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Servidor do Zoológico de BH despede-se da instituição após 57 anos de dedicação
Foto: PBH/ Divulgação

Servidor do Zoológico de BH despede-se da instituição após 57 anos de dedicação

criado em - atualizado em

Um amor incondicional pelo trabalho e pelos animais resume a história de Ismael Pimenta da Silva, tratador do Zoológico de BH há 57 anos. Prestes a se aposentar, o servidor acompanhou as principais mudanças na instituição ao longo dos anos, comemorou a chegada de novos animais e também se despediu de alguns.

 

Ismael conta que durante todos esses anos trabalhou com diferentes espécies, mas grande parte do tempo foi dedicado aos mamíferos. Há 15 anos lotado no setor de veterinária, possui rotina de muitas atividades, dentre elas, a limpeza de recintos, acompanhamento rotineiro dos animais, aplicação de medicamentos prescritos pelos médicos veterinários e fornecimento de alimentação às diferentes espécies.

 

Todo esse tempo e experiência resultaram em uma rica história de vida, um extenso roteiro que inclui casos especiais com vários animais. Ismael conta que tem muito carinho por todos e relembra que acompanhou a chegada de Luna, a rinoceronte que atualmente é o animal mais velho do Zoo, com 53 anos. “Além de receber a Luna, ainda filhote, pude acompanhar seu desenvolvimento todos esses anos e participar dos seus cuidados. Isso é para poucos. Tenho muito amor por esses animais”, diz.

 

Ofício que veio de família

 

Ismael começou a história com o Zoo ainda jovem, aos 15 anos, acompanhando o pai, que também era funcionário do local. Trabalhou até os 18 anos como aprendiz e, a partir daí, iniciou o ofício cuidando diariamente dos animais da instituição. Após trabalhar por 30 anos, Ismael já estava apto a se aposentar, mas ainda muito novo - aos 45 anos - resolveu fazer um novo concurso para o Zoológico. Foi aprovado em segundo lugar e retornou à instituição como servidor concursado. “Eu já vinha ao zoológico desde muito novo com meu pai. Comecei a trabalhar e depois pude me aposentar por tempo de contribuição e insalubridade da função. Mas não queria parar. Tentei o concurso e fui aprovado. Tenho praticamente uma vida aqui dentro. Não tenho outras histórias para contar a não ser as que envolvem o zoológico”, explica Ismael.

 

O tratador conta que a instituição passou por muitas transformações, principalmente estruturais, com melhorias de recintos para os animais e também nos quesitos de segurança dos visitantes. “No passado, os recintos não eram tão seguros e bons como agora e tínhamos casos de fuga de animais. Os resgates eram feitos por nós e não tínhamos tantos recursos. Atualmente, as estruturas são pensadas em garantir os cuidados e a segurança para os animais, para os funcionários e também para os visitantes. A atenção também é muito voltada para o bem-estar dos animais”, conta.

 

Experiências pessoais e profissionais

 

Ainda segundo ele, o ambiente faz todo o diferencial na rotina e é a ele que ele credita sua longevidade profissional. Além do lugar agradável, Ismael diz que também tem boa relação com os colegas de profissão com os quais teve a oportunidade de aprender muito e também de ensinar: “Trabalhar aqui é um diferencial. Acho que se fosse em outro lugar não teria aguentado tanto tempo. Não são muitas pessoas que têm a possibilidade de respirar um ar puro, ter contato com os animais e com tanta riqueza natural. Sou muito grato por tudo que vivi, aprendi e também pude contribuir para o Zoológico.”

 

Ismael emociona-se ao falar da homenagem dos colegas em reconhecimento a tanta dedicação e mostra com orgulho uma placa que recebeu em sua despedida do Zoo. Ao ser questionado sobre o que mais sentirá falta, fala sem pensar: “A convivência com os companheiros e os amigos que fiz. É outra família, com algumas pessoas que se foram e outras que chegaram. Aprendi a entender os diferentes ritmos de trabalho e também tive que me adaptar às novas rotinas que foram sendo implantadas, como parte das melhorias. Fui aprendendo e melhorando durante todos esses anos”, conclui.