conscientizar a população pelas redes sociais, incentivamos as pessoas a adotarem práticas de cuidado com o lixo e a cidade”, enfatiza.
Daniel Bevilacqua, produtor-executivo de um bloco com foco na reciclagem, diz que o cortejo propõe a democratização de estilos e a prática da inclusão social, por meio da consciência ambiental, reunindo jovens talentos, entre eles, catadores de materiais recicláveis, rappers, profissionais da limpeza urbana e, até mesmo, pessoas que moram nas ruas.
“O Carnaval é uma festa de todo mundo, sem distinção. Mas, tão importante quanto extravasar a felicidade, é aproveitar o momento para repensar algumas de nossas atitudes que podem ou não beneficiar o meio ambiente”, observa.
Daniel se questiona de quem é a responsabilidade pelo lixo produzido.“Os garis são os únicos que devem recolher o lixo produzido durante a festa ou cada folião também pode ajudar? Nosso grito de Carnaval é pelo respeito ao ser humano e à cidade, incentivando o consumo consciente”, conclui.
A diretora Andréa Fróes se anima com o fato de os garis terem se tornado também protagonistas do evento, já que, no último ano, eles também desfilaram. “Nossos profissionais, que já são reconhecidos e bem avaliados atuando nos bastidores da folia, participaram da comissão de frente, contagiando todo mundo com empolgação e ritmo”, orgulha-se.
Outro bom exemplo vem das redes sociais. Em uma página na internet, é possível conhecer um pouco do trabalho realizado por um bloco na confecção de instrumentos com tampinhas plásticas de garrafa e coco. A percussão utiliza instrumentos reciclados como alfaia, pandeiro, ganzá, caxixi, berimbau e efeitos de chave.
Há também grupo que investe em elementos da cultura popular: Coco, Ciranda, Baião, Samba-de-Roda e Folguedo-de-Roda. “Levamos sacolas de lixo e motivamos nossos batuqueiros e batuqueiras a não usarem copos plásticos e não deixarem lixo nas vias públicas”, afirma Pedro Campolina, fundador e regente de bloco de matriz indígena e africana.