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‘Semana dos Povos Indígenas’ reúne ações culturais e reflexivas
Foto: Verônica Manevy

‘Semana dos Povos Indígenas’ reúne ações culturais e reflexivas

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A fim de evidenciar a riqueza cultural dos povos originários brasileiros, o Circuito Municipal de Cultura de Belo Horizonte realiza, neste mês, a “Semana dos Povos Indígenas”. Com ações culturais, artísticas e reflexivas, o evento acontece entre 26 e 29 de janeiro, em espaços da cidade como a Praça Afonso Arinos, o Museu da Moda (MUMO), o Cine Santa Tereza e os jardins do Teatro Francisco Nunes. A programação é gratuita e inclui o ritual de defumação “Caminhos de Pachamama”; a sessão comentada do documentário “A Mãe de Todas as Lutas”, sobre as ativistas indígenas Shirley Krenak e Maria Zelzuita; uma roda de conversa sobre memória e resistência indígena em Minas; e uma confraternização de encerramento com partilhas, cantos, danças e rezas. 

As ações, organizadas pelo Comitê Mineiro de Apoio à Causa Indígena (CMACI), fazem parte da programação do Circuito Municipal de Cultura, realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte e pelo Instituto Odeon. O Comitê Mineiro de Apoio a Causas Indígenas é uma rede formada por indígenas e não indígenas, sem fins lucrativos e sem apoios governamentais. O Comitê está constantemente se mobilizando para diversas causas, como apoiar artesãos indígenas, ajudar no fortalecimento de aldeias que sofreram ataques, movimentos de retomada ou famílias indígenas que estão sofrendo com o impacto da pandemia. 

O evento reúne povos indígenas que vivem na capital mineira e na Região Metropolitana - tais como os Pataxó e os Pataxó Hahãhãe da Aldeia Naô Xohã, localizada em São Joaquim de Bicas; os Xukuru Kariri da Aldeia Arapoã Kakyá, de Brumadinho; os Kamakã Mongoió, da Aldeia Kamakã Mongoió, também de Brumadinho; os Krenak do Leste de Minas; e os Aranã do Vale do Jequitinhonha. Participam das ações, ainda, representantes dos povos andinos Aymara e Quechua. Também estarão presentes, entre os convidados, representantes dos povos Kambiwá, de Pernambuco; Manxinery, do Acre; Tikuna, Tukano e Kambeba, do Amazonas.

Para a Secretária Municipal de Cultura de Belo Horizonte, Eliane Parreiras, o evento destaca a riqueza e a multiplicidade das culturas indígenas. “A 'Semana dos Povos Indígenas' é um acontecimento importante na cidade tanto pelo valor simbólico e pela reunião dos diferentes povos, quanto pela excelência da programação. É uma ação da Prefeitura que reforça a importância dos povos originários, seus saberes, tradições e a relação dos mesmos com a contemporaneidade. Com essa realização, pretendemos contribuir para a  promoção da cultura indígena por meio da arte e da cultura, ocupando diferentes espaços públicos no Centro da cidade”. 

A Presidente da Fundação Municipal de Cultura, Luciana Féres, celebra a realização da "Semana dos Povos Indígenas" e ressalta que o encontro é um acontecimento especial para a cidade. "O evento vai ao encontro das políticas de cultura do município relacionadas ao patrimônio cultural. O público poderá desfrutar de uma programação especialmente elaborada e construída a várias mãos, que se configura como uma ferramenta potente para fortalecer e destacar os saberes e as manifestações desses diversos povos que estarão presentes na programação”, afirma. 

Programação 

Na quinta-feira, 26/1, a Praça Afonso Arinos recebe a abertura da “Semana dos Povos Indígenas” com “Caminhos de Pachamama”, ritual de defumação, limpeza e canto e celebração da Mãe Terra (Pachamama). O encontro reúne os povos Kambiwá, Aranã, Pataxó, Pataxó Ha hã hãe, Kamakã Mongoió, Xukuru kariri e os Povos Andinos, Aymara e Quechua via Comitê Mineiro de Apoio às Causas Indígenas. A ação acontece entre 10h e 12h, na Feira Abya Yala - localizada na Praça Afonso Arinos e reconhecida como a primeira feira indígena e imigrante de BH. Idealizado em 2002 pelo Comitê Mineiro de Apoio às Causa Indígena (CMACI), o espaço conta com 14 barracas de artes indígenas e duas de gastronomia. 

Neste importante ambiente de visibilidade às tradições indígenas, de encontros e de geração de renda, representantes dos povos Kambiwá, Aranã, Pataxó e Kamakã Mongoió, além dos andinos Aymara e Quechua, se reunirão durante o ritual para celebrar a diversidade, a ancestralidade e a espiritualidade. Após esse potente ato de defumação, limpeza e canto, articulado por meio da CMACI, a ação segue com a feira expositiva, cujo horário será estendido até às 17h.

No dia 27/1, o Museu da Moda (MUMO) recebe apresentações culturais, doação de trajes indígenas, cantoria sagrada e um desfile de moda. Além disso, vários povos presentes em BH e na Região Metropolitana se reúnem para duas rodas de conversa na “Semana dos Povos Indígenas”. A ação começa às 16h, com a defumação da entrada do Museu, e continua às 17h, com a entrega de duas vestimentas de origem indígena ao acervo do MUMO. Às 18h é a vez da roda de conversa “Memórias de resistência Indígena de Minas Gerais” e, às 19h30, o Museu recebe um desfile de moda dirigido por Daru Tikuna e Juliana Pataxó, com apresentação de Lara Manxireny. A programação acaba às 20h30, com a roda de conversa “Para além de Pindoretá, também somos Abya Yala”. 

As conversas - que terão interpretação em libras - buscam refletir sobre a liberdade de circulação dos povos indígenas em todo o território do continente, bem como os principais desafios e potenciais dessas migrações. Vale ressaltar que a escolha do MUMO para a realização da atividade foi celebrada pelos indígenas de BH, que vêm construindo uma recente relação com o espaço - cujo acervo ganhará duas vestimentas de origem indígena. "Em conversa com a diretoria do Museu, ficamos sabendo que só havia peças de origem ocidental, com influência europeia, como vestidos de gala e roupas de festa. Então, entendemos que era hora de demarcar o Museu com a presença indígena", afirma Avelin Kambiwá, professora, socióloga e coordenadora da CMACI. "Um dos trajes é um poncho, que tem a ver com a presença dos povos indígenas dos Andes na cidade; o outro é utilizado pela maioria dos povos indígenas brasileiros, principalmente do Nordeste, e conta com um cocar de penas naturais, uma saiota feita de palha caruá e um top tradicional", conta.

No sábado, 28/1, às 19h, o Cine Santa Tereza recebe a sessão comentada do filme “A Mãe de Todas as Lutas”, de Susanna Lira. A exibição conta com os comentários da ativista, jornalista e escritora indígena Shirley Krenak, uma das protagonistas participantes do documentário. “A Mãe de Todas as Lutas” acompanha a trajetória de Shirley e de Maria Zelzuita, mulheres que estão à frente da luta pela terra no Brasil. Natural do Leste de Minas, Shirley carrega a missão de honrar a sabedoria das Guerreiras Krenak do estado; já Zelzuita é uma das sobreviventes do Massacre do Eldorado dos Carajás, no Pará. Formada em Jornalismo e Publicidade e Propaganda, a comentarista Shirley Djukurnã Krenak atua na defesa dos direitos indígenas e dos rios contra a mineração, e traz na bagagem dois livros publicados: “A Onça Protetora” e “Cartilha Krenak”. 

Fechando a programação, no domingo (29), nos jardins do Teatro Francisco Nunes, o encontro de encerramento reúne representantes de vários povos com partilhas, cantos, danças e rezos. A ação encerra o evento convocando indígenas e passantes a celebrarem existências e resistências, a dançar e cantar juntos. 

Sobre o Circuito Municipal de Cultura

Projeto estratégico da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, o Circuito Municipal de Cultura tem como objetivo promover a descentralização e a democratização do acesso a uma ampla programação artístico-cultural, atendendo a todas as regionais, valorizando e fomentando a produção cultural local dos diversos territórios da cidade. O Circuito Municipal de Cultura oferece programação contínua, em diversos formatos, a partir de ações descentralizadas nas nove regionais da PBH. São realizados shows, espetáculos cênicos, intervenções urbanas, exibição de filmes e mostras temáticas, além de atividades de reflexão e formação.

Lançado em dezembro de 2019, o Circuito Municipal de Cultura mantém o compromisso de oferecer programação cultural plural, com atrações gratuitas para todas as faixas etárias, destacando a produção local em todos os seus territórios e manifestações. Ao longo destes anos, o Circuito já realizou 628 apresentações nos espaços públicos das nove regionais da cidade, alcançando um público de mais de 700 mil pessoas, e contou com a participação de mais de 3.700 trabalhadores, entre artistas, Mestres da cultura popular, produtores e técnicos, reforçando seu importante papel de fomento, principalmente no período da pandemia de Covid-19.

No ano de 2022, o Circuito realizou 145 ações, com público estimado em 25 mil pessoas. Foram mais de 400 artistas envolvidos nesse período e aproximadamente 500 agentes da cadeia produtiva contratados, com maior destaque para artistas e fornecedores de Belo Horizonte e Região Metropolitana.

Serviço | Circuito Municipal de Cultura

“Semana dos Povos Indígenas” 

Quando. De 26 a 29 de janeiro de 2023
Onde. Ações na Praça Afonso Arinos (Exposição Abya Yala), no Museu da Moda (MUMO), no Cine Santa Tereza e na Feira Hippie
Quanto. Atividades gratuitas e abertas ao público
Mais. Confira a programação completa