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Semana de Escuta revela o que alunos adolescentes esperam da escola
Acervo EM Eleonora Pieruccetti

Semana de Escuta revela o que alunos adolescentes esperam da escola

criado em - atualizado em

Adolescentes da rede municipal de Belo Horizonte compartilharam percepções e sugestões em escuta feita pela Secretaria Municipal de Educação (Smed) com 15 mil estudantes dos anos finais do ensino fundamental. A ação mobilizou escolas de todas as regionais e apontou que 86% estão satisfeitos (total ou parcialmente) no ambiente escolar e 86,1% consideram a escola um local seguro.

Segundo a pesquisa, 85% dos entrevistados avaliam o ambiente escolar como apropriado para o aprendizado. A relação com os profissionais da educação também foi destacada: 87% disseram que se sentem respeitados e valorizados pelos professores. A iniciativa fez parte da Semana de Escuta das Adolescências, com o objetivo de entender como os estudantes se sentem no ambiente escolar e o que desejam para melhorar a aprendizagem e a convivência.

Os alunos responderam um questionário on-line sobre convivência, clima escolar e metodologias de ensino. Para facilitar a participação, as unidades fixaram cartazes com QR Code e organizaram atividades de apoio conduzidas por gestores, coordenadores e professores.

Resultados

Entre os temas mais citados pelos estudantes, convivência e aprendizado aparecem de forma central. Os jovens destacaram a importância de atividades práticas, como aulas com projetos, trabalhos em grupo e visitas externas. Também pediram mais tecnologia na rotina escolar e práticas esportivas. Em relação à convivência, sugeriram a realização de jogos, competições e iniciativas voltadas à qualidade de vida na escola.

A iniciativa foi bem recebida pela comunidade escolar. “Foi a oportunidade para que os alunos pudessem falar o que acham da escola, se têm alguma crítica ou sugestão”, disse a aluna do 8º ano da Escola Municipal Pedro Aleixo, Sofia Laura de Souza. “A escuta ajuda os professores a entenderem onde os alunos querem chegar com os estudos. Ajuda, também, a evitar confusões entre professores e os alunos”, destacou Hélio Gomes Barbosa, educando do 6º ano na Escola Municipal Mestre Ataíde.

Próximos passos

Com base nas respostas dos estudantes, a Smed prepara uma série de encaminhamentos estratégicos para as escolas, como a criação de um calendário anual de eventos esportivos; a promoção de projetos de produção de conteúdo digital; a criação de laboratórios de aprendizagem ativa (onde os alunos possam experimentar, construir e resolver problemas reais); e a estimulação da gestão democrática, com assembleias escolares, grêmios estudantis e comissões de convivência.

Para consolidar as sugestões dos adolescentes na prática escolar, as Diretorias Regionais de Educação vão debater as percepções dos estudantes sobre si mesmos, os colegas, o ambiente e o clima escolar, além da relação com a aprendizagem. Depois, participarão de um planejamento coletivo que resultará em propostas estratégicas para 2026. Essas propostas serão avaliadas pela Subsecretaria de Gestão Pedagógica, que irá transformá-las em um documento orientador para as práticas do próximo ano.

Capacidade crítica

A pesquisa mostra que a escuta dos adolescentes no espaço escolar vai além do diálogo individual e se conecta a debates atuais sobre educação, saúde mental e protagonismo juvenil. Ao considerar os jovens como sujeitos de direitos e produtores de saberes, a prática contribui para currículos mais democráticos e participativos. Também reforça o papel da escola na promoção da saúde mental ao legitimar relatos sobre estresse e ansiedade, e fortalece o protagonismo juvenil, ao estimular a cidadania e a capacidade crítica dos estudantes.

A Semana de Escuta integra o programa federal Escola das Adolescências, do Ministério da Educação - em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação de Minas Gerais (Undime) -, do qual Belo Horizonte passou a fazer parte em 2025.